São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

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Em dólar, Bolsa sobe mais de 1.000% no governo Lula

Desde 2003, Bovespa tem 2ª maior alta no continente, turbinada pelo real forte

Ações de empresas do setor de commodities lideram altas, com a Vale subindo 1.900% no período, diz estudo da Economática

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O investidor em ações, ainda mais o estrangeiro, não tem do que se queixar do governo Lula. Nos quatro anos e dez meses do governo, a Bolsa de Valores de São Paulo sofreu uma valorização em dólar de 1.074,4 %.
Foi a segunda maior alta do continente americano. Só ficou abaixo da Bolsa do Peru, que subiu 1.735% no período.
Já em real, a valorização da Bolsa de São Paulo no período do governo Lula foi menor, de 479,7%. Em comparação aos outros países do continente americano, também usando como referência as suas moedas locais, o Ibovespa ficou em terceiro lugar, abaixo das Bolsas da Colômbia (560,8% de alta) e, de novo, do Peru (1.458,7%).
Os dados constam de trabalho inédito elaborado pela empresa de consultoria Economática para comparar o desempenho da Bolsa brasileira em relação a de outros países do continente americano.
As Bolsas dos Estados Unidos (Nasdaq e os índices S&P 500 e Dow Jones da Bolsa de Nova York) foram as que renderam menos no período avaliado pela consultoria.

Queda do dólar
O alto índice da Bolsa brasileira nos últimos cinco anos sofreu, evidentemente, os efeitos da desvalorização do dólar no governo Lula.
Segundo estudo da própria Economática, o Brasil, no governo do presidente petista, foi o país no qual a moeda norte-americana sofreu a maior desvalorização entre oito países analisados da América Latina.
A desvalorização do dólar nesses quatro anos e dez meses foi de 50,64%. Em 2007, até outubro, o dólar já derreteu 18,43% em relação ao real, a maior perda acumulada num ano na história do país.
Apesar de os índices da Bolsa em dólar sofrerem esse efeito da desvalorização da moeda norte-americana, são nesses números, no entanto, que os investidores estrangeiros se baseiam para tomar decisões do que fazer com o dinheiro.

Investidor externo
Os investidores de fora têm sido os maiores responsáveis por essa alta da Bolsa. A desvalorização do dólar e a queda dos juros nos Estados Unidos contribuem para essa procura por investimentos em mercados de risco de países emergentes, e o Brasil é um dos principais destinos desse dinheiro.
O economista Einar Rivero, da Economática, atribui essa valorização de mais de 1.000 % em dólar da Bolsa brasileira nos cinco anos do governo Lula muito mais a fatores externos do que a internos. Para ele, o aquecimento da economia mundial teve um papel preponderante nesses resultados da Bolsa até agora.
Os investidores, principalmente os de fora, se sentiram atraídos a aplicar em ações de empresas brasileiras com a perspectiva de obterem maiores ganhos principalmente com as exportadoras de commodities. Tanto que a ação da Vale do Rio Doce, por exemplo, subiu, em dólar, 1.900% no governo Lula, e a da Petrobras, 1.400%, acima, portanto, do Ibovespa. Só esses dois papéis responderam por uma boa parte da valorização da Bolsa nesses quase cinco anos.
Outro efeito que não deve ser desconsiderado é o fato de os três anos antes de 2003, quando Lula tomou posse, a Bolsa acumulou quedas expressivas. Em 2000, o tombo foi de 18,3%; em 2001, de 25%; e em 2002, de 45,5%.
O governo de Fernando Henrique Cardoso foi sacudido por diversas crises internacionais que prejudicaram o desempenho do mercado de capitais brasileiro.
A última crise do governo anterior foi a de 2002, quando a Bolsa caiu em dólar 45,5%. Foi provocada pelo temor do mercado de uma vitória, que acabou se confirmando, do então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde então, a Bolsa acumula altas expressivas: 141,3% em 2003; 28,2% em 2004; 44,8% em 2005; 45,5% em 2006; e 80% até outubro deste ano.


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