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Em dólar, Bolsa sobe mais de 1.000% no governo Lula
Desde 2003, Bovespa tem 2ª maior alta no continente, turbinada pelo real forte
Ações de empresas do setor de commodities lideram altas, com a Vale subindo 1.900% no período, diz estudo da Economática
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O investidor em ações, ainda
mais o estrangeiro, não tem do
que se queixar do governo Lula.
Nos quatro anos e dez meses do
governo, a Bolsa de Valores de
São Paulo sofreu uma valorização em dólar de 1.074,4 %.
Foi a segunda maior alta do
continente americano. Só ficou
abaixo da Bolsa do Peru, que
subiu 1.735% no período.
Já em real, a valorização da
Bolsa de São Paulo no período
do governo Lula foi menor, de
479,7%. Em comparação aos
outros países do continente
americano, também usando como referência as suas moedas
locais, o Ibovespa ficou em terceiro lugar, abaixo das Bolsas
da Colômbia (560,8% de alta) e,
de novo, do Peru (1.458,7%).
Os dados constam de trabalho inédito elaborado pela empresa de consultoria Economática para comparar o desempenho da Bolsa brasileira em relação a de outros países do continente americano.
As Bolsas dos Estados Unidos (Nasdaq e os índices S&P
500 e Dow Jones da Bolsa de
Nova York) foram as que renderam menos no período avaliado pela consultoria.
Queda do dólar
O alto índice da Bolsa brasileira nos últimos cinco anos sofreu, evidentemente, os efeitos
da desvalorização do dólar no
governo Lula.
Segundo estudo da própria
Economática, o Brasil, no governo do presidente petista, foi
o país no qual a moeda norte-americana sofreu a maior desvalorização entre oito países
analisados da América Latina.
A desvalorização do dólar
nesses quatro anos e dez meses
foi de 50,64%. Em 2007, até outubro, o dólar já derreteu
18,43% em relação ao real, a
maior perda acumulada num
ano na história do país.
Apesar de os índices da Bolsa
em dólar sofrerem esse efeito
da desvalorização da moeda
norte-americana, são nesses
números, no entanto, que os investidores estrangeiros se baseiam para tomar decisões do
que fazer com o dinheiro.
Investidor externo
Os investidores de fora têm
sido os maiores responsáveis
por essa alta da Bolsa. A desvalorização do dólar e a queda dos
juros nos Estados Unidos contribuem para essa procura por
investimentos em mercados de
risco de países emergentes, e o
Brasil é um dos principais destinos desse dinheiro.
O economista Einar Rivero,
da Economática, atribui essa
valorização de mais de 1.000 %
em dólar da Bolsa brasileira nos
cinco anos do governo Lula
muito mais a fatores externos
do que a internos. Para ele, o
aquecimento da economia
mundial teve um papel preponderante nesses resultados da
Bolsa até agora.
Os investidores, principalmente os de fora, se sentiram
atraídos a aplicar em ações de
empresas brasileiras com a
perspectiva de obterem maiores ganhos principalmente
com as exportadoras de commodities. Tanto que a ação da
Vale do Rio Doce, por exemplo,
subiu, em dólar, 1.900% no governo Lula, e a da Petrobras,
1.400%, acima, portanto, do
Ibovespa. Só esses dois papéis
responderam por uma boa parte da valorização da Bolsa nesses quase cinco anos.
Outro efeito que não deve ser
desconsiderado é o fato de os
três anos antes de 2003, quando Lula tomou posse, a Bolsa
acumulou quedas expressivas.
Em 2000, o tombo foi de 18,3%;
em 2001, de 25%; e em 2002, de
45,5%.
O governo de Fernando Henrique Cardoso foi sacudido por
diversas crises internacionais
que prejudicaram o desempenho do mercado de capitais
brasileiro.
A última crise do governo anterior foi a de 2002, quando a
Bolsa caiu em dólar 45,5%. Foi
provocada pelo temor do mercado de uma vitória, que acabou se confirmando, do então
candidato petista Luiz Inácio
Lula da Silva.
Desde então, a Bolsa acumula altas expressivas: 141,3% em
2003; 28,2% em 2004; 44,8%
em 2005; 45,5% em 2006; e
80% até outubro deste ano.
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