São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

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Fatores externos e a política econômica explicam boa fase

DO COLUNISTA DA FOLHA

Apesar dos ventos favoráveis de fora, dos efeitos da desvalorização do dólar e da queda do mercado de ações nos três anos anteriores à posse de Lula, em 2003, analistas ouvidos pela Folha afirmam que a política econômica adotada pelo governo foi fundamental para explicar a valorização de 1.000 % da Bolsa brasileira nos últimos quatro anos e dez meses.
O grande teste da Bolsa foi neste ano, na crise do mercado imobiliário dos EUA. Muitos analistas apostaram que a Bovespa demoraria a recuperar o vigor do período imediatamente anterior aos dias de turbulência. Ela não só se recuperou num prazo mais rápido do que se previa como foram retomados os lançamentos de ações.
O lançamento da própria Bovespa holding pode ser considerado um marco nessa recuperação. O volume de R$ 6,6 bilhões no lançamento das ações da Bovespa foi o maior da história na América Latina e o 15º do mundo neste ano.
O próximo lançamento, também muito aguardado pelo mercado, é o da BM&F.
Para Nuno Câmara, economista-sênior para a América Latina do Dresdner Kleinwort Wasserstein, em Nova York, o governo Lula optou pelo pragmatismo na economia, e foi isso que fez os investidores estrangeiros confiarem no país.
"O partido pregou uma coisa na campanha, mas ao assumir o governo mostrou-se extremamente pragmático", diz Câmara. "As pessoas se dão conta quando estão navegando um barco ou pilotando avião que precisam adotar políticas responsáveis para sobreviver. Por isso, o governo optou pela ortodoxia na economia. Só isso pode levar o governo à reeleição."
Os economistas concordam que, nesses cinco anos de Lula, o mundo viveu um dos momentos de maior abundância de liquidez, e o Brasil foi dos beneficiados. Mas, dizem, não fosse a adoção de uma política privilegiando a estabilidade de preços, o estrangeiro não teria investido tanto na Bovespa.
"Um dos pontos positivos do governo Lula foi não ter mudado a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso", diz Celso Boin Júnior, chefe da área de análise da Link Corretora.

Capital nacional
Há outros motivos que explicam essa alta da Bolsa brasileira. Além dos investidores estrangeiros, o capital nacional também tem procurado mais aplicações de maior risco com a estabilidade da economia e a falta de opções de obter maiores ganhos nos mercados de renda fixa.
Os juros para aplicações caíram bastante nos últimos anos e se tornaram pouco atrativos para investidores acostumados a obter ganhos mais expressivos com as suas aplicações na renda fixa.
Outra razão também importante que deve ser considerada fundamental para entender esse momento do mercado de ações no país foi o próprio avanço das regras de governança corporativa da Bolsa de Valores, com a criação do Novo Mercado na Bovespa, que tem como objetivo listar empresas comprometidas com práticas diferenciadas de boa governança corporativa.
Isso obrigou as empresas a cumprirem mais exigências, com o objetivo de torná-las mais transparentes para seus acionistas. (GB)


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