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Fatores externos e a política econômica explicam boa fase
DO COLUNISTA DA FOLHA
Apesar dos ventos favoráveis
de fora, dos efeitos da desvalorização do dólar e da queda do
mercado de ações nos três anos
anteriores à posse de Lula, em
2003, analistas ouvidos pela
Folha afirmam que a política
econômica adotada pelo governo foi fundamental para explicar a valorização de 1.000 % da
Bolsa brasileira nos últimos
quatro anos e dez meses.
O grande teste da Bolsa foi
neste ano, na crise do mercado
imobiliário dos EUA. Muitos
analistas apostaram que a Bovespa demoraria a recuperar o
vigor do período imediatamente anterior aos dias de turbulência. Ela não só se recuperou
num prazo mais rápido do que
se previa como foram retomados os lançamentos de ações.
O lançamento da própria Bovespa holding pode ser considerado um marco nessa recuperação. O volume de R$ 6,6 bilhões no lançamento das ações
da Bovespa foi o maior da história na América Latina e o 15º
do mundo neste ano.
O próximo lançamento, também muito aguardado pelo
mercado, é o da BM&F.
Para Nuno Câmara, economista-sênior para a América
Latina do Dresdner Kleinwort
Wasserstein, em Nova York, o
governo Lula optou pelo pragmatismo na economia, e foi isso que fez os investidores estrangeiros confiarem no país.
"O partido pregou uma coisa
na campanha, mas ao assumir
o governo mostrou-se extremamente pragmático", diz Câmara. "As pessoas se dão conta
quando estão navegando um
barco ou pilotando avião que
precisam adotar políticas responsáveis para sobreviver. Por
isso, o governo optou pela ortodoxia na economia. Só isso pode levar o governo à reeleição."
Os economistas concordam
que, nesses cinco anos de Lula,
o mundo viveu um dos momentos de maior abundância
de liquidez, e o Brasil foi dos
beneficiados. Mas, dizem, não
fosse a adoção de uma política
privilegiando a estabilidade de
preços, o estrangeiro não teria
investido tanto na Bovespa.
"Um dos pontos positivos do
governo Lula foi não ter mudado a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso", diz Celso Boin Júnior,
chefe da área de análise da Link
Corretora.
Capital nacional
Há outros motivos que explicam essa alta da Bolsa brasileira. Além dos investidores estrangeiros, o capital nacional
também tem procurado mais
aplicações de maior risco com a
estabilidade da economia e a
falta de opções de obter maiores ganhos nos mercados de
renda fixa.
Os juros para aplicações caíram bastante nos últimos anos
e se tornaram pouco atrativos
para investidores acostumados
a obter ganhos mais expressivos com as suas aplicações na
renda fixa.
Outra razão também importante que deve ser considerada
fundamental para entender esse momento do mercado de
ações no país foi o próprio
avanço das regras de governança corporativa da Bolsa de Valores, com a criação do Novo
Mercado na Bovespa, que tem
como objetivo listar empresas
comprometidas com práticas
diferenciadas de boa governança corporativa.
Isso obrigou as empresas a
cumprirem mais exigências,
com o objetivo de torná-las
mais transparentes para seus
acionistas.
(GB)
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