São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

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Emissões já superam o recorde de 2006

Valor registrado em 2007 é 11% superior ao de todo o ano passado; mercado de capitais tem o melhor período da história

Com o lançamento de ações, debêntures e outros papéis, empresas conseguiram captar R$ 138,64 bilhões no período de janeiro a outubro

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A dois meses de 2007 se encerrar, o resultado obtido até o momento pelo mercado de capitais brasileiro já se firmou como o melhor da história. O volume de emissões de papéis (como ações e debêntures) registrado neste ano já superou em quase 11% o recorde anterior, os R$ 124,96 bilhões computados em 2006.
A retomada do mercado acionário garantiu ao lançamento de ações a liderança no ano. Considerando os IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) e as ofertas de novos papéis na Bolsa de empresas que já eram listadas em pregão, foram lançados R$ 53,36 bilhões.
A segunda categoria que mais registrou captação foram as debêntures, com R$ 40,27 bilhões. As debêntures são títulos que representam uma dívida de uma empresa, pagando uma taxa de juros para quem os adquire. Para as empresas, emitir uma debênture pode ser mais barato do que pegar dinheiro emprestado em um banco.
As empresas necessitam de recursos para financiar seus projetos, como expansão de seu parque industrial e novos produtos, ou mesmo quitar dívidas antigas. Para isso, podem recorrer ao tradicional crédito bancário ou emitir títulos no mercado de capitais.
Os dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) mostram que neste ano as empresas brasileiras já levantaram R$ 138,64 bilhões no mercado.
"Estamos retomando um ciclo que já existiu no Brasil. Na década de 90 houve uma piora, com muitas empresas deixando de emitir e outras fechando capital na Bolsa de Valores. Mas pelo menos desde 2004 temos visto uma retomada, com cada vez mais empresas indo ao mercado de capitais para buscar recursos", avalia Pedro Paulo Silveira, economista da Gradual Corretora.
Além de ações e debêntures, há outras opções para as companhias levantarem recursos no mercado. Uma que tem crescido muito são os FIDCs (Fundos de Investimento em Direito Creditório).
Os FIDCs são compostos a partir de créditos futuros que uma empresa têm direito a receber. A empresa pega esses créditos e monta um fundo, pagando uma taxa de juros para quem aceita correr o risco representado por esses papéis. As empresas já levantaram R$ 9 bilhões por esse meio em 2007.
Silveira afirma que a "maior estabilidade econômica do país" tem sido fundamental para a expansão do mercado de capitais, pois as empresas podem se planejar melhor na hora de fazerem dívidas ou assumirem compromissos futuros.
A expansão do mercado não aparece apenas no crescimento do volume de papéis emitidos, mas também no número de operações concluídas.
Neste ano, já foram fechadas 451 operações -contra 449 de 2006 e 357 de 2005.
Além das operações já registradas, outras 124 estão em análise pela CVM, que podem resultar em um montante superior a R$ 20 bilhões. A CVM costuma levar algumas semanas para avaliar os pedidos de ofertas realizados pelas companhias. Assim, boa parte desse volume em análise pode ser liberado ainda em 2007.

Ano das ações
Um dos destaques deste ano tem sido os IPOs. No começo da semana passada, já chegava a 59 as empresas que estrearam suas ações no pregão em 2007 -de longe o melhor resultado em mais de uma década.
Dentre as estreantes, o grande destaque ficou com as ações da própria Bovespa.
A Bolsa de Valores de São Paulo, que até pouco era uma empresa sem fins lucrativos, abriu seu capital, criou a Bovespa Holding para controlá-la e lançou suas ações em pregão.
O IPO da Bovespa Holding movimentou R$ 6,6 bilhões, o maior volume financeiro já alcançado em uma abertura de capital. A próxima a entrar no pregão será a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).


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