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Emissões já superam o recorde de 2006
Valor registrado em 2007 é 11% superior ao de todo o ano passado; mercado de capitais tem o melhor período da história
Com o lançamento de ações, debêntures e outros papéis, empresas conseguiram captar R$ 138,64 bilhões no período de janeiro a outubro
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A dois meses de 2007 se encerrar, o resultado obtido até o
momento pelo mercado de capitais brasileiro já se firmou como o melhor da história. O volume de emissões de papéis
(como ações e debêntures) registrado neste ano já superou
em quase 11% o recorde anterior, os R$ 124,96 bilhões computados em 2006.
A retomada do mercado acionário garantiu ao lançamento
de ações a liderança no ano.
Considerando os IPOs (oferta
inicial de ações, na sigla em inglês) e as ofertas de novos papéis na Bolsa de empresas que
já eram listadas em pregão, foram lançados R$ 53,36 bilhões.
A segunda categoria que mais
registrou captação foram as debêntures, com R$ 40,27 bilhões. As debêntures são títulos
que representam uma dívida de
uma empresa, pagando uma taxa de juros para quem os adquire. Para as empresas, emitir
uma debênture pode ser mais
barato do que pegar dinheiro
emprestado em um banco.
As empresas necessitam de
recursos para financiar seus
projetos, como expansão de seu
parque industrial e novos produtos, ou mesmo quitar dívidas
antigas. Para isso, podem recorrer ao tradicional crédito
bancário ou emitir títulos no
mercado de capitais.
Os dados da CVM (Comissão
de Valores Mobiliários) mostram que neste ano as empresas brasileiras já levantaram R$
138,64 bilhões no mercado.
"Estamos retomando um ciclo que já existiu no Brasil. Na
década de 90 houve uma piora,
com muitas empresas deixando de emitir e outras fechando
capital na Bolsa de Valores.
Mas pelo menos desde 2004 temos visto uma retomada, com
cada vez mais empresas indo ao
mercado de capitais para buscar recursos", avalia Pedro
Paulo Silveira, economista da
Gradual Corretora.
Além de ações e debêntures,
há outras opções para as companhias levantarem recursos
no mercado. Uma que tem
crescido muito são os FIDCs
(Fundos de Investimento em
Direito Creditório).
Os FIDCs são compostos a
partir de créditos futuros que
uma empresa têm direito a receber. A empresa pega esses
créditos e monta um fundo, pagando uma taxa de juros para
quem aceita correr o risco representado por esses papéis. As
empresas já levantaram R$ 9
bilhões por esse meio em 2007.
Silveira afirma que a "maior
estabilidade econômica do
país" tem sido fundamental para a expansão do mercado de
capitais, pois as empresas podem se planejar melhor na hora
de fazerem dívidas ou assumirem compromissos futuros.
A expansão do mercado não
aparece apenas no crescimento
do volume de papéis emitidos,
mas também no número de
operações concluídas.
Neste ano, já foram fechadas
451 operações -contra 449 de
2006 e 357 de 2005.
Além das operações já registradas, outras 124 estão em
análise pela CVM, que podem
resultar em um montante superior a R$ 20 bilhões. A CVM
costuma levar algumas semanas para avaliar os pedidos de
ofertas realizados pelas companhias. Assim, boa parte desse
volume em análise pode ser liberado ainda em 2007.
Ano das ações
Um dos destaques deste ano
tem sido os IPOs. No começo
da semana passada, já chegava
a 59 as empresas que estrearam
suas ações no pregão em 2007
-de longe o melhor resultado
em mais de uma década.
Dentre as estreantes, o grande destaque ficou com as ações
da própria Bovespa.
A Bolsa de Valores de São
Paulo, que até pouco era uma
empresa sem fins lucrativos,
abriu seu capital, criou a Bovespa Holding para controlá-la e
lançou suas ações em pregão.
O IPO da Bovespa Holding
movimentou R$ 6,6 bilhões, o
maior volume financeiro já alcançado em uma abertura de
capital. A próxima a entrar no
pregão será a BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros).
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