JANAINA LAGE
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Com a escassez de crédito no mercado para as empresas, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, afirmou ontem que o banco deverá desembolsar mais de R$ 85 bilhões neste ano. O montante se refere ao valor do orçamento, que já havia sido revisto em razão da forte procura por empréstimos.
Os desembolsos de R$ 85 bilhões representam um aumento de 30% em relação ao ano passado. No primeiro semestre de 2008, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o apoio à reestruturação societária da Oi impulsionaram o resultado. Agora, a falta de crédito em bancos privados aumentou a busca por recursos do banco.
Os R$ 85 bilhões seriam suficientes para fazer 33 operações como a que permite a fusão da Oi com a Brasil Telecom, no valor de R$ 2,569 bilhões.
Segundo Coutinho, o banco divulgará na próxima semana os desembolsos até outubro, e os números mostram que a demanda continua aquecida.
"Estamos mantendo um desembolso firme. Provavelmente, a gente ultrapassará, dado esse momento que não era esperado e que está nos cobrando maior ativismo, os R$ 85 bilhões de desembolso", disse, após um encontro de entidades de crédito especializadas no médio e longo prazo da América Latina e da Europa.
Coutinho disse que os bancos de desenvolvimento devem ser agressivos para evitar que as economias em desenvolvimento sejam afetadas pela crise. Os efeitos no Brasil, afirmou, deverão ser maiores no primeiro trimestre de 2009, o que exige respostas rápidas.
Ele evitou comentar a linha de capital de giro em elaboração no banco. Esse instrumento, disse, depende de "funding". "A gente espera que o setor privado volte a agir mais rapidamente e que nos dispense de ter que fazer esse esforço", disse.


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