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MERCADO
Diferença entre os indicadores de vulnerabilidade estava em 279 pontos há um mês e recuou para 195 nesta semana
Riscos de Brasil e emergentes se aproximam
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
O risco Brasil, indicador de vulnerabilidade medido pelo banco
JP Morgan, se aproxima da média
de risco dos demais emergentes- excluídos o próprio Brasil e
a Argentina.
A distância entre o risco verificado por investidores para aplicar
no Brasil e a mediana dos demais
países emergentes estava em 279
pontos há um mês. Com a valorização dos títulos brasileiros no
exterior, verificada ao longo desta
semana, a diferença chegou a recuar para 195 pontos. Esse grau de
proximidade não era observado
desde maio de 2001.
O novo cenário parece refletir o
clima de entusiasmo que a economia brasileira tem gerado no mercado. Segundo analistas ouvidos
pela Folha, a expectativa é que o
risco Brasil se aproxime cada vez
dos demais emergentes e possa
ser emparelhado com a média dos
demais países- excetuando-se a
Argentina- dentro de um ano.
A Argentina está fora do cálculo
porque entrou em moratória em
dezembro de 2001 e seu risco disparou -o que distorce o cálculo
médio.
Para Brad Jerome, do EmergingPortfolio.com, site especializado em mercados emergentes, é
sensato acreditar numa convergência das trajetórias dos riscos
do Brasil e dos países emergentes.
A queda do risco Brasil pode ser
atribuída a uma gama de fatores.
Um dos principais é a combinação de ajuste fiscal e balança comercial superavitária.
"Trata-se um fato inédito na
história recente do Brasil e não se
deve menosprezar o efeito desta
situação", diz relatório divulgado
pelo Bradesco ontem.
Na avaliação do banco, essas
notícias têm sido recebidas com
"euforia" pelo mercado e esse otimismo tem se refletido no recuo
dos níveis do risco-país.
Paulo Vieira da Cunha, economista-chefe para a América Latina do HSBC em Nova York, corrobora essa visão. "O Brasil conseguiu fazer um ajuste externo
positivo. A taxa de câmbio está
num patamar mais competitivo e
já houve o tempo necessário para
o país se ajustar a ela. Esses ajustes
melhoram a percepção do mercado a respeito da vulnerabilidade
externa do Brasil", afirmou.
O estudo do Bradesco destaca
ainda que a perspectiva de um
crescimento maior em 2004 aliado à inflação em queda reforçam
o prognóstico do risco-país.
Um panorama bastante diferente do auge da desconfiança dos
mercados com relação ao Brasil.
Em julho de 2002, o risco brasileiro era 294% superior à média dos
demais emergentes.
Ao lado da melhora no cenário
macroeconômico também estão
fatores conjunturais mais favoráveis. "Em 2002, havia muita turbulência com relação às incertezas da eleição no Brasil e um quadro geral de aversão ao risco. Neste ano, temos uma melhora também do comércio internacional e
um maior apetite pelo risco", disse o economista do HSBC.
Um entrave para uma queda
ainda maior do risco, segundo
analistas, é a alta relação dívida/
PIB (Produto Interno Bruto), que,
em outubro, estava em 57,2%.
"Esse componente é o maior peso. A relação ainda é bastante alta
e está se ajustando muito lentamente", disse Cunha.
Confirmadas as previsões de
crescimento do PIB entre 3,5% e
4% para 2004 (como estima o governo), esse descompasso poderia ser suavizado.
Nota melhor
Por enquanto, porém, o problema torna mais difícil a esperada
elevação das notas concedidas pelas agências de risco. Nesta semana, a Standard & Poor's afirmou
que a queda do risco-país e a melhora da economia brasileira ainda não eram os elementos necessários para uma elevação imediata. A agência foi enfática ao afirmar que um risco-país mais baixo
não se traduz, necessariamente,
em avaliações melhores.
Uma elevação da classificação
do "rating" brasileiro, entretanto,
daria um fôlego para uma queda
mais acentuada do risco Brasil, dizem os analistas.
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