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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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Projeções do Ipea pioram para 2003, mas melhoram para o próximo ano

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplica), órgão do Ministério do Planejamento, reviu para cima as previsões dos principais indicadores econômicos de 2004. Já a maioria das projeções para 2003 piorou, se comparadas com as feitas em setembro.
Para 2004, o Ipea prevê um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,6% -0,1 ponto percentual maior do que a estimativa anterior. A projeção de 2003 foi revista de 0,5% para 0,2%.
A expansão do crédito, propiciada pela redução dos juros, será o principal motor do crescimento em 2004, segundo o Ipea. Resultará no aumento do consumo das famílias (que deve subir 4,9%) e dos investimentos (alta de 6,5%).
Por setores, o destaque será a indústria, que terá, segundo a projeção, um crescimento de 4,2%. A estimativa de setembro era mais modesta: 3,7%. Para 2003, a projeção também melhorou: de -0,7% para 0,4%.
Apesar da revisão para baixo, Paulo Levy, coordenador do Grupo de Acompanhamento de Conjuntura do Ipea, disse que "o fundo do poço já ficou para trás". "A economia está numa trajetória de recuperação relativamente forte."
Na avaliação dele, o país precisou neste ano fazer o maior ajuste externo desde a crise da dívida da década de 80, o que obrigou o governo a apertar as políticas monetária (juros altos) e fiscal (corte de gastos). Naquela época, o PIB chegou a cair 6,5% de 1981 a 1983.
O aperto é a causa mais importante para o fraco desempenho do PIB em 2003. Os mesmo motivos que devem explicar o crescimento em 2004 justificam as revisões para baixo do PIB em 2004: consumo e investimento.
O Ipea previa uma retração de 2,1% no consumo das famílias em setembro -o percentual passou para -3,6% em dezembro. Já o indicador de investimentos, que apontava queda de 4,6%, projeta agora um declínio de 7% em 2003.
Para Levy, existem entraves para o crescimento nos próximos anos. Um deles é a falta de poupança interna. Uma das saídas, aponta, é ampliar o déficit em transações correntes, atraindo mais poupança externa. "O Brasil necessita de mais poupança para crescer. E déficits pequenos e controlados não são ruins. Pelo contrário, podem propiciar o crescimento."
Para 2004, o Ipea prevê um déficit corrente (diferença entre todas as transações de bens e serviços do Brasil com o resto do mundo) de US$ 3,9 bilhões -neste ano, a projeção é de superávit de US$ 2,4 bilhões.
Um dos motivos é o menor saldo comercial que o Brasil deve alcançar em 2004, pois as exportações já aumentaram muito em 2002 e 2003. A previsão é de um saldo US$ 4,6 bilhões menor em 2004, na comparação com 2003.

Trabalho
Segundo Lauro Ramos, economista do Ipea, o mercado de trabalho já vive uma recuperação, ainda que embrionária. A ocupação tem crescido e, para 2004, ele crê em um aumento de 3% a 4% do rendimento do trabalhador.
Há duas causas para a expansão: dissídios mais altos do que a inflação prevista para 2004 e redução dos índices no fim do ano.


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