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Projeções do Ipea pioram para 2003,
mas melhoram para o próximo ano
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplica), órgão do Ministério do Planejamento, reviu
para cima as previsões dos principais indicadores econômicos de
2004. Já a maioria das projeções
para 2003 piorou, se comparadas
com as feitas em setembro.
Para 2004, o Ipea prevê um crescimento do PIB (Produto Interno
Bruto) de 3,6% -0,1 ponto percentual maior do que a estimativa
anterior. A projeção de 2003 foi
revista de 0,5% para 0,2%.
A expansão do crédito, propiciada pela redução dos juros, será
o principal motor do crescimento
em 2004, segundo o Ipea. Resultará no aumento do consumo das
famílias (que deve subir 4,9%) e
dos investimentos (alta de 6,5%).
Por setores, o destaque será a indústria, que terá, segundo a projeção, um crescimento de 4,2%. A
estimativa de setembro era mais
modesta: 3,7%. Para 2003, a projeção também melhorou: de
-0,7% para 0,4%.
Apesar da revisão para baixo,
Paulo Levy, coordenador do Grupo de Acompanhamento de Conjuntura do Ipea, disse que "o fundo do poço já ficou para trás". "A
economia está numa trajetória de
recuperação relativamente forte."
Na avaliação dele, o país precisou neste ano fazer o maior ajuste
externo desde a crise da dívida da
década de 80, o que obrigou o governo a apertar as políticas monetária (juros altos) e fiscal (corte de
gastos). Naquela época, o PIB
chegou a cair 6,5% de 1981 a 1983.
O aperto é a causa mais importante para o fraco desempenho do
PIB em 2003. Os mesmo motivos
que devem explicar o crescimento
em 2004 justificam as revisões para baixo do PIB em 2004: consumo e investimento.
O Ipea previa uma retração de
2,1% no consumo das famílias em
setembro -o percentual passou
para -3,6% em dezembro. Já o indicador de investimentos, que
apontava queda de 4,6%, projeta
agora um declínio de 7% em 2003.
Para Levy, existem entraves para o crescimento nos próximos
anos. Um deles é a falta de poupança interna. Uma das saídas,
aponta, é ampliar o déficit em
transações correntes, atraindo
mais poupança externa. "O Brasil
necessita de mais poupança para
crescer. E déficits pequenos e controlados não são ruins. Pelo contrário, podem propiciar o crescimento."
Para 2004, o Ipea prevê um déficit corrente (diferença entre todas
as transações de bens e serviços
do Brasil com o resto do mundo)
de US$ 3,9 bilhões -neste ano, a
projeção é de superávit de US$ 2,4
bilhões.
Um dos motivos é o menor saldo comercial que o Brasil deve alcançar em 2004, pois as exportações já aumentaram muito em
2002 e 2003. A previsão é de um
saldo US$ 4,6 bilhões menor em
2004, na comparação com 2003.
Trabalho
Segundo Lauro Ramos, economista do Ipea, o mercado de trabalho já vive uma recuperação,
ainda que embrionária. A ocupação tem crescido e, para 2004, ele
crê em um aumento de 3% a 4%
do rendimento do trabalhador.
Há duas causas para a expansão: dissídios mais altos do que a
inflação prevista para 2004 e redução dos índices no fim do ano.
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