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Brasil ainda não reconhece status da China
Três anos após assinar memorando de entendimento, país não reconheceu asiáticos como uma economia de mercado
Para que memorando, assinado em novembro de 2004, vigore internamente, falta a aprovação de portaria pela Camex
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três anos depois de assinar
um memorando de entendimento, o Brasil ainda não reconheceu de fato a República Popular da China como uma economia de mercado. Embora a
versão oficial brasileira ressalte
pendências burocráticas entre
os motivos para a demora, nos
bastidores trava-se uma disputa econômica e sobram cobranças de ambos os lados.
Ontem, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, admitiu que
"talvez tenha havido um pouco
de arrefecimento" na relação
entre os dois países. "Temos de
estar mais presentes, os chineses gostam disso. Cabe aos empresários dar continuidade às
negociações", afirmou.
Em 12 de novembro de 2004,
o Brasil assinou um memorando de entendimento com a China comprometendo-se a conceder o status de economia de
mercado ao país asiático. Para
que esse memorando entre em
vigor internamente, ainda falta
a aprovação de uma portaria
pela Camex (Câmara de Comércio Exterior).
Esse documento, no entanto,
é apenas a margem visível do
problema. Segundo apurou a
Folha, o baixo ritmo de investimentos no Brasil, a lentidão em
aprovar condições sanitárias de
frigoríficos brasileiros e a
maior cooperação nas áreas siderúrgica, infra-estrutura e
energia são os verdadeiros motivos pelos quais o reconhecimento do status ainda não foi
implementado internamente.
Procurado pela reportagem,
o Ministério do Desenvolvimento informou que a Camex
ainda não aprovou a portaria
necessária. A Embaixada da
China confirmou a pendência.
Para Pequim, o maior problema hoje é falta de divulgação e
de programas de incentivo tributário e fiscal para a instalação de fábricas chinesas em território brasileiro.
"O governo brasileiro poderia fazer mais para atrair investimentos chineses", reclamou
Xie Huidong, da seção de Economia e Comércio, da embaixada.
A Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos), vinculada ao governo
brasileiro, anunciou que abrirá
um escritório em Pequim no
início do ano que vem, para
atender aos pedidos chineses.
Um aspecto peculiar da demora brasileira são as críticas
recebidas pelo presidente Lula
em 2004, quando Brasil e China assinaram o memorando.
Na ocasião, especialistas previram a importação em massa de
produtos chineses. Também
assinalaram dificuldades para o
Brasil vencer disputas comerciais com a China.
O país asiático vem ampliando sua participação na balança
comercial brasileira, com clara
vantagem para os chineses. Somente no primeiro mandato de
Lula, enquanto as vendas para a
China cresceram 85,34%, a importação de produtos do país
comunista aumentou 272,03%.
Para completar, os chineses
devem obter superávit comercial com o Brasil em 2007, algo
que não acontecia desde 2000.
Enquanto não se resolve a
implementação interna do status da China, o país segue reconhecido como economia planificada pelo Brasil. Como resultado, os exportadores brasileiros têm situação mais favorável
do que os exportadores chineses em casos de disputa sobre
comércio exterior.
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