São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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Com oscilação do câmbio, indústrias perdem referência para planejamento

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A forte oscilação da taxa de câmbio está dificultando a formação de preços e o planejamento das indústrias para a compra e a venda de produtos.
"Os empresários estão atordoados com essa variação tão brusca do câmbio. Não sabem que dólar usar para comprar e vender", afirma Julio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
A volatilidade do câmbio, segundo ele, também dá a sensação de que o Brasil foi muito afetado pela crise financeira internacional, o que não é bom para as empresas e para o país.
"Também difunde a idéia errada de que existe perigo inflacionário e que, por isso, as taxas de juros devem ser elevadas."
Os empresários começam a rever listas de preços e "tem início forte desgaste nas negociações entre fornecedores, indústrias e lojistas", afirma Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Se a taxa de câmbio ficar nos níveis atuais, ao redor de R$ 2,50, diz, "certamente haverá aumentos de preços, não já, mas no ano que vem".
Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria), diz que, apesar de a taxa de câmbio estar favorável às exportações, o mercado externo compra menos. "O mundo está em crise e, enquanto o mercado externo não voltar a ser comprador, a vantagem competitiva do dólar não se materializa."
Quando a desvalorização do real acontece de forma gradativa, as empresas têm condições de fazer planejamento, na avaliação de Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. "Mas, quando ocorre de forma tão brusca, traz instabilidade aos negócios. O maior problema que as empresas vão enfrentar é com a reposição de estoque após a venda no Natal."
Quanto mais previsível a taxa de câmbio, segundo ele, maior a confiança dos empresários nos seus negócios e na economia. É por conta da forte oscilação do câmbio, avalia, que pesquisas com empresários mostram cautela em relação a vendas e investimentos para 2009.
Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação que reúne a indústria eletroeletrônica, diz que devido à oscilação do dólar as indústrias estão evitando fechar negócios neste mês. "Neste momento as indústrias estão vendendo os seus estoques."


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