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Com oscilação do câmbio, indústrias perdem referência para planejamento
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A forte oscilação da taxa de
câmbio está dificultando a formação de preços e o planejamento das indústrias para a
compra e a venda de produtos.
"Os empresários estão atordoados com essa variação tão
brusca do câmbio. Não sabem
que dólar usar para comprar e
vender", afirma Julio Gomes de
Almeida, consultor do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
A volatilidade do câmbio, segundo ele, também dá a sensação de que o Brasil foi muito
afetado pela crise financeira internacional, o que não é bom
para as empresas e para o país.
"Também difunde a idéia errada de que existe perigo inflacionário e que, por isso, as taxas
de juros devem ser elevadas."
Os empresários começam a
rever listas de preços e "tem
início forte desgaste nas negociações entre fornecedores, indústrias e lojistas", afirma
Humberto Barbato, presidente
da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Se a taxa de câmbio ficar nos níveis atuais, ao redor
de R$ 2,50, diz, "certamente
haverá aumentos de preços,
não já, mas no ano que vem".
Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política
Econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria),
diz que, apesar de a taxa de
câmbio estar favorável às exportações, o mercado externo
compra menos. "O mundo está
em crise e, enquanto o mercado
externo não voltar a ser comprador, a vantagem competitiva do dólar não se materializa."
Quando a desvalorização do
real acontece de forma gradativa, as empresas têm condições
de fazer planejamento, na avaliação de Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
"Mas, quando ocorre de forma
tão brusca, traz instabilidade
aos negócios. O maior problema que as empresas vão enfrentar é com a reposição de estoque após a venda no Natal."
Quanto mais previsível a taxa
de câmbio, segundo ele, maior a
confiança dos empresários nos
seus negócios e na economia. É
por conta da forte oscilação do
câmbio, avalia, que pesquisas
com empresários mostram
cautela em relação a vendas e
investimentos para 2009.
Lourival Kiçula, presidente
da Eletros, associação que reúne a indústria eletroeletrônica,
diz que devido à oscilação do
dólar as indústrias estão evitando fechar negócios neste
mês. "Neste momento as indústrias estão vendendo os
seus estoques."
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