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Com queda na produção, montadoras já demitem
Para Lula, compra do carro está mais difícil porque financeiras reduziram os prazos
Produção de veículos caiu 28,6% em novembro em relação ao mesmo período de 2007; montadoras têm 305 mil unidades nos pátios
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Início de demissões, acúmulo de 305 mil veículos parados
nos pátios por conta da queda
nas vendas internas e freio na
produção. Esse é o quadro com
que a indústria automotiva se
depara agora, depois de passar
a maior parte do ano batendo
recordes de desempenho.
Em novembro, mês marcado
pelo anúncio de férias coletivas, as montadoras produziram
28,6% menos veículos (entre
automóveis, caminhões e ônibus) do que no mesmo mês de
2007 -foram fabricadas 195
mil unidades no mês passado.
As vendas no mercado doméstico e externo também apresentaram queda de dois dígitos
-25% e 18,8%, respectivamente. Em outubro, o setor já havia
registrado retração, embora
mais modesta.
Redução no nível de crédito,
maior dificuldade na venda de
carros usados -que serve de
entrada para o veículo novo- e
perda de confiança do consumidor na economia, associados
à crise global, são os fatores
apontados pelo presidente da
Anfavea (associação das montadoras), Jackson Schneider,
para explicar o tombo no setor.
"Foi uma freada muito forte
a partir de outubro. Podemos
considerar que o ano, para nós,
foi até setembro. Depois o quadro virou outro", disse Schneider, referindo-se aos resultados do setor nos nove primeiros meses do ano -que devem
garantir que 2008 seja recorde
de vendas e de produção.
No mês passado, pela primeira vez no ano, o nível de empregos caiu na indústria -480 vagas foram perdidas. "Em última
análise, quem faz o emprego é o
consumidor. As vendas precisam ser reativadas para a produção continuar."
A injeção de R$ 4 bilhões do
Banco do Brasil e outros R$ 4
bilhões da Nossa Caixa nas financeiras das montadoras para
aliviar o crédito no mercado
automotivo fez pouco até aqui
para reaquecer as vendas. Segundo Schneider, metade do
montante oferecido pelo BB já
foi liberada, mas os recursos da
Nossa Caixa não chegaram na
ponta. Ainda assim, diz, já é
possível sentir alguma melhora
no mercado, especialmente nos
primeiros dias deste mês.
Com os resultados de outubro e de novembro, a Anfavea
decidiu revisar pela primeira
vez as projeções de desempenho para 2008. A entidade prevê agora que o mercado interno
deverá absorver 2,815 milhões
de veículos, contra 3,060 milhões na projeção anterior, o
que representará acréscimo de
14,3% em relação a 2007. A expectativa de produção caiu de
3,425 milhões para 3,240 milhões -8,8% de alta.
Lula culpa financeiras
No Rio, o presidente Lula
disse que, apesar de o governo
ter oferecido mais crédito para
os bancos das montadoras, está
mais difícil comprar carro no
país. Lula culpou essas financeiras que, segundo ele, encurtaram os prazos diante da crise.
"Quando nós disponibilizamos dinheiro para as financiadoras das empresas automobilísticas venderem carro, o que
aconteceu? Aumentou a entrada do carro de 20% para 30%,
diminui o número de prestações, de 70, 72, para 36. Ou seja,
ao invés de se facilitar, se dificultou a compra do carro."
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