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Mundo terá recessão até o fim de 2009, diz UBS
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
"O mundo afunda mais na recessão, que dura até o final de
2009, e a recuperação, depois
disso, vai ser lenta." Essa é uma
das conclusões do relatório global do suíço UBS Wealth Management com projeções para
2009, divulgado no Brasil com
exclusividade para a Folha.
Mercados emergentes também não escapam de uma desaceleração prolongada. O banco
estima que o Brasil cresça 2,8%
no ano que vem, porém acima
da projeção mundial, de 2%.
"Quase todos os países desenvolvidos entram em recessão", diz Juliana Braga, estrategista do banco. O relatório do
ano passado já dizia que 2008
seria um ano ruim, mas que
2009 seria melhor. Não será, ao
menos antes do final do ano.
É hora de investir em Bolsa?
"Ativos estão desvalorizados,
têm valor, mas pode ser cedo
para comprar, principalmente
em emergentes", afirma a estrategista do UBS. "A hora é de
agir com cautela e de só assumir riscos bem calculados."
Leia destaques da entrevista:
BRASIL
Crescer 2,8% é relativamente
bom. Os indicadores vão piorar,
haverá algum momento de inadimplência. Com certeza, haverá aumento do desemprego,
embora moderado; teremos
uma piora na conta corrente.
As commodities caíram muito,
houve a alta do dólar.
Nossa recomendação é que
os investidores no Brasil permaneçam mais alocados em
ativos conservadores ligados ao
CDI, pós-fixados, sejam eles títulos públicos, sejam um CDB
indexado ao CDI.
Dentro do mercado latino-americano, provavelmente, o
mercado brasileiro é o que está
mais barato relativamente.
Tem empresas saudáveis, uma
economia que, provavelmente,
ainda tem uma dinâmica melhor que a mexicana e a chilena,
tem ativos baratos, mesmo. Em
termos de valor, caiu muito,
mas os riscos são enormes.
Quando você pondera pelo risco, a gente acha que ainda não é
o momento de começar a aumentar a exposição à Bolsa.
CENÁRIO
Tem uma boa chance de que
as notícias ainda piorem, de
que se materialize um cenário
pior. A liquidação de ativos
emergentes, incluindo os brasileiros, vai continuar. Ainda há
muita indefinição com relação
à liquidez, à aversão ao risco, às
decisões do governo Obama.
Boa parte do temor com a recessão global já está bem precificada pelos mercados globais.
Mas, num horizonte longo,
ações de mercados desenvolvidos estão particularmente
atraentes, o que não significa
que esteja na hora de comprar.
Isso vale também para o Brasil.
REAL
Houve uma mudança de percepção de risco em relação a
emergentes. O carregamento
da moeda não vale mais a pena
para o estrangeiro. As forças
que atuam hoje são de aversão a
risco, há o déficit em conta corrente e o dólar está mais forte.
O dólar deve voltar a cair no final de 2009 ante o euro. O real
pode se valorizar em relação à
moeda americana, mas não ante outras divisas.
LIQUIDEZ
O dinheiro continua caro e
escasso, mas está fluindo mais.
No Brasil, a remuneração dos
CDBs, que está muito alta, mas
já esteve mais ainda, é sinal de
que a necessidade de dinheiro
dos bancos está caindo.
DESEMPREGO
O mercado de trabalho vinha
melhorando, houve aumento
de renda real. Nos Estados Unidos, o emprego foi o último a
sofrer. Mas, com certeza, será
afetado aqui também.
COMMODITIES
Subiram e caíram exageradamente. Não voltam ao patamar
de junho. Metais básicos, como
minério de ferro, níquel, cobre
e zinco, vão sofrer mais. Petróleo, a longo prazo, deve subir.
Não é sustentável abaixo de
US$ 63. As commodities agrícolas já começaram a subir e
vão sofrer menos que os metais.
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