São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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Mundo terá recessão até o fim de 2009, diz UBS

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

"O mundo afunda mais na recessão, que dura até o final de 2009, e a recuperação, depois disso, vai ser lenta." Essa é uma das conclusões do relatório global do suíço UBS Wealth Management com projeções para 2009, divulgado no Brasil com exclusividade para a Folha.
Mercados emergentes também não escapam de uma desaceleração prolongada. O banco estima que o Brasil cresça 2,8% no ano que vem, porém acima da projeção mundial, de 2%.
"Quase todos os países desenvolvidos entram em recessão", diz Juliana Braga, estrategista do banco. O relatório do ano passado já dizia que 2008 seria um ano ruim, mas que 2009 seria melhor. Não será, ao menos antes do final do ano.
É hora de investir em Bolsa?
"Ativos estão desvalorizados, têm valor, mas pode ser cedo para comprar, principalmente em emergentes", afirma a estrategista do UBS. "A hora é de agir com cautela e de só assumir riscos bem calculados."
Leia destaques da entrevista:

BRASIL
Crescer 2,8% é relativamente bom. Os indicadores vão piorar, haverá algum momento de inadimplência. Com certeza, haverá aumento do desemprego, embora moderado; teremos uma piora na conta corrente. As commodities caíram muito, houve a alta do dólar.
Nossa recomendação é que os investidores no Brasil permaneçam mais alocados em ativos conservadores ligados ao CDI, pós-fixados, sejam eles títulos públicos, sejam um CDB indexado ao CDI.
Dentro do mercado latino-americano, provavelmente, o mercado brasileiro é o que está mais barato relativamente. Tem empresas saudáveis, uma economia que, provavelmente, ainda tem uma dinâmica melhor que a mexicana e a chilena, tem ativos baratos, mesmo. Em termos de valor, caiu muito, mas os riscos são enormes. Quando você pondera pelo risco, a gente acha que ainda não é o momento de começar a aumentar a exposição à Bolsa.

CENÁRIO
Tem uma boa chance de que as notícias ainda piorem, de que se materialize um cenário pior. A liquidação de ativos emergentes, incluindo os brasileiros, vai continuar. Ainda há muita indefinição com relação à liquidez, à aversão ao risco, às decisões do governo Obama.
Boa parte do temor com a recessão global já está bem precificada pelos mercados globais. Mas, num horizonte longo, ações de mercados desenvolvidos estão particularmente atraentes, o que não significa que esteja na hora de comprar. Isso vale também para o Brasil.

REAL
Houve uma mudança de percepção de risco em relação a emergentes. O carregamento da moeda não vale mais a pena para o estrangeiro. As forças que atuam hoje são de aversão a risco, há o déficit em conta corrente e o dólar está mais forte. O dólar deve voltar a cair no final de 2009 ante o euro. O real pode se valorizar em relação à moeda americana, mas não ante outras divisas.

LIQUIDEZ
O dinheiro continua caro e escasso, mas está fluindo mais.
No Brasil, a remuneração dos CDBs, que está muito alta, mas já esteve mais ainda, é sinal de que a necessidade de dinheiro dos bancos está caindo.

DESEMPREGO
O mercado de trabalho vinha melhorando, houve aumento de renda real. Nos Estados Unidos, o emprego foi o último a sofrer. Mas, com certeza, será afetado aqui também.

COMMODITIES
Subiram e caíram exageradamente. Não voltam ao patamar de junho. Metais básicos, como minério de ferro, níquel, cobre e zinco, vão sofrer mais. Petróleo, a longo prazo, deve subir. Não é sustentável abaixo de US$ 63. As commodities agrícolas já começaram a subir e vão sofrer menos que os metais.


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