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BCE faz corte recorde no juro; França lança plano de R$ 80 bi
Novas medidas tentam reanimar economia da Europa, onde boa parte dos países vive recessão
No Reino Unido, taxa de juro caiu para 2%, o patamar mais baixo desde 1951; Sarkozy anuncia recursos para montadoras e obras
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Em mais um esforço para reduzir os efeitos da crise econômica que já empurrou boa parte do continente para a recessão, quatro bancos centrais da
Europa anunciaram ontem
cortes significativos em suas
taxas de juros.
As sombrias perspectivas
econômicas para os próximos
meses levaram o BCE (Banco
Central Europeu) a um corte de
0,75 ponto percentual, o maior
de seus dez anos de história. No
Reino Unido, a redução foi ainda maior, de 3% para 2%, o patamar mais baixo desde 1951.
Dinamarca e Suécia seguiram o
mesmo caminho.
Mas, com a seqüência de cortes de juros nos países desenvolvidos iniciada em outubro
tendo pouco efeito para reabilitar o crescimento, muitos economistas avaliam que os BCs
começam a ficar sem munição.
"A necessidade de cortes
substanciais nas taxas de juros
mostra que a política monetária não está mais tendo o mesmo impacto que normalmente
tinha", admitiu ontem o BC
sueco, que reduziu os juros no
país quase pela metade -de
3,75% para 2%.
Pacote francês
Pensando nisso e sem ter
controle sobre os juros, a França revelou um pacote de estímulo econômico de 26 bilhões (R$ 80 bilhões), o equivalente a 1,3% do PIB (Produto
Interno Bruto) do país. O plano
inclui 1 bilhão em empréstimos para a indústria automotiva e também 5 bilhões para
obras de infra-estrutura.
"Nossa resposta a esta crise é
mais investimentos", disse o
presidente Nicolas Sarkozy sobre o plano, que prevê ainda
11,5 bilhões em crédito e isenções fiscais para o setor privado no próximo ano.
O geralmente contido presidente do BCE, Jean-Claude
Trichet, admitiu que a crise deve ser prolongada e confirmou
que a economia da zona do euro em 2009 sofrerá a sua primeira retração desde 1993.
"A demanda global e na região do euro deve ser amortecida por um longo período", disse Trichet, pouco após anunciar a queda dos juros na região
para 2,5%.
Analistas esperavam uma redução entre 0,5 e 0,75 ponto
percentual. Com a opção pelo
corte maior, aumenta a expectativa de que em 2009 os juros
na zona do euro fiquem abaixo
de 2% pela primeira desde
2005. Foi o terceiro corte consecutivo das taxas do BCE.
Embora tenha sido antecipada e recomendada pelo mercado financeiro, a decisão anunciada ontem por Trichet reforça o temor de que a economia
européia provavelmente só começará a recuperar o fôlego em
meados de 2010. Esta é uma
unanimidade entre os organismos internacionais, que projetam crescimento negativo na
zona do euro no próximo ano,
com taxas para o PIB que variam de -0,1% a -1%.
Para o Banco Central britânico, está claro que a desaceleração dos últimos meses ficou
mais acentuada, o que aumenta
a pressão para que as taxas de
juros caiam ainda mais. "O
consumo e o investimento no
setor de negócios se estagnaram, enquanto os negócios no
setor imobiliário continuam
em declínio", disse o banco em
um comunicado.
Na Suécia, cuja economia se
aproximou da recessão ao encolher 0,1% no terceiro trimestre, o BC decidiu partir para
uma medida drástica, ao cortar
os juros em 1,75 ponto percentual, para 2%. A agressiva intervenção no vizinho fez o corte
de juros de 0,75 ponto na Dinamarca, para 4,25%, parecer
modesto.
No início do ano, a economia
dinamarquesa foi a primeira da
Europa a entrar em recessão,
com dois trimestres seguidos
de retração, para logo em seguida sair do vermelho.
Com agências internacionais
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