São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Ação foi rápida e surpreendeu o mercado

Diferentemente do que ocorreu na operação que uniu Itaú e Unibanco, desta vez, uma butique de fusões, Estater, e advogados entraram em cena cerca de dois meses antes do anúncio do que as partes chamam de "acordo de associação" entre Casas Bahia e Pão de Açúcar.
Cerca de dez pessoas vararam noites em reuniões na Estater e em casas de integrantes do grupo de dez pessoas, entre executivos e membros das famílias, que participavam das negociações, muitas delas com Abilio Diniz e Michael Klein.
Todas as comunicações eram codificadas e não citavam empresas e pessoas. Profissionais que assessoraram a operação avaliam que, dado o porte das empresas, toda a transação ocorreu em tempo recorde.
Os advogados Syllas Tozzini e Darcy Teixeira Júnior, sócios do escritório de advocacia TozziniFreire, já haviam trabalhado tanto para as Casas Bahia quanto para o Pão de Açúcar e seu sócio francês Casino.
A gigantesca rede que emerge une operações das Casas Bahia com as do Extra Eletro e o Ponto Frio, adquirido recentemente pelo Pão de Açúcar.

"Ainda tem tudo para fazer. Agora começa o jogo: unificar todas as operações"
DARCY TEIXEIRA JUNIOR
sócio do escritório TozziniFreire

Klein e Diniz somente deixaram o escritório às 6h30

"Às 6h30, quando a faxineira chegou, não entendeu nada. O escritório estava cheio, em polvorosa. Ela pensou que estava atrasada."
Assim foi fechado o contrato entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, segundo conta Pércio de Souza, sócio e fundador da Estater, que estruturou o negócio. Por volta das 23h da quinta-feira, Souza conseguiu reunir Abilio Diniz, que estava a caminho de Paris, e Michael Klein para antecipar a assinatura, porque as ações da Globex haviam disparado. A reunião se estendeu pela madrugada. "Abilio e Michael saíram às 6h30."
Sem café, tranquilo e rápido, é assim que Souza avalia o fechamento do negócio. "As conversas começaram há 90 dias, mas em negociação mesmo foram 60. É um tempo razoável, mas é curto perto das médias."
A "caixa-preta" -como é conhecida a Casas Bahia, famosa por jamais divulgar informações financeiras- não deu trabalho. "A imagem depois de consolidada é difícil reverter. Mas não tivemos dificuldade. Conseguimos as informações com rapidez. Ao contrário do que pensam."
Souza atuou na compra do Ipiranga e da Aracruz e estruturou a proposta do Pão de Açúcar para o Ponto Frio.

"As conversas começaram há 90 dias, mas em negociação foram 60. É um tempo curto perto das médias"
PÉRCIO DE SOUZA
sócio e fundador da Estater

Continuamos buscando aquisições, diz Pão de Açúcar

Foi entre outubro e novembro do ano passado, bem no meio do pânico da crise financeira internacional, que o Grupo Pão de Açúcar montou uma equipe somente para ficar de olho nas possibilidades de fusões e compra de concorrentes.
Depois do Ponto Frio e das Casas Bahia, praticamente não sobraram grandes empresas que possam ser incorporadas -até por conta dos problemas de concentração de mercado que surgem-, mas o trabalho desse time de profissionais encarregado de expandir a companhia ainda não terminou, diz Enéas Pestana, vice-presidente executivo do grupo.
"Acho que existe um bom espaço para operações com postos de gasolina, lojas de conveniência e drogarias. Aprendemos a administrar esses negócios e conseguimos ganhar dinheiro com eles", afirma o executivo, que ajudou a comandar a reestruturação do Pão de Açúcar em 2008. Ele prevê um 2010 "fantástico" para as empresas que focam no mercado interno e frisa que a união com as Casas Bahia expressa confiança na economia do país.
Segundo Pestana, o mais cotado para ser o diretor financeiro da "Nova Globex" é Orivaldo Padilha, que ocupa o mesmo cargo no Ponto Frio.

"Acho que existe um bom espaço para operações com postos de gasolina, lojas de conveniência e drogarias"
ENÉAS PESTANA
vice-presidente do Pão de Açúcar

À VONTADE

O Grupo Santander aboliu nesta semana o uso do traje social nos seus prédios administrativos. Ternos, gravatas e tailleurs ficam reservados apenas para as reuniões com clientes, fornecedores ou agências. A medida foi adotada para que o funcionário "tenha mais liberdade e conforto na hora de se vestir", segundo comunicado do departamento de recursos humanos. Mas, a fim de evitar o uso de peças inadequadas no trabalho, como tênis e transparências, o banco colocou no seu site interno dicas para ajudar o profissional na escolha das suas roupas.

OTIMISMO 1
O nível de otimismo entre industriais americanos permaneceu estável, com 60,4 pontos em novembro, segundo estudo da Grant Thornton Chicago com 360 grandes companhias. O índice de agosto foi de 60,9.

OTIMISMO 2
O número de indústrias que pretendem contratar nos próximos seis meses aumentou para 30%, ante 26% na pesquisa anterior. As expectativas em relação ao futuro estão mais pessimistas. Só 33% acham que a economia americana sairá da crise no primeiro semestre de 2010.

ESTRADA
A Mercedes-Benz vendeu 3.620 caminhões no segmento acima de 3,5 toneladas em novembro no mercado brasileiro. No mês de outubro foram 3.625 caminhões, o melhor resultado mensal da empresa desde abril de 1981. O setor atacadista e o comércio varejista estão entre os que mais compram.

NA CHINA
O escritório Noronha Advogados, presente desde 2001 em Xangai, inaugura uma filial em Pequim. A advogada Dora Hu foi contratada para dirigir a unidade.


com JOANA CUNHA e DENYSE GODOY


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