|
Próximo Texto | Índice
Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Ação foi rápida e surpreendeu o mercado
Diferentemente do que ocorreu na operação que uniu Itaú e
Unibanco, desta vez, uma butique de fusões, Estater, e advogados entraram em cena cerca
de dois meses antes do anúncio
do que as partes chamam de
"acordo de associação" entre
Casas Bahia e Pão de Açúcar.
Cerca de dez pessoas vararam noites em reuniões na Estater e em casas de integrantes
do grupo de dez pessoas, entre
executivos e membros das famílias, que participavam das
negociações, muitas delas com
Abilio Diniz e Michael Klein.
Todas as comunicações eram
codificadas e não citavam empresas e pessoas. Profissionais
que assessoraram a operação
avaliam que, dado o porte das
empresas, toda a transação
ocorreu em tempo recorde.
Os advogados Syllas Tozzini
e Darcy Teixeira Júnior, sócios
do escritório de advocacia TozziniFreire, já haviam trabalhado tanto para as Casas Bahia
quanto para o Pão de Açúcar e
seu sócio francês Casino.
A gigantesca rede que emerge une operações das Casas Bahia com as do Extra Eletro e o
Ponto Frio, adquirido recentemente pelo Pão de Açúcar.
"Ainda tem tudo para fazer. Agora começa o jogo:
unificar todas as operações"
DARCY TEIXEIRA JUNIOR
sócio do escritório TozziniFreire
Klein e Diniz somente deixaram o escritório às 6h30
"Às 6h30, quando a faxineira
chegou, não entendeu nada. O
escritório estava cheio, em polvorosa. Ela pensou que estava
atrasada."
Assim foi fechado o contrato
entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, segundo conta Pércio de
Souza, sócio e fundador da Estater, que estruturou o negócio.
Por volta das 23h da quinta-feira, Souza conseguiu reunir Abilio Diniz, que estava a caminho
de Paris, e Michael Klein para
antecipar a assinatura, porque
as ações da Globex haviam disparado. A reunião se estendeu
pela madrugada. "Abilio e Michael saíram às 6h30."
Sem café, tranquilo e rápido,
é assim que Souza avalia o fechamento do negócio. "As conversas começaram há 90 dias,
mas em negociação mesmo foram 60. É um tempo razoável,
mas é curto perto das médias."
A "caixa-preta" -como é conhecida a Casas Bahia, famosa
por jamais divulgar informações financeiras- não deu trabalho. "A imagem depois de
consolidada é difícil reverter.
Mas não tivemos dificuldade.
Conseguimos as informações
com rapidez. Ao contrário do
que pensam."
Souza atuou na compra do
Ipiranga e da Aracruz e estruturou a proposta do Pão de
Açúcar para o Ponto Frio.
"As conversas
começaram há 90 dias,
mas em negociação
foram 60. É um tempo
curto perto das médias"
PÉRCIO DE SOUZA
sócio e fundador da Estater
Continuamos buscando aquisições, diz Pão de Açúcar
Foi entre outubro e novembro do ano passado, bem no
meio do pânico da crise financeira internacional, que o Grupo Pão de Açúcar montou uma
equipe somente para ficar de
olho nas possibilidades de fusões e compra de concorrentes.
Depois do Ponto Frio e das
Casas Bahia, praticamente não
sobraram grandes empresas
que possam ser incorporadas
-até por conta dos problemas
de concentração de mercado
que surgem-, mas o trabalho
desse time de profissionais encarregado de expandir a companhia ainda não terminou, diz
Enéas Pestana, vice-presidente
executivo do grupo.
"Acho que existe um bom espaço para operações com postos de gasolina, lojas de conveniência e drogarias. Aprendemos a administrar esses negócios e conseguimos ganhar dinheiro com eles", afirma o executivo, que ajudou a comandar
a reestruturação do Pão de
Açúcar em 2008. Ele prevê um
2010 "fantástico" para as empresas que focam no mercado
interno e frisa que a união com
as Casas Bahia expressa confiança na economia do país.
Segundo Pestana, o mais cotado para ser o diretor financeiro da "Nova Globex" é Orivaldo
Padilha, que ocupa o mesmo
cargo no Ponto Frio.
"Acho que existe um bom
espaço para operações
com postos de gasolina,
lojas de conveniência e
drogarias"
ENÉAS PESTANA
vice-presidente do Pão de Açúcar
À VONTADE
O Grupo Santander aboliu nesta semana o uso do traje
social nos seus prédios administrativos. Ternos, gravatas
e tailleurs ficam reservados apenas para as reuniões com
clientes, fornecedores ou agências. A medida foi adotada
para que o funcionário "tenha mais liberdade e conforto
na hora de se vestir", segundo comunicado do departamento de recursos humanos. Mas, a fim de evitar o uso de
peças inadequadas no trabalho, como tênis e transparências, o banco colocou no seu site interno dicas para ajudar
o profissional na escolha das suas roupas.
OTIMISMO 1
O nível de otimismo entre
industriais americanos permaneceu estável, com 60,4
pontos em novembro, segundo estudo da Grant Thornton
Chicago com 360 grandes
companhias. O índice de
agosto foi de 60,9.
OTIMISMO 2
O número de indústrias
que pretendem contratar nos
próximos seis meses aumentou para 30%, ante 26% na
pesquisa anterior. As expectativas em relação ao futuro
estão mais pessimistas. Só
33% acham que a economia
americana sairá da crise no
primeiro semestre de 2010.
ESTRADA
A Mercedes-Benz vendeu
3.620 caminhões no segmento acima de 3,5 toneladas em novembro no mercado brasileiro. No mês de outubro foram 3.625 caminhões, o melhor resultado
mensal da empresa desde
abril de 1981. O setor atacadista e o comércio varejista
estão entre os que mais
compram.
NA CHINA
O escritório Noronha Advogados, presente desde
2001 em Xangai, inaugura
uma filial em Pequim. A advogada Dora Hu foi contratada para dirigir a unidade.
com JOANA CUNHA e DENYSE GODOY
Próximo Texto: Desemprego nos EUA surpreende e cai para 10% Índice
|