São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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Desemprego nos EUA surpreende e cai para 10%

Novembro registra fechamento de 11 mil vagas, ante previsão de 125 mil

Para Obama, números são animadores, mas país ainda tem 15 mi de desempregados; quase a metade perdeu emprego nos últimos 2 anos

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A taxa de desemprego nos EUA surpreendeu positivamente e recuou para 10% em novembro, mês em que foram registradas apenas 11 mil demissões no país, o menor número em dois anos.
Uma revisão para melhor dos números de setembro e outubro também determinou a redução da taxa, que havia atingido 10,2% um mês antes.
Ainda assim, 15,4 milhões de pessoas seguem desempregadas nos EUA. Quase a metade desse total perdeu o emprego nos últimos dois anos.
A maioria dos analistas de Wall Street apostava em um total de demissões de 125 mil no mês passado.
O resultado melhor do que o esperado foi visto como mais um sinal de que a economia do país está se recuperando. E que pode estar a caminho de uma estabilidade no mercado de trabalho.
A revisão dos números de meses anteriores também contribui para essa percepção.
Em setembro, segundo o Departamento do Trabalho, os EUA perderam 139 mil empregos, e não 219 mil, como divulgado anteriormente. Em outubro, os cortes teriam se limitado a 111 mil, ante 190 mil anunciados antes.
Com as revisões, 148 mil pessoas entraram para a lista de empregados no país. Já o total de demissões em novembro correspondeu a apenas 10% do registrado em outubro.

Obama
O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou os novos números como "animadores". Mas afirmou que seu governo não pode comemorar enquanto a taxa de desemprego não for reduzida substancialmente.
Na véspera, Obama patrocinou uma "cúpula do emprego" na Casa Branca, onde exortou dezenas de empresários de grandes empresas a oferecerem ideias para melhorar o mercado de trabalho e a voltarem a contratar.
O resultado de novembro também deve diminuir substancialmente a pressão política sobre Obama. Muitos adversários republicanos vinham questionando a eficácia do pacote de estímulo fiscal de US$ 787 bilhões patrocinado pelos democratas no início do ano.
Em detalhes, os números do mercado de trabalho mostraram mais uma vez que o setor industrial, fundamental para uma recuperação sustentada, ainda é o que continua liderando os cortes de vagas. E que áreas muito dependentes de verbas estatais, as que mais vêm empregando.
O setor de saúde, por exemplo, adicionou mais 21 mil empregos em novembro. Na área de serviços, foram criadas 86 mil vagas. Já o setor industrial cortou 41 mil.
Apesar de o mercado de trabalho nos EUA estar "piorando menos", segue em um recorde de 5,9 milhões o número de pessoas que procuram emprego há 27 semanas ou mais. Isso representa 38,3% do total de desempregados.
Um resultado mais abrangente (que inclui quem procura emprego, quem teve horas de trabalho cortadas e quem deixou de procurar vagas) mostra um desemprego em novembro de 17,2%.
Alguns economistas no país acreditam que o mercado de trabalho sairá "reestruturado para baixo" da atual crise, com as empresas se valendo de menos trabalhadores e mais produtividade.
Além disso, há milhões de pessoas que perderam o contato com a realidade do mercado de trabalho e que podem acabar permanentemente desatualizadas.
A esperança é que talvez as empresas, assustadas com a dimensão da crise no final do ano passado, tenham sido agressivas demais nos cortes e sejam obrigadas a recontratar mais à frente quando a economia se acelerar.


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