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Desemprego nos EUA surpreende e cai para 10%
Novembro registra fechamento de 11 mil vagas, ante previsão de 125 mil
Para Obama, números são animadores, mas país ainda tem 15 mi de desempregados; quase a metade perdeu emprego nos últimos 2 anos
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A taxa de desemprego nos
EUA surpreendeu positivamente e recuou para 10% em
novembro, mês em que foram
registradas apenas 11 mil demissões no país, o menor número em dois anos.
Uma revisão para melhor dos
números de setembro e outubro também determinou a redução da taxa, que havia atingido 10,2% um mês antes.
Ainda assim, 15,4 milhões de
pessoas seguem desempregadas nos EUA. Quase a metade
desse total perdeu o emprego
nos últimos dois anos.
A maioria dos analistas de
Wall Street apostava em um total de demissões de 125 mil no
mês passado.
O resultado melhor do que o
esperado foi visto como mais
um sinal de que a economia do
país está se recuperando. E que
pode estar a caminho de uma
estabilidade no mercado de trabalho.
A revisão dos números de
meses anteriores também contribui para essa percepção.
Em setembro, segundo o Departamento do Trabalho, os
EUA perderam 139 mil empregos, e não 219 mil, como divulgado anteriormente. Em outubro, os cortes teriam se limitado a 111 mil, ante 190 mil anunciados antes.
Com as revisões, 148 mil pessoas entraram para a lista de
empregados no país. Já o total
de demissões em novembro
correspondeu a apenas 10% do
registrado em outubro.
Obama
O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou os novos números como "animadores". Mas afirmou que seu governo não pode comemorar enquanto a taxa de desemprego
não for reduzida substancialmente.
Na véspera, Obama patrocinou uma "cúpula do emprego"
na Casa Branca, onde exortou
dezenas de empresários de
grandes empresas a oferecerem ideias para melhorar o
mercado de trabalho e a voltarem a contratar.
O resultado de novembro
também deve diminuir substancialmente a pressão política
sobre Obama. Muitos adversários republicanos vinham questionando a eficácia do pacote
de estímulo fiscal de US$ 787
bilhões patrocinado pelos democratas no início do ano.
Em detalhes, os números do
mercado de trabalho mostraram mais uma vez que o setor
industrial, fundamental para
uma recuperação sustentada,
ainda é o que continua liderando os cortes de vagas. E que
áreas muito dependentes de
verbas estatais, as que mais
vêm empregando.
O setor de saúde, por exemplo, adicionou mais 21 mil empregos em novembro. Na área
de serviços, foram criadas 86
mil vagas. Já o setor industrial
cortou 41 mil.
Apesar de o mercado de trabalho nos EUA estar "piorando
menos", segue em um recorde
de 5,9 milhões o número de
pessoas que procuram emprego há 27 semanas ou mais. Isso
representa 38,3% do total de
desempregados.
Um resultado mais abrangente (que inclui quem procura
emprego, quem teve horas de
trabalho cortadas e quem deixou de procurar vagas) mostra
um desemprego em novembro
de 17,2%.
Alguns economistas no país
acreditam que o mercado de
trabalho sairá "reestruturado
para baixo" da atual crise, com
as empresas se valendo de menos trabalhadores e mais produtividade.
Além disso, há milhões de
pessoas que perderam o contato com a realidade do mercado
de trabalho e que podem acabar
permanentemente desatualizadas.
A esperança é que talvez as
empresas, assustadas com a dimensão da crise no final do ano
passado, tenham sido agressivas demais nos cortes e sejam
obrigadas a recontratar mais à
frente quando a economia se
acelerar.
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