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Petrobras diz que não pode garantir gás a indústrias
Estatal rejeita fechar contratos firmes, sem interrupção
de fornecimento; volumes do pré-sal são desconhecidos
Presidente da Petrobras afirma que dificuldade decorre do fato de a estatal ser obrigada a garantir
gás para as usinas térmicas
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, aproveitou ontem o encontro anual da
indústria química, em São Paulo, para dizer que não tem "boa
notícia" para o setor. A indústria química e petroquímica
aguarda a estatal para destravar
parte dos US$ 132 bilhões em
investimentos que serão necessários para atender a demanda
nacional na próxima década,
além de zerar o deficit comercial (hoje em US$ 13 bilhões).
Mesmo assim, a Petrobras
-que controla a oferta de gás
natural no Brasil- diz não ter
como disponibilizar gás natural
em volumes firmes para a indústria diante da oferta que
precisa garantir para a geração
termelétrica. "Não tenho uma
boa notícia. Não podemos nos
comprometer com a rigidez de
oferta em contratos firmes para
2016", disse Gabrielli.
Gabrielli afirmou que os investimentos da estatal preveem
a ampliação da produção de gás
nacional de 29 milhões para 72
milhões de metros cúbicos por
dia de gás natural. Além disso, a
companhia deverá elevar dos
atuais 21 milhões para 32 milhões de metros cúbicos por dia
a oferta de gás nos terminais de
GNL (Gás Natural Liquefeito).
A empresa ainda conta, até
2019, com o contrato de 30 milhões de metros cúbicos por dia
trazidos da Bolívia.
Mesmo diante desses números, a demanda de gás no Brasil
cresce a um ritmo superior. O
pré-sal, reservas sobre as quais
recaem grandes expectativas,
ainda é uma incógnita sobre a
capacidade que esses campos
terão em ofertar o combustível.
Segundo Gabrielli, o problema ainda está na falta de dados
sobre o comportamento dos reservatórios e sobre quanto gás
terá de ser reinjetado nos poços
para garantir um ritmo adequado de produção de petróleo.
Preço diferenciado
O presidente da Petrobras
negou que a estatal esteja analisando uma política de preços
diferenciada para a indústria
que consome o gás como matéria-prima, e não como insumo
energético. Segundo ele, a estatal não negocia gás diretamente
com as empresas, e sim com as
distribuidoras.
Gabrielli disse ainda que, se
as companhias estaduais de
distribuição quiserem negociar
um preço diferenciado para um
setor, é prerrogativa delas.
À Folha a diretora de gás e
energia da Petrobras, Graça
Foster, informou que discute
com distribuidoras e o conjunto da indústria química uma
proposta para a criação de uma
política de preços diferenciada
para os setores que utilizam o
gás como matéria-prima, entre
as quais a indústria de fertilizantes nitrogenados e a petroquímica, na cadeia do plástico.
A diretora informou que o
assunto ainda não havia sido
levado à diretoria da Petrobras
e que haveria critérios para
aceitar a ancoragem do preço
do gás ao preço do produto final da empresa.
Segundo ela, essa "outra formação de preços" seria possível
apenas para indústrias com
produtos com lastro em contratos e não suscetíveis a oscilações intensas de mercado.
Ontem, Gabrielli foi enfático
em dizer que isso não vai acontecer.
Outra política
A Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química)
criticou de forma sutil a posição da Petrobras.
Segundo Bernardo Grandin,
presidente do Conselho da Abiquim, o país não pode ficar à
mercê da política comercial da
Petrobras.
Ele cobrou uma política industrial para o desenvolvimento do setor. Para isso, a associação lançou uma proposta de
pacto nacional com objetivo de
traçar planos de longo prazo.
A proposta prevê investimentos de US$ 132 bilhões em
dez anos e a reversão do deficit
comercial crescente da indústria para zero até 2020. Grandin afirmou que o assunto já foi
discutido com a ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff.
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