São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

foco

Mantega pede que Krugman mantenha recursos no Brasil e diz que impedirá bolhas

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A HAMBURGO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, convidou ontem o economista Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia, a continuar investindo no Brasil.
"Fique tranquilo que não permitiremos que se crie uma bolha na economia brasileira, e ele continuará lucrando com suas aplicações nela", disse Mantega a empresários brasileiros e alemães, reunidos em Hamburgo, no norte da Alemanha, para o seminário "Brasil-Alemanha - Tempo para uma Nova Parceria Econômica".
Mantega estava se referindo à entrevista de Krugman publicada anteontem pela Folha, na qual o Nobel disse temer que o excesso de entusiasmo pela economia brasileira acabe levando à formação de uma bolha, pelo preço exagerado de ativos.
O ministro quer mais é que o entusiasmo aumente, o que foi, de resto, o eixo de seu discurso, basicamente o mesmo que fizera em outro seminário, há um mês em Londres.
Mas Mantega não esconde que o preocupa a supervalorização de um ativo, o real. Tanto que lembrou aos empresários alemães que a introdução da taxa de 2% sobre investimentos estrangeiros no Brasil, exceto os investimentos diretos, tinha a função de "moderador de apetite".
O ministro acha que está funcionando, tanto que "o dólar se mantém nas imediações de R$ 1,70 há um mês". Mas, "se não for suficiente, tomaremos mais medidas".
Para adoçar a boca dos eventuais investidores, Mantega afirmou que "há, no mundo, poucas oportunidades de alto retorno como a que o Brasil oferece".
Voltou a criticar delicadamente China e Índia, outros portentosos ímãs para investidores estrangeiros, ao lembrar que o Brasil adota "regras mais claras".
Para seduzir ainda mais o público, Mantega antecipou o número de crescimento do país no terceiro trimestre, a ser divulgado na próxima semana: "Será de 8% anualizado". O mesmo patamar é previsto para o quarto trimestre.
O presidente Lula encerrou o seminário em fala de 50 minutos no seu inconfundível estilo popular ou populista e foi o único a arrancar aplausos da sóbria plateia, pelas frases de efeito e lições de economia doméstica.


Texto Anterior: Sem licença, governo já prevê atraso de Belo Monte em 1 ano
Próximo Texto: Roberto Rodrigues: A FAO e Copenhague
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.