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Procurador vê vazamento
de informação
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Há sinais de uso no mercado de informação privilegiada sobre a compra das
Casas Bahia pelo grupo
Pão de Açúcar, afirma o
procurador da República
Sady D'Assumpção Torres, coordenador do grupo
do Ministério Público Federal que atua em conjunto com a CVM (Comissão
de Valores Mobiliários).
As ações da Globex, razão social do Ponto Frio,
fecharam com alta superior a 35% na quinta-feira,
horas antes do anúncio do
negócio. A movimentação
foi muito superior à média
diária do papel.
"Há indícios de uso de
informação privilegiada
na operação. Toda movimentação atípica, principalmente de empresas
com pouca liquidez, é uma
indicação. Estamos atentos, mas precisamos esperar e analisar", disse ele.
A CVM informou ontem
que "acompanha e analisa
as informações e notícias
relativas às companhias
abertas e adota as medidas
devidas quando necessário". Não detalhou, porém,
quais providências foram
tomadas especificamente
em relação a esse caso.
Segundo D'Assumpção,
existem "alguns casos sigilosos" investigados pelo
grupo, criado em 2007 depois da operação de compra da Ipiranga pela Petrobras, Braskem e Ultra.
Na ocasião, a valorização em 33% dos papéis da
Ipiranga levou a CVM a investigar o uso de informações privilegiadas. Operações realizadas por 26 investidores foram investigadas, um deles funcionário da Petrobras. Desses,
quatro tiveram bloqueado
o dinheiro obtido com a
venda das ações.
Outro caso cujo desfecho foi acompanhado pelo
grupo resultou na assinatura de um termo de ajustamento de conduta.
Em 2008, o fundo uruguaio Vailly pagou multa
de R$ 2,2 milhões à CVM
por ter lucrado R$ 600 mil
com a negociação de ações
da Suzano Petroquímica
antes do anúncio da compra da empresa pela Petrobras, um ano antes.
O caso de maiores consequências foi a negociação de ações da Perdigão
no mercado americano,
em 2006, dias antes de a
Sadia ter tentado comprar
o controle da concorrente.
Os ex-executivos da Sadia Luiz Gonzaga Murat
Junior e do ABN Amro
Alexandre Ponzio de Azevedo foram condenados
pela SEC, órgão que fiscaliza o mercado de capitais
americano, a pagar, juntos, multa de US$ 500 mil.
Murat e Romano Ancelmo Fontana Filho, outro
ex-executivo da Sadia, foram impedidos de atuar
como administradores de
empresas abertas por cinco anos.
A atuação dos três resultou, ainda, na primeira denúncia feita pelo Ministério Público Federal à Justiça por crime de uso de informação privilegiada, em
andamento em São Paulo.
"Na conta de lucros e
perdas, a gente tem lucro.
Criamos um fator de risco
para esse tipo de ação. As
punições e o bloqueio de
recursos ilustram o risco
que essas pessoas correm
ao insistir na prática", diz
o procurador.
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