São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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GIGANTE DO VAREJO

Consumidor pode perder com setor concentrado

Para órgãos de defesa do consumidor, pode ocorrer alta no preço dos produtos

Outro risco apontado pelos especialistas é o da precarização dos serviços e a consequente queda de qualidade do atendimento

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor poderá ser prejudicado com a união entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, se o negócio -que resulta em concentração na distribuição dos produtos- provocar alta de preços, segundo especialistas em defesa do consumidor, empresários e consultores.
"É preciso uma ação rápida do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] para assegurar que a concentração não prejudicará o consumidor", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor). "Nós queremos concorrência", diz.
A especialista afirma que, em fusões que ocorreram no varejo, não houve melhora nos preços ou na variedade de itens.
A concentração pode levar ainda à precarização dos serviços e à consequente queda de qualidade. "É o que aconteceu com o setor de telefonia", afirma Marcos Pó, assessor técnico do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). "Grandes redes [varejistas] costumam assegurar poucos fornecedores e isso cria grandes possibilidades de fecharem acordos táticos de vendas e inflarem os preços."
Na análise de Frederico Turolla, professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV, o consumidor poderá ter menos oportunidade de escolha, o que pode resultar em alta de preços.
"Pode haver uma sobreposição de redes de lojas e risco de o consumidor ficar com menos canais de compra para adquirir produtos nos pontos de venda."
Valdemir Colleone, diretor de relações com o mercado da Lojas Cem, afirma que é sempre ruim para o consumidor ter menos opções para escolha dos produtos, mas é preciso esperar para ver os reflexos da união entre as famílias Diniz e Klein.
Para Antônio Carlos Borges, diretor-executivo da Fecomercio SP, o que os consumidores desejam é que "a redução de custo com o aproveitamento das economias de escala [do negócio] seja transferida para os consumidores e que isso contribua para o alargamento do mercado e crie condições para que os pequenos e médios empresários se beneficiem".
Claudio Felisoni, presidente do conselho do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração), diz que "vai ser difícil o novo grupo de varejo elevar valores. Mesmo resultando em concentração de preços, o negócio não deve resultar em alta de preços, pois o consumidor hoje faz comparações", afirma. (PN, FF e CR)


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