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GIGANTE DO VAREJO
Consumidor pode perder com setor concentrado
Para órgãos de defesa do consumidor, pode ocorrer alta no preço dos produtos
Outro risco apontado
pelos especialistas é o da precarização dos serviços
e a consequente queda de qualidade do atendimento
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor poderá ser
prejudicado com a união entre
Pão de Açúcar e Casas Bahia, se
o negócio -que resulta em concentração na distribuição dos
produtos- provocar alta de
preços, segundo especialistas
em defesa do consumidor, empresários e consultores.
"É preciso uma ação rápida
do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]
para assegurar que a concentração não prejudicará o consumidor", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora da Pro Teste
(Associação Brasileira de Defesa do Consumidor). "Nós queremos concorrência", diz.
A especialista afirma que, em
fusões que ocorreram no varejo, não houve melhora nos preços ou na variedade de itens.
A concentração pode levar
ainda à precarização dos serviços e à consequente queda de
qualidade. "É o que aconteceu
com o setor de telefonia", afirma Marcos Pó, assessor técnico
do Idec (Instituto de Defesa do
Consumidor). "Grandes redes
[varejistas] costumam assegurar poucos fornecedores e isso
cria grandes possibilidades de
fecharem acordos táticos de
vendas e inflarem os preços."
Na análise de Frederico Turolla, professor da Escola de
Economia de São Paulo da
FGV, o consumidor poderá ter
menos oportunidade de escolha, o que pode resultar em alta
de preços.
"Pode haver uma sobreposição de redes de lojas e risco de o
consumidor ficar com menos
canais de compra para adquirir
produtos nos pontos de venda."
Valdemir Colleone, diretor
de relações com o mercado da
Lojas Cem, afirma que é sempre ruim para o consumidor ter
menos opções para escolha dos
produtos, mas é preciso esperar para ver os reflexos da união
entre as famílias Diniz e Klein.
Para Antônio Carlos Borges,
diretor-executivo da Fecomercio SP, o que os consumidores
desejam é que "a redução de
custo com o aproveitamento
das economias de escala [do negócio] seja transferida para os
consumidores e que isso contribua para o alargamento do
mercado e crie condições para
que os pequenos e médios empresários se beneficiem".
Claudio Felisoni, presidente
do conselho do Provar-FIA
(Programa de Administração
de Varejo da Fundação Instituto de Administração), diz que
"vai ser difícil o novo grupo de
varejo elevar valores. Mesmo
resultando em concentração de
preços, o negócio não deve resultar em alta de preços, pois o
consumidor hoje faz comparações", afirma.
(PN, FF e CR)
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