São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2001

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VIZINHO EM CRISE


Argentina quer antecipar a troca de títulos



JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES

A Argentina decidiu aproveitar a onda de euforia nos mercados, causada pela decisão do Fed (o banco central dos Estados Unidos) de baixar os juros, para antecipar a troca de títulos de sua dívida pública.
O governo argentino não esconde que a idéia tomou impulso depois de o Brasil ter passado por uma bem-sucedida operação para captar US$ 1,5 bilhão três dias atrás a taxas dois pontos percentuais abaixo do que obtivera anteriormente.
No caso da Argentina, a operação é distinta. Pela Carta de Intenções firmada com o FMI (Fundo Monetário Internacional), neste ano o governo deveria resgatar US$ 7 bilhões em títulos com vencimento até 2002, oferecendo aos detentores papéis com prazo maior, em sua maioria superiores a cinco anos. A vantagem dessa manobra é permitir ao país diminuir a quantidade de compromissos (pagamentos) que tem de cumprir de imediato, reduzindo também o custo do dinheiro não só para o governo como para as empresas -que precisam desembolsar este ano US$ 8 bilhões para honrar dívidas.
O governo esperaria o comportamento dos mercados no primeiro trimestre antes de iniciar as operações de troca -que se estenderiam por todo o ano.
Mas a postura do Fed disseminou entre os membros do Ministério da Economia a certeza de que as taxas de juros baixarão ainda mais nos próximos dias. E, além de antecipar as movimentações para a troca, pretendem agora aumentar o valor, de US$ 7 bilhões para US$ 9,1 bilhões (ver quadro). No total, o país deve cerca de US$ 125 bilhões.
""A decisão do Fed aumenta a chance de termos êxito porque os investidores terão mais confiança para aceitar títulos de longo prazo dos mercados emergentes", disse ontem o subsecretário de Finanças, Júlio Dreizzen.
Na terça-feira, ocorrerá a primeira licitação de Letes (títulos) no mercado interno neste ano. Serão ofertados US$ 700 milhões em papéis com vencimento de 91 e 182 dias.

Compra recomendada
A agência de investimentos Merrill Lynch, uma das três maiores dos Estados Unidos, informou ontem que está recomendando a seus clientes comprarem mais títulos da dívida externa argentina.
A mesma agência já havia afirmado que nenhum outro país da América Latina seria tão beneficiado com a queda dos juros nos EUA quanto o vizinho brasileiro.
""A Argentina é, sem dúvida, o país que deve se beneficiar mais com as taxas de juros menores em todo o mundo", informou a Merrill Lynch em um relatório.
Menores taxas de juros nos Estados Unidos, que surpreenderam baixando em meio ponto sua taxa, significam juros mais baixos para a dívida existente e custos de empréstimos menores para as nações emergentes, reduzindo o risco do país e tornando sua dívida mais atraente a investidores.
A Merrill disse que o corte nos juros reduz os custos fiscais para a Argentina em US$ 100 milhões. E os custos de empréstimo menores aumentam as chances de o país voltar aos mercados internacionais.


Com a Redação

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