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VIZINHO EM CRISE
Argentina quer antecipar a troca de títulos
JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES
A Argentina decidiu aproveitar
a onda de euforia nos mercados,
causada pela decisão do Fed (o
banco central dos Estados Unidos) de baixar os juros, para antecipar a troca de títulos de sua dívida pública.
O governo argentino não esconde que a idéia tomou impulso depois de o Brasil ter passado por
uma bem-sucedida operação para captar US$ 1,5 bilhão três dias
atrás a taxas dois pontos percentuais abaixo do que obtivera anteriormente.
No caso da Argentina, a operação é distinta. Pela Carta de Intenções firmada com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), neste
ano o governo deveria resgatar
US$ 7 bilhões em títulos com vencimento até 2002, oferecendo aos
detentores papéis com prazo
maior, em sua maioria superiores
a cinco anos. A vantagem dessa
manobra é permitir ao país diminuir a quantidade de compromissos (pagamentos) que tem de
cumprir de imediato, reduzindo
também o custo do dinheiro não
só para o governo como para as
empresas -que precisam desembolsar este ano US$ 8 bilhões
para honrar dívidas.
O governo esperaria o comportamento dos mercados no primeiro trimestre antes de iniciar as
operações de troca -que se estenderiam por todo o ano.
Mas a postura do Fed disseminou entre os membros do Ministério da Economia a certeza de
que as taxas de juros baixarão ainda mais nos próximos dias. E,
além de antecipar as movimentações para a troca, pretendem agora aumentar o valor, de US$ 7 bilhões para US$ 9,1 bilhões (ver
quadro). No total, o país deve cerca de US$ 125 bilhões.
""A decisão do Fed aumenta a
chance de termos êxito porque os
investidores terão mais confiança
para aceitar títulos de longo prazo
dos mercados emergentes", disse
ontem o subsecretário de Finanças, Júlio Dreizzen.
Na terça-feira, ocorrerá a primeira licitação de Letes (títulos)
no mercado interno neste ano.
Serão ofertados US$ 700 milhões
em papéis com vencimento de 91
e 182 dias.
Compra recomendada
A agência de investimentos
Merrill Lynch, uma das três maiores dos Estados Unidos, informou
ontem que está recomendando a
seus clientes comprarem mais títulos da dívida externa argentina.
A mesma agência já havia afirmado que nenhum outro país da
América Latina seria tão beneficiado com a queda dos juros nos
EUA quanto o vizinho brasileiro.
""A Argentina é, sem dúvida, o
país que deve se beneficiar mais
com as taxas de juros menores em
todo o mundo", informou a Merrill Lynch em um relatório.
Menores taxas de juros nos Estados Unidos, que surpreenderam baixando em meio ponto sua
taxa, significam juros mais baixos
para a dívida existente e custos de
empréstimos menores para as nações emergentes, reduzindo o risco do país e tornando sua dívida
mais atraente a investidores.
A Merrill disse que o corte nos
juros reduz os custos fiscais para a
Argentina em US$ 100 milhões. E
os custos de empréstimo menores
aumentam as chances de o país
voltar aos mercados internacionais.
Com a Redação
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