São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Possibilidade de ataque norte-americano ao Iraque concentra as atenções na primeira semana do ano

Investidor fica de olho na ameaça de guerra

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os mercados aguardam definições de cenários e oscilam entre um certo otimismo e cautela.
A possibilidade de os Estados Unidos atacarem o Iraque e, no plano interno, as nomeações para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, os índices de inflação, além de eventuais sinalizações da condução da política econômica e de negociações do governo com partidos de oposição concentram as atenções.
Para a maioria dos analistas, devido ao baixo volume financeiro negociado na Bovespa (média de R$ 300 milhões) ainda não há tendência positiva consistente, apesar da melhora dos ativos neste início de ano.
"Com volume fraco, fica mais fácil provocar movimento em uma direção que interesse, sem ser, necessariamente, uma tendência de alta", diz Ricardo Schneider, da ABN Asset Management.
O dólar caiu 2,26% na sexta-feira e fechou a R$ 3,455, a menor cotação em mais de cem dias. O C-Bond subiu 1,49% (para 0,6825 do valor de face) e, nos últimos dois dias úteis, o risco-país recuou 8%.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve quase 3% de valorização no primeiro pregão do ano e, no segundo, bateu em 1,67%, mas acabou fechando com queda de 0,02%.

Câmbio
Segundo analistas, consolidando-se um cenário mais otimista, de fluxo favorável a captações e a linhas de crédito, o dólar poderia romper -para baixo- a barreira de R$ 3,40 nos próximos dias.
"Isso pode ocorrer se houver um fluxo mais forte nas captações feitas no exterior por empresas privadas. Mas também não deve passar [para menos] de R$ 3,30", diz Jorge Simino, diretor-executivo da Unibanco Asset Management.
Num cenário menos otimista, considerado um pouco menos provável, o câmbio oscilaria de R$ 3,30 a R$ 3,70, pressionado pela eclosão da guerra e por saídas, seja por vencimentos de empresas, seja de títulos cambiais.
O próximo vencimento de dívida pública atrelada ao câmbio será no dia 16. "A partir de quinta-feira o Banco Central deverá dar sinais de como será o vencimento, quando poderá crescer a pressão sobre o câmbio", diz Simino.
No caso de guerra no Oriente Médio, segundo analistas, o câmbio tende a subir, na medida em que aumentem o preço do petróleo e a aversão ao risco. Apesar de cada vez mais provável, especialistas não esperam um ataque à região antes de 15 dias.
Amanhã deverá ser detalhado um programa de estímulo para a economia norte-americana que, por enquanto, rivalizando com o temor da guerra, foi incapaz de firmar a valorização das Bolsas no primeiro pregão do ano, impulsionada pela recuperação da atividade industrial de dezembro.

Inflação
O destaque da agenda é o IPCA de dezembro. Sai na sexta-feira, e deve apontar para uma queda da inflação, apesar do repasse da alta de custos, facilitado pelo aquecimento da demanda ocorrida em dezembro.

Embraer
O adiamento para 2004 da licitação para a compra de jatos pelo governo federal provocou queda de 3,2% nas ações preferenciais da Embraer e de 2,76% nas ordinárias. O mercado esperava que o governo petista beneficiasse a empresa na licitação.
Analistas afirmam que os papéis da companhia foram punidos excessivamente devido ao anúncio, mas que a empresa tem boas perspectivas para 2003.
"O adiamento não é tão danoso para a Embraer. A venda de jatos seria em parceria com outra companhia. Além disso, o mercado de defesa não é o mais importante para a Embraer, mas sim o de aviação corporativa, em que ela tem bons projetos", diz Oswaldo Telles Filho, da BBV corretora.


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