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CRISE NO AR
Empresário diz que foi vítima de campanha orquestrada contra ele, mas ainda pretende adquirir Varig Log e Vem
Tanure desiste da Varig, mas quer subsidiárias
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O Grupo Docas, do empresário
Nelson Tanure, anunciou ontem
a desistência da proposta de compra do controle da Varig na a assembléia do colégio deliberante
da FRB (Fundação Ruben Berta),
que confirmou a aprovação do
plano de recuperação da empresa.
Tanure, no entanto, vai partir
para a disputa das subsidiárias
Varig Log (transporte de cargas) e
VEM (engenharia e manutenção)
com a estatal portuguesa TAP e
com o fundo de investimentos
americano Mattlin Patterson.
O empresário fez críticas à imprensa na abertura da assembléia
da instância máxima na tomada
de decisões da Varig. Disse ter sido alvo de uma campanha orquestrada e, segundo participantes da reunião, que negocia a
compra da Varig desde 2003.
O colégio deliberante é formado
por 140 funcionários e já havia sinalizado no final de 2005 que não
pretendia aprovar a oferta do empresário. A proposta que garantia
a Tanure a gestão da Varig previa
o pagamento de US$ 112 milhões
por 25% das ações ordinárias e o
direito a 67% do capital votante
da FRB-Par (Fundação Ruben
Berta Participações) por dez anos.
O assessor da presidência da
Docas, Demétrio Guiot, justificou
a decisão afirmando que "não
adianta fazer negócio com quem
não quer fazer negócio com você". O presidente do Conselho de
Curadores da FRB, Cesar Curi,
afirmou que a decisão partiu exclusivamente da Docas.
Guiot afirmou que a Docas insistirá na compra da Varig Log e
da VEM. "Vamos bater, não vamos mais apanhar, porque quem
bate não sabe apanhar", disse.
Segundo o presidente da Varig,
Marcelo Bottini, a proposta da
Docas para Varig Log e VEM foi
desqualificada porque não atendia aos pré-requisitos, como o esclarecimento da origem dos recursos. A Docas ofereceu US$ 139
milhões pelas duas companhias.
"Ele tem o direito de apelar. A Varig trabalha com as opções da
TAP e do Mattlin Patterson", disse Bottini.
Após a venda preliminar das lucrativas subsidiárias para a TAP,
em 9 de novembro, por US$ 62
milhões, e que também teve sua
estrutura contratual aprovada
ontem em assembléia, a Varig colocou as companhias em leilão. A
Aero-LB, sociedade de propósito
específico criada pela TAP no
Brasil, tinha o direito de analisar
as propostas e decidir se cobriria
ou não a oferta. A Aero-LB acabou desqualificando a proposta
da Docas pelas empresas.
"Estamos questionando o direito abusivo da Aero-LB de desqualificar uma proposta de valor superior", disse Guiot.
Para a Docas, houve um "jogo
de cartas marcadas" para que a
TAP ficasse com a VEM, e a Varig
Log, com o Mattlin Patterson.
O presidente da Varig reconheceu que a Varig tem interesse em
vender as duas companhias em
separado porque os dois investidores pretendem participar do
processo de recuperação da Varig. "Do ponto de vista econômico e estratégico, de continuar com
dois investidores, esse seria para
nós o melhor dos mundos", disse.
A decisão sobre quem fica com
cada subsidiária ainda está em
suspenso, mas Bottini promete
que será resolvida o mais rápido
possível.
Caso a Varig Log seja vendida
ao Mattlin Patterson, a Varig ganhará um adicional de US$ 9 milhões. O fundo americano fez
uma proposta de US$ 55 milhões
pela empresa, que inclui o valor
pago anteriormente pela TAP, de
US$ 38 milhões e a multa de 20%
sobre o valor.
Segundo Bottini, a disputa em
torno da aquisição das subsidiárias não deve prejudicar o processo de recuperação da Varig, mas
pode atrasar a entrada das empresas no controle da companhia aérea. "Quanto mais rápido acabar
esse imbróglio jurídico, mais rápido poderíamos começar a tratar
de outros assuntos", disse.
Recebíveis
A Justiça americana determinou que a Varig pague até o dia 12
US$ 56 milhões referentes a dívidas com empresas de leasing. Segundo Bottini, a companhia já
tem garantidos US$ 29 milhões de
fluxo de caixa. O restante deverá
ser obtido por meio da troca de
recebíveis com a TAP de cerca de
US$ 30 milhões ou da devolução
de US$ 30 milhões que foram pagos antecipadamente à Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), uma câmara de
compensação internacional.
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