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China reduz pela quarta vez recursos dos bancos
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo chinês decidiu reduzir pela quarta vez em sete
meses a quantidade de dinheiro nas mãos dos bancos, em
mais uma tentativa de frear a
oferta de crédito e o ritmo de
crescimento da economia.
Financiamentos baratos e
abundantes são uma das principais fontes de investimentos
na China. E os investimentos
são o mais potente motor da expansão do PIB, que alcançou
10,5% no ano passado.
O problema é que cerca de
dois terços dos financiamentos
terminam nos caixas das milhares de estatais que sobreviveram às reformas econômicas.
Grande parte delas é ineficiente e muitas aplicam os recursos
em projetos de duvidosa viabilidade econômica.
A medida de ontem elevou
em 0,5 ponto percentual o depósito compulsório dos bancos,
que passa a ser de 9% -no Brasil, o índice é de 45% para os depósitos à vista. Esses recursos
devem ficar depositados no
banco central e não podem ser
utilizados em financiamentos.
Com a decisão, o governo
chinês vai retirar US$ 18,8 bilhões de circulação. Desde junho, as elevações no depósito
compulsório tiraram dos cofres
dos bancos US$ 75,2 bilhões.
O valor supera tudo o que a
China recebeu em investimento estrangeiro direto em 2005,
mas é pequeno se comparado
aos US$ 2,8 trilhões em empréstimos do sistema bancário,
o equivalente a cerca de 120%
do PIB. No Brasil, o volume de
crédito é de 33% do PIB e o governo quer elevá-lo a 50%.
O governo chinês teme que o
investimento excessivo leve a
um crescimento não sustentável, que poderia acabar no temível "hard landing" -a interrupção brusca da atividade econômica em razão de uma oferta
de bens maior da que pode ser
absorvida pela demanda.
Novo estilo
As sucessivas elevações do
depósito compulsório neste
ano indicam uma mudança de
estilo na tentativa da China de
controlar a expansão do PIB.
As autoridades do país costumavam dar preferência a decisões de caráter administrativo,
como ordens para que as províncias reduzissem os investimentos das estatais sob seu
controle. Medidas clássicas de
política monetária, como aumento do compulsório e dos juros, eram pouco utilizadas.
Os juros foram elevados duas
vezes neste ano, depois de um
tímido reajuste em outubro de
2004, o primeiro em quase uma
década. Mesmo com os aumentos, a taxa básica está em 6,21%.
Além do risco de superaquecimento, a rápida expansão dos
empréstimos é uma ameaça ao
sistema financeiro, que tem em
seus balanços uma quantidade
enorme de créditos irrecuperáveis. Mesmo com as reformas
realizadas nos últimos três
anos, os bancos estatais chineses continuam sujeitos à interferência política, o que pode levar à concessão de créditos a
empresas que não terão condições de quitá-los no futuro.
(CLÁUDIA TREVISAN)
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