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Para BC, pacote fiscal ajuda a conter juro
Meirelles afirmou a Lula que elevação de tributos deverá reduzir expansão do crédito e minimizar pressões inflacionárias
Avaliação no governo é a de que medidas para repor as perdas da CPMF diminuirão a necessidade de o Banco Central aumentar a Selic
KENNEDY ALENCAR
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião na quinta-feira
no Palácio do Planalto, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
que o pacote de medidas para
compensar a perda da CPMF
contribuirá para evitar alta da
taxa básica de juros, a Selic.
Segundo Meirelles, sem as
medidas, a política monetária
teria de ser mais conservadora
do que já é. Leia-se: possibilidade de elevação da Selic, hoje em
11,25% ao ano. O problema é
que, para o governo, uma alta
de juros quebraria o ciclo virtuoso que a economia brasileira vive, ao afetar o otimismo do
empresariado em relação às
perspectivas de crescimento
nos próximos anos.
Aí, na avaliação da equipe
econômica, seria o pior dos
mundos, porque isso teria impacto nos investimentos necessários para atender uma demanda sustentada pelo crescimento do crédito.
Nesse cenário, para evitar
uma escalada inflacionária, o
BC teria que frear o consumo
de forma brusca, com impacto
sobre o nível de atividade.
Do ponto de vista fiscal, o pacote "20 + 10 + 10" compensa a
extinção do imposto do cheque,
tributo que arrecadaria R$ 38
bilhões em 2008.
Foram R$ 20 bilhões em promessa de corte de gastos, R$ 10
bilhões em aumento de impostos e R$ 10 bilhões que serão
adicionados à arrecadação tributária de 2008 devido à previsão de crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) na casa dos 5%.
Contudo, segundo disse Meirelles a Lula, o aumento do IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) deverá aumentar o
custo dos empréstimos, reduzindo a velocidade de expansão
das operações de crédito. Isso
pode até minimizar as pressões
inflacionárias.
Como antecipou a Folha, a
direção do BC via com preocupação qual solução Lula adotaria para compensar a perda da
CPMF. Uma parte dos diretores do BC já falava informalmente que a discussão não era
mais até quando os juros ficariam inalterados, mas sobre a
possibilidade de elevar a taxa.
Como o pacote para compensar a perda da CPMF, fica
descartada, por ora, a elevação
dos juros. E haverá, segundo
palavras de Meirelles ao presidente, espaço para reduzir a
Selic. Mas num ritmo menor.
Segundo a Folha apurou,
Meirelles não se comprometeu
com eventual número de reduções da Selic em 2008.
O mercado financeiro estima
que, no máximo, haverá três
cortes de 0,25 ponto percentual em 2008. Isso deixaria a
Selic em 10,5% ao ano em dezembro próximo, no cenário
mais favorável.
Meirelles argumentou que o
"pacote da CPMF" foi uma boa
resposta econômica no aspecto
interno, mas não é apenas isso
que preocupa.
Há ainda riscos de contaminação em função da evolução
da economia mundial, como o
desenrolar da crise de crédito
imobiliário nos Estados Unidos e as previsões de recessão
na maior economia do planeta.
Presente à reunião, o ministro Guido Mantega (Fazenda)
foi mais otimista. Avaliou que a
inflação continuará inferior à
meta oficial, 4,5% ao ano pelo
IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo). O ministro do Planejamento, Paulo
Bernardo, que também participou da reunião, lembrou que o
pacote ajudará a afastar expectativas negativas sobre a economia e que isso terá reflexo
positivo sobre o crescimento.
No início do ano passado, o
mercado previu crescimento
do PIB de 4,5%. O ano de 2007
deverá fechar com um PIB superior a 5% -Lula e Mantega
apostam numa taxa de 5,2%.
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