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Bovespa minimiza comparação com os EUA
DO COLUNISTA DA FOLHA
O ex-ministro Roberto Campos (1917-2001) dizia que "as
estatísticas são como o biquíni:
o que revelam é interessante,
mas o que ocultam é essencial".
A frase foi lembrada pelo economista João Batista Fraga, diretor de relações com empresas
da Bovespa, ao analisar o trabalho da consultoria Economática sobre o volume negociado
em ações das empresas brasileiras em Nova York com o
mercado à vista de São Paulo.
Fraga não contesta o trabalho, mas faz ponderações. Deduzidas da conta as dez ADRs
mais negociadas em Nova York,
o volume das ações restantes de
companhias brasileiras transacionadas nos EUA perderia de
longe da Bovespa.
Esses outros papéis giraram
em Nova York US$ 88,7 bilhões
no ano passado, 63% mais que
em 2006. Na Bovespa, esses papéis movimentaram US$ 295,9
bilhões, volume 120% superior.
"A Bovespa negociou esses
papéis três vezes mais do que
Nova York e o crescimento no
ano passado ainda foi o dobro
do Brasil", diz Fraga.
Outro argumento de Fraga: a
Bolsa de Nova York concentra
um estoque maior do que a Bovespa de ações ordinárias da
Vale e da Petrobras. O investidor estrangeiro prefere aplicar
em papéis com direito a voto. O
Brasil é um dos poucos países
do mundo que têm ação preferencial, sem direito a voto.
O economista Sérgio Werlang, diretor do Itaú e ex-diretor do Banco Central, lembra
que, quando se cobrava CPMF
em aplicações na Bolsa, houve
uma grande fuga para Nova
York. O volume de papéis brasileiros em NY ficou muito próximo ao da Bovespa, o que ocorre
até hoje, mesmo depois de as
aplicações em Bolsa terem ficado isentas da CPMF, em 2002.
Fraga observa que, em 2007,
o ano da Bolsa no Brasil, a Bovespa recebeu volume recorde
de investimentos externos. Os
estrangeiros responderam por
70% de participação nos 64
lançamentos de ações (os chamados IPOs) no ano passado.
Se for levado em conta o total
de oferta pública de ações em
2007, de R$ 65,5 bilhões, incluindo os IPOs, a participação
dos estrangeiros foi de 75,4%.
Esses números, segundo Fraga,
demonstram o forte apetite de
investimentos estrangeiros.
Fraga compara os lançamentos de ações de empresas brasileiras nos EUA com os do Brasil. Enquanto na Bovespa, 64
empresas abriram o capital em
2007, apenas uma, a Gafisa, estreou em Nova York. A Cemig
também fez um lançamento de
ações nos EUA, mas a empresa
era listada desde 2001 em Nova
York.
(GB)
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