São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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Bovespa minimiza comparação com os EUA

DO COLUNISTA DA FOLHA

O ex-ministro Roberto Campos (1917-2001) dizia que "as estatísticas são como o biquíni: o que revelam é interessante, mas o que ocultam é essencial".
A frase foi lembrada pelo economista João Batista Fraga, diretor de relações com empresas da Bovespa, ao analisar o trabalho da consultoria Economática sobre o volume negociado em ações das empresas brasileiras em Nova York com o mercado à vista de São Paulo.
Fraga não contesta o trabalho, mas faz ponderações. Deduzidas da conta as dez ADRs mais negociadas em Nova York, o volume das ações restantes de companhias brasileiras transacionadas nos EUA perderia de longe da Bovespa.
Esses outros papéis giraram em Nova York US$ 88,7 bilhões no ano passado, 63% mais que em 2006. Na Bovespa, esses papéis movimentaram US$ 295,9 bilhões, volume 120% superior.
"A Bovespa negociou esses papéis três vezes mais do que Nova York e o crescimento no ano passado ainda foi o dobro do Brasil", diz Fraga.
Outro argumento de Fraga: a Bolsa de Nova York concentra um estoque maior do que a Bovespa de ações ordinárias da Vale e da Petrobras. O investidor estrangeiro prefere aplicar em papéis com direito a voto. O Brasil é um dos poucos países do mundo que têm ação preferencial, sem direito a voto.
O economista Sérgio Werlang, diretor do Itaú e ex-diretor do Banco Central, lembra que, quando se cobrava CPMF em aplicações na Bolsa, houve uma grande fuga para Nova York. O volume de papéis brasileiros em NY ficou muito próximo ao da Bovespa, o que ocorre até hoje, mesmo depois de as aplicações em Bolsa terem ficado isentas da CPMF, em 2002.
Fraga observa que, em 2007, o ano da Bolsa no Brasil, a Bovespa recebeu volume recorde de investimentos externos. Os estrangeiros responderam por 70% de participação nos 64 lançamentos de ações (os chamados IPOs) no ano passado.
Se for levado em conta o total de oferta pública de ações em 2007, de R$ 65,5 bilhões, incluindo os IPOs, a participação dos estrangeiros foi de 75,4%. Esses números, segundo Fraga, demonstram o forte apetite de investimentos estrangeiros.
Fraga compara os lançamentos de ações de empresas brasileiras nos EUA com os do Brasil. Enquanto na Bovespa, 64 empresas abriram o capital em 2007, apenas uma, a Gafisa, estreou em Nova York. A Cemig também fez um lançamento de ações nos EUA, mas a empresa era listada desde 2001 em Nova York. (GB)


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