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Emergentes puxam venda global de carros
Brasil, China e Índia têm crescimento de dois dígitos, enquanto mercado mundial de veículos afunda, puxado pelos EUA
Países emergentes têm mais espaço para crescer com alta da renda, expansão do crédito e média baixa
de habitantes com carro
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em um ano em que as vendas
de veículos caíram pelo mundo,
os países emergentes, especialmente China, Índia e Brasil,
conseguiram manter seus mercados aquecidos -e a expectativa é que eles continuem a puxar o mercado global neste ano.
Com exceção da Rússia (cuja
economia foi dragada pela queda do petróleo), o Bric (bloco de
gigantes emergentes formado
por Brasil, Rússia, Índia e China), repetindo o que ocorreu na
economia em geral, destacou-se na venda de automóveis,
com crescimento na casa de
dois dígitos, enquanto o mercado global recuou cerca de 4%. A
Alemanha, que ofereceu generosos subsídios, e a Coreia do
Sul também se destacaram.
O Brasil teve um aumento de
12,7% nas vendas, o quinto
maior crescimento global, segundo estimativa da consultoria Jato Dynamics, e consolidou o posto obtido em 2008 de
quinto principal mercado do
mundo. Ajudadas pela redução
do IPI e pela recuperação da
economia, as vendas somaram
3 milhões -novo recorde.
Para o diretor-superintendente da Jato, Luiz Carlos Augusto, o desempenho do mercado brasileiro deve ser visto
como o mais sustentável no
Bric. "A China vive um boom,
mas há dúvidas sobre até quando isso dura, e a Índia tem um
crescimento significativo, mas
não tão maduro como o brasileiro", afirmou.
O bom momento do mercado
automotivo no país deve prosseguir neste ano. A Fenabrave
(associação das concessionárias) projeta uma expansão de
9,7% para 2010, número próximo ao previsto pelo banco canadense Scotiabank, que estima avanço de 10,1%.
Mas o melhor resultado veio
da China, que pela primeira vez
tomou o posto dos EUA de
maior mercado automotivo
mundial (contando caminhões
e ônibus). Levando em consideração apenas automóveis e comerciais leves, os chineses ainda permanecem atrás dos americanos, mas tiveram alta de
52% nas vendas, enquanto os
EUA sofreram queda estimada
em 18%, apesar da ajuda do governo para a troca de carros antigos por outros que consomem
menos combustível.
Vantagem
Segundo o sócio da PriceWaterhouse Marcelo Cioffi, os
emergentes tem como vantagem uma "demografia favorável". Na Índia, segundo ele, há 1
carro para cada 78 habitantes, e
na China, 1 para cada 29. O Brasil tem uma relação ainda folgada -1 carro para 7,4 pessoas.
"Existe muito espaço ainda
para crescer nesses países, porque há uma combinação importante de expansão no crédito e aumento na renda", disse.
Nos mercados desenvolvidos, além de haver uma limitação mais estrutural ao crescimento -nos EUA, há 1 carro
para cada 1,2 habitante- e da
crise em si, as montadoras passaram por dificuldades. GM e
Chrysler (respectivamente, a
primeira e a terceira maiores
montadoras dos EUA) passaram pelo processo de concordata -inimaginável até pouco
tempo atrás- e hoje pertencem em parte ao governo americano.
Para 2010, porém, a expectativa de analistas é que o mercado dos EUA volte a se expandir,
já que se espera que a maior
economia mundial retome
crescimento mais sustentável,
com queda do desemprego e
aumento da renda média.
Mas o avanço americano não
deve chegar nem perto do chinês. Enquanto o crescimento
das vendas de automóveis na
China deve ser de aproximadamente 20%, o dos EUA deve ficar em torno da metade disso.
Quem também deve se destacar é a Índia, que teve o segundo maior crescimento em
2009: 28%, estima a Jato Dynamics. Para este ano, o avanço
projetado é da casa dos 10%, de
acordo com o Scotiabank.
No mundo rico, especialmente na Europa, o cenário para este ano não é positivo. As
vendas na Alemanha devem
cair fortemente, já que o governo não deve colocar novos subsídios para a troca de veículos, o
que ajudou as vendas no ano
passado a crescerem na casa
dos 20%.
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