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Aluguel pesa mais para baixa renda em 2009
Com mercado imobiliário aquecido, preços têm a maior variação anual desde 1997, segundo a Fundação Getulio Vargas
Apesar da alta na inflação para a habitação, queda no preço dos alimentos elevou poder de compra de famílias que ganham até 2,5 mínimos
VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO
O aluguel residencial foi o
item que mais contribuiu para
a alta de preços dos produtos
consumidos pelas famílias que
ganham até 2,5 salários mínimos no ano passado, com alta
de 6,69%. Foi o maior aumento
do aluguel desde 1997, segundo
a Fundação Getulio Vargas.
A alta de 6,69% nos aluguéis
também teve influência significativa no índice de inflação calculado para toda a população.
Mas, em razão da queda no preço dos alimentos, que comprometem uma fatia maior da renda dos mais pobres, o índice para a baixa renda (3,69%) foi
mais favorável que o para a população em geral (3,95%).
O índice geral de preços é
medido pela FGV em sete capitais, e o indicador para as famílias com renda de até 2,5 salários mínimos, em quatro -Rio,
São Paulo, Recife e Salvador.
"Gastos com habitação pesam porque incluem manutenção do lar e tarifas como gás,
aluguel e condomínio. Tudo isso pesa muito para ricos e pobres", diz André Furtado Braz,
economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.
Para os mais pobres, porém,
pesam mais. Segundo a FGV,
gastos com alimentação e habitação tomam, em média, 68%
do orçamento da baixa renda.
Braz destaca que o aquecimento do mercado imobiliário
impactou o preço dos aluguéis
em 2009, inclusive o daqueles
ocupados pelos consumidores
mais pobres. "Conforme a renda cresce, há espaço para subir
os preços de serviços como o
aluguel. Também há a tendência da baixa renda de migrar para imóveis melhores", diz ele.
Desde 2003, os seguidos reajustes do salário mínimo em
percentuais acima da inflação
beneficiaram o poder de compra das famílias de baixa renda.
A queda da inflação no ano
passado também alavancou o
consumo -com menos dinheiro comprometido com a compra de alimentos essenciais, foi
possível diversificar os produtos comprados a cada mês.
Pesquisa recente da consultoria LatinPanel, especializada
em varejo, mostrou que as classes D e E elevaram o desembolso médio com alimentos, bebidas, higiene pessoal e produtos
de limpeza. Também passaram
a consumir mercadorias consideradas supérfluas, como amaciante, leite condensado, cereais e maionese.
Transporte e serviços
Além do aluguel, o aumento
de preços dos ônibus urbanos
teve impacto significativo para
as famílias de baixa renda. Os
gastos com transporte público
consomem 11% da renda familiar desses consumidores.
O economista da FGV ressalta que o reajuste nas passagens
de ônibus neste mês na cidade
de São Paulo indica que o transporte público deve pesar ainda
mais no bolso das famílias mais
pobres ao longo do ano.
Segundo ele, a tendência é
que a inflação se acelere neste
ano. Braz destaca que o crescimento da economia aumentará
o poder de consumo das famílias. Com a demanda em alta, os
preços tendem a subir, principalmente de produtos cuja
aquisição está ligada ao aumento da renda, como serviços de
cabeleireiro e de saúde.
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