São Paulo, quarta-feira, 06 de janeiro de 2010

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Aluguel pesa mais para baixa renda em 2009

Com mercado imobiliário aquecido, preços têm a maior variação anual desde 1997, segundo a Fundação Getulio Vargas

Apesar da alta na inflação para a habitação, queda no preço dos alimentos elevou poder de compra de famílias que ganham até 2,5 mínimos

VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO

O aluguel residencial foi o item que mais contribuiu para a alta de preços dos produtos consumidos pelas famílias que ganham até 2,5 salários mínimos no ano passado, com alta de 6,69%. Foi o maior aumento do aluguel desde 1997, segundo a Fundação Getulio Vargas.
A alta de 6,69% nos aluguéis também teve influência significativa no índice de inflação calculado para toda a população. Mas, em razão da queda no preço dos alimentos, que comprometem uma fatia maior da renda dos mais pobres, o índice para a baixa renda (3,69%) foi mais favorável que o para a população em geral (3,95%).
O índice geral de preços é medido pela FGV em sete capitais, e o indicador para as famílias com renda de até 2,5 salários mínimos, em quatro -Rio, São Paulo, Recife e Salvador.
"Gastos com habitação pesam porque incluem manutenção do lar e tarifas como gás, aluguel e condomínio. Tudo isso pesa muito para ricos e pobres", diz André Furtado Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.
Para os mais pobres, porém, pesam mais. Segundo a FGV, gastos com alimentação e habitação tomam, em média, 68% do orçamento da baixa renda.
Braz destaca que o aquecimento do mercado imobiliário impactou o preço dos aluguéis em 2009, inclusive o daqueles ocupados pelos consumidores mais pobres. "Conforme a renda cresce, há espaço para subir os preços de serviços como o aluguel. Também há a tendência da baixa renda de migrar para imóveis melhores", diz ele.
Desde 2003, os seguidos reajustes do salário mínimo em percentuais acima da inflação beneficiaram o poder de compra das famílias de baixa renda.
A queda da inflação no ano passado também alavancou o consumo -com menos dinheiro comprometido com a compra de alimentos essenciais, foi possível diversificar os produtos comprados a cada mês.
Pesquisa recente da consultoria LatinPanel, especializada em varejo, mostrou que as classes D e E elevaram o desembolso médio com alimentos, bebidas, higiene pessoal e produtos de limpeza. Também passaram a consumir mercadorias consideradas supérfluas, como amaciante, leite condensado, cereais e maionese.

Transporte e serviços
Além do aluguel, o aumento de preços dos ônibus urbanos teve impacto significativo para as famílias de baixa renda. Os gastos com transporte público consomem 11% da renda familiar desses consumidores.
O economista da FGV ressalta que o reajuste nas passagens de ônibus neste mês na cidade de São Paulo indica que o transporte público deve pesar ainda mais no bolso das famílias mais pobres ao longo do ano.
Segundo ele, a tendência é que a inflação se acelere neste ano. Braz destaca que o crescimento da economia aumentará o poder de consumo das famílias. Com a demanda em alta, os preços tendem a subir, principalmente de produtos cuja aquisição está ligada ao aumento da renda, como serviços de cabeleireiro e de saúde.


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