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PREÇOS
Governo planejava aumento de 10% em março, mas agora deve esperar o recuo da cotações do petróleo
Reajuste de combustível pode ser adiado
SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O governo pretende adiar ao
máximo o próximo reajuste dos
combustíveis, apesar de a conta-petróleo ter fechado o ano de 99
com um saldo de apenas R$ 2,3
bilhões, o mesmo número acumulado entre janeiro e outubro
do ano passado.
A conta-petróleo é um fundo
criado pelo governo para subsidiar a diferença entre o custo de
importação do petróleo e o preço
interno dos combustíveis.
A conta forma um saldo positivo quando os custos de importação da Petrobras são inferiores
aos preços dos combustíveis vendidos no mercado interno.
Em janeiro, a equipe econômica
trabalhava com a expectativa de
promover um aumento de até
10% nos preços dos combustíveis
até o mês de março, mas a tendência mudou.
"Vamos esperar, há tempo para
esperar o que vai acontecer com o
preço do petróleo no mercado internacional", disse o secretário de
Política Econômica do Ministério
da Fazenda, Edward Amadeo.
O secretário considera que o
saldo da conta-petróleo é o principal problema fiscal deste ano.
O governo colocou no Orçamento uma previsão de arrecadação de R$ 3,5 bilhões com a conta-petróleo.
Esse saldo deveria ajudar o setor
público (governo federal, Estados
e municípios) a alcançar o superávit primário de R$ 36,7 bilhões
acertado com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para este
ano. Superávit primário é o que o
governo economiza de suas receitas para pagar dívidas.
Variações
Os custos de importação da Petrobras variam conforme o preço
do dólar e o preço internacional
do barril do petróleo. Com o dólar
em torno de R$ 1,78, o governo
aguarda apenas a anunciada queda dos preços internacionais.
"Em uma entrevista recente,
uma autoridade do governo mexicano disse que o preço do petróleo deveria se situar entre US$ 20 e
US$ 25. Há um consenso de que a
escassez para elevar os preços já
foi longe demais", disse Amadeo.
Nos últimos dias, o preço do barril chegou a US$ 29.
Mesmo que os preços internacionais não recuem tanto quanto
o governo espera, Amadeo explicou que poderá ser feito um remanejamento do Orçamento para acomodar a falta dos recursos.
"No ano passado, nós enfrentamos muitas frustrações na área
fiscal e conseguimos cumprir as
metas", lembrou.
De acordo com o economista
Raul Velloso, especialista em contas públicas, além da conta-petróleo, também não está certo que o
governo conseguirá a aprovação
do STF (Supremo Tribunal Federal) para a criação da contribuição
previdenciária dos servidores inativos e para o aumento da contribuição dos ativos.
Contribuições
Segundo, a assessoria do deputado Sérgio Miranda (PC do B-MG), dos R$ 6,7 bilhões previstos
no Orçamento como contribuição previdenciária de servidores,
R$ 3,9 bilhões dependem da decisão do STF.
Parte dessa receita já está frustrada porque o total previsto no
Orçamento considerava a cobrança das contribuições durante
todo este ano.
Velloso lembrou que o governo
teve receitas extraordinárias em
99 que não vão se repetir em 2000,
como a decorrente da desistência
de ações judiciais contra o pagamento de impostos.
Quem desistiu dessas ações no
ano passado teve anistia de multas e de juros, o que estimulou pagamentos de cerca de R$ 5 bilhões.
Outra fonte de incertezas são os
Estados e municípios, segundo
Velloso. Os prefeitos, mesmo com
a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal -que restringe os
gastos em ano eleitoral- deverão
gastar mais este ano para terminar obras, por exemplo.
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