São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2007

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Importado segura a indústria em 2006

Produção industrial cresce só 2,8% no ano, diz IBGE, com aumento da demanda sendo atendida pelos produtos do exterior

Câmbio valorizado e incentivo fiscal fazem setor de informática liderar ganhos no ano, com um crescimento de 51,6%


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A produção industrial cresceu 2,8% em 2006, segundo o IBGE. O real valorizado e o aumento da concorrência dos importados levaram a indústria à menor expansão desde 2003. Em 2005, o fôlego da produção foi maior, com alta de 3,1%.
As vendas industriais também cresceram pouco em 2006, 1,72%, segundo a CNI (leia texto abaixo). Assim como na produção industrial, as vendas cresceram no fim do ano.
Segundo o IBGE, apesar do desempenho mais fraco, há sinais de melhora na qualidade da expansão industrial. Em 2005, ela atingiu 49,7% dos produtos. Em 2006, foi mais disseminada, atingindo 54,6%.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, culpou os juros e o câmbio pelo resultado fraco da indústria: "Se a política econômica não for modificada, o desempenho continuará fraco", disse.
"Foi um ano fraco, pior que 2005. O desempenho não significou uma demanda fraca, mas ela foi atendida em grande parte pelas importações, não só de bens de consumo e de capital, mas também com a entrada de matéria-prima para a indústria", disse Bráulio Borges, analista da LCA Consultores.
Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que as importações de bens intermediários (insumos industriais) cresceram 15,7%.
O câmbio afetou segmentos exportadores e os que sofrem diretamente com a concorrência dos importados. Em compensação, auxiliou o setor de informática, com o aumento da importação de componentes. O setor, também favorecido por incentivo fiscal, teve a maior influência na expansão de 2006, com alta de 51,6%.
"Houve um crescimento maior dos setores ligados a bens de capital, principalmente informática e máquinas e equipamentos. Isso é um sinal de melhora do investimento. Os bens duráveis também influenciaram, mas cresceram menos do que em 2005", afirmou Isabella Nunes, do IBGE.
Os bens duráveis (móveis e eletrodomésticos) registraram alta de 5,8% contra uma expansão de 11,4% em 2005. Os bens de capital passaram de 3,6% em 2005 para 5,7%. Os bens intermediários ficaram abaixo da média -alta de 2,1%. Os bens semi e não-duráveis (roupas e alimentos) cresceram 2,7%.
Segundo Borges, da LCA, os dados indicam que a indústria começa o ano com um nível baixo de estoques, um indicador favorável. Já Carlos Thadeu de Freitas, professor do Ibmec, acha que "a capacidade de utilização da indústria está parada". "Qualquer recuperação mais significativa deve ficar para o segundo trimestre", avalia.
Em dezembro, a indústria cresceu 0,5% em relação a novembro e 0,4% na comparação com dezembro de 2005, um resultado acima das projeções de analistas. Foi o melhor dezembro da série, iniciada em 1991, em nível de atividade, segundo o IBGE. Com a expansão maior no fim do ano, a indústria cresceu 1,1% no quarto trimestre na comparação com o terceiro.

Lula x FHC
Os dados do IBGE mostram que a indústria cresceu em ritmo mais acelerado no governo Lula. De 2003 a 2006 a expansão chegou a 14,9%. A taxa acumulada no governo FHC foi de 10,5% no segundo mandato e 5,4% no primeiro. O desempenho da indústria nos últimos quatro anos foi beneficiado pelo controle da inflação, pelo aumento da massa salarial e do crédito e conjuntura externa favorável.


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