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Importado segura a indústria em 2006
Produção industrial cresce só 2,8% no ano, diz IBGE, com aumento da demanda sendo atendida pelos produtos do exterior
Câmbio valorizado e incentivo fiscal fazem setor de informática liderar ganhos no ano, com um crescimento de 51,6%
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A produção industrial cresceu 2,8% em 2006, segundo o
IBGE. O real valorizado e o aumento da concorrência dos importados levaram a indústria à
menor expansão desde 2003.
Em 2005, o fôlego da produção
foi maior, com alta de 3,1%.
As vendas industriais também cresceram pouco em
2006, 1,72%, segundo a CNI
(leia texto abaixo). Assim como
na produção industrial, as vendas cresceram no fim do ano.
Segundo o IBGE, apesar do
desempenho mais fraco, há sinais de melhora na qualidade
da expansão industrial. Em
2005, ela atingiu 49,7% dos
produtos. Em 2006, foi mais
disseminada, atingindo 54,6%.
O presidente da Fiesp, Paulo
Skaf, culpou os juros e o câmbio
pelo resultado fraco da indústria: "Se a política econômica
não for modificada, o desempenho continuará fraco", disse.
"Foi um ano fraco, pior que
2005. O desempenho não significou uma demanda fraca, mas
ela foi atendida em grande parte pelas importações, não só de
bens de consumo e de capital,
mas também com a entrada de
matéria-prima para a indústria", disse Bráulio Borges, analista da LCA Consultores.
Dados da Secex (Secretaria
de Comércio Exterior) mostram que as importações de
bens intermediários (insumos
industriais) cresceram 15,7%.
O câmbio afetou segmentos
exportadores e os que sofrem
diretamente com a concorrência dos importados. Em compensação, auxiliou o setor de
informática, com o aumento da
importação de componentes. O
setor, também favorecido por
incentivo fiscal, teve a maior
influência na expansão de
2006, com alta de 51,6%.
"Houve um crescimento
maior dos setores ligados a
bens de capital, principalmente
informática e máquinas e equipamentos. Isso é um sinal de
melhora do investimento. Os
bens duráveis também influenciaram, mas cresceram menos
do que em 2005", afirmou Isabella Nunes, do IBGE.
Os bens duráveis (móveis e
eletrodomésticos) registraram
alta de 5,8% contra uma expansão de 11,4% em 2005. Os bens
de capital passaram de 3,6% em
2005 para 5,7%. Os bens intermediários ficaram abaixo da
média -alta de 2,1%. Os bens
semi e não-duráveis (roupas e
alimentos) cresceram 2,7%.
Segundo Borges, da LCA, os
dados indicam que a indústria
começa o ano com um nível
baixo de estoques, um indicador favorável. Já Carlos Thadeu de Freitas, professor do Ibmec, acha que "a capacidade de
utilização da indústria está parada". "Qualquer recuperação
mais significativa deve ficar para o segundo trimestre", avalia.
Em dezembro, a indústria
cresceu 0,5% em relação a novembro e 0,4% na comparação
com dezembro de 2005, um resultado acima das projeções de
analistas. Foi o melhor dezembro da série, iniciada em 1991,
em nível de atividade, segundo
o IBGE. Com a expansão maior
no fim do ano, a indústria cresceu 1,1% no quarto trimestre na
comparação com o terceiro.
Lula x FHC
Os dados do IBGE mostram
que a indústria cresceu em ritmo mais acelerado no governo
Lula. De 2003 a 2006 a expansão chegou a 14,9%. A taxa acumulada no governo FHC foi de
10,5% no segundo mandato e
5,4% no primeiro. O desempenho da indústria nos últimos
quatro anos foi beneficiado pelo controle da inflação, pelo aumento da massa salarial e do
crédito e conjuntura externa
favorável.
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