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Pré-sal só é viável com o petróleo a US$ 60, diz BP
Valor é pelo menos 50% superior ao estimado por governo e Petrobras
Preço do barril caiu cerca de US$ 100 desde julho de 2008, e empresas do setor cortam investimentos para novas descobertas
DA REDAÇÃO
A BP (British Petroleum), a
segunda maior companhia petroleira europeia, afirmou que
a exploração de petróleo em
águas profundas no Brasil, como é o caso do pré-sal, é viável
comercialmente apenas com o
barril valendo ao menos US$
60. A afirmação contrasta com
as mais recentes declarações do
governo brasileiro, que estima
que o barril deva valer entre
US$ 30 e US$ 40.
Nos últimos meses, com a
queda na cotação do barril nos
mercados internacionais, o
presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli, e o ministro de
Minas e Energia, Edison Lobão, vêm afirmando que a exploração do petróleo do pré-sal
é viável mesmo com o preço
atual -que gira em torno de
US$ 40. Em seu plano de investimentos para os próximos
anos, a Petrobras usa como referência a cotação do petróleo a
US$ 37 o barril.
A visão do grupo britânico,
no entanto, é diferente da brasileira. Para a BP, o preço do
barril precisa subir logo para
que ela não precise se endividar
para conseguir manter seu nível de investimento.
De acordo com ela, se a recuperação na cotação demorar a
chegar, as empresas petrolíferas ficarão em uma situação cada vez mais desconfortável.
Para chegar ao nível desejado
pela companhia britânica, o
preço do barril precisaria subir
cerca de 50% em relação à cotação atual. Não faz muito tempo
que a commodity valia ao menos US$ 60: a última vez ocorreu no início de novembro do
ano passado. O problema é que
a cotação do produto, que chegou ao recorde de US$ 145,29
em julho do ano passado, vem
despencando, após ficarem
mais claros os sinais de que a
economia mundial está em crise e que o consumo de combustível deverá cair. O FMI estima
para este ano o menor avanço
do PIB global desde 1945.
Uma das consequências na
queda do preço do barril foi
sentida no balanço das grandes
empresas petrolíferas mundiais. A ExxonMobil, a maior
petroleira com ações negociadas em Bolsa do mundo, teve
uma queda de 33% no lucro do
quarto trimestre. A sua principal rival, a Shell, teve um prejuízo de US$ 2,8 bilhões no período, e a BP perdeu US$ 3,3 bilhões, o primeiro resultado negativo em sete anos.
O recuo na cotação também é
observado nos investimentos
globais para a descoberta de
novos poços e, consequentemente, a manutenção do fornecimento do produto. No final
do ano passado, a AIE (Agência
Internacional de Energia) alertou sobre que os gastos para a
descoberta de petróleo estão
abaixo do necessário, com vários projetos sendo adiados.
Com o "Financial Times"
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