São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

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Vaivém das commodities

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@grupofolha.com.br
AJUSTES
A Conab continua ajustando para baixo os dados de produção da safra de grãos. No quinto levantamento, divulgado ontem, o órgão oficial estima 134,7 milhões de toneladas na safra 2008/9. Em janeiro, a previsão era de 137 milhões.

PREVISÍVEL
Esse ajuste nos números da Conab já era previsto, principalmente após o próprio ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmar no mês passado que a safra deste ano poderia recuar para os patamares da de 2006/7, que ficou em 132 milhões de toneladas.

OS MOTIVOS
O patamar recorde de produção de 144,1 milhões de toneladas atingido em 2007/8 já estava difícil de ser obtido após a crise financeira internacional. Os produtores ficaram sem crédito e reduziram a utilização de insumos na lavoura.

EFEITO SECA
O principal motivo da queda, no entanto, foi a seca ocorrida no Sul do país. Com isso, a safra de soja deve cair para 57,2 milhões de toneladas, 5% menos do que a do ano anterior, e a de milho, para 50,3 milhões -menos 14,2%. Milho e soja somam 80% da safra brasileira.

MAIOR QUEDA
A maior queda de produção fica para o algodão. Com redução contínua de preços no mercado externo, os produtores diminuíram a área em 21%, e a produção deverá cair 22,3%, para 1,95 milhão de toneladas.

MESA ABASTECIDA
Os dois principais produtos do dia-a-dia dos brasileiros mantêm alta, embora pequena. A produção de arroz sobe para 12,4 milhões de toneladas, com elevação de 2,4% em relação à safra anterior, enquanto a de feijão vai a 3,6 milhões de toneladas, com aumento de 2%.

FALTA UNIÃO
O agronegócio tem uma força econômica inigualável, mas os diversos setores envolvidos não trabalham em conjunto, discutindo estratégias e fomentando diretrizes. Resultado: o produtor não tem crédito, não tem seguro, não tem garantia de preços nem de mercado.

COM FORÇA, MAS BURROS
A avaliação é do ex-ministro Roberto Rodrigues, feita na noite de quarta-feira no 1º Congresso Brasileiro e Latino-Americano da Raça Brahman, que acontece no Rio de Janeiro até domingo. Concluindo, Rodrigues disse: "Somos muito burros, pois não sabemos a força que temos".

COMO FICA
No ano passado, o agronegócio obteve US$ 72 bilhões de receitas com as exportações do setor. Com a crise, Rodrigues traça dois cenários para este ano. Na avaliação mais pessimista, as exportações recuam para US$ 57 bilhões; na mais otimista, para US$ 66 bilhões.

LÍDER NO CAFÉ
A Stockler Comercial e Exportadora liderou as exportações de café no primeiro mês deste ano, ao somar 159 mil sacas de 60 quilos. A Unicafé veio a seguir, com 146 mil.

PREJUÍZO
O efeito da crise chega às tradings e a Bunge Ltd. registrou prejuízo no fim do ano passado. A queda se deve à redução de demanda por farelo e óleo de soja. No quarto trimestre, a empresa teve prejuízo de US$ 210 milhões, mas acumula lucro de US$ 1,1 bilhão em 2008.


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