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Alimento pressiona, e IPCA tem maior alta em 20 meses
Transporte também pesa, e índice sobe 0,75% em
janeiro; em 12 meses, inflação supera centro da meta
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
O avanço dos preços dos alimentos e dos transportes, duas
das principais fontes de despesas das famílias brasileiras,
pressionou a inflação medida
pelo IPCA (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo)
em janeiro. Depois de registrar
0,37% em dezembro, o índice
oficial de inflação passou para
0,75%. Foi a maior taxa mensal
desde maio de 2008.
O acumulado em 12 meses
também subiu, para 4,59%, superando o centro da meta estipulada pelo governo, de 4,5%.
Instituído em 1999, o regime de
metas de inflação serve como
diretriz para as decisões da política monetária, com margem
de erro de dois pontos para
mais ou para menos.
Na ata de sua última reunião,
o Copom (Comitê da Política
Monetária), do Banco Central,
sinalizou que poderá aumentar
a taxa básica de juros devido ao
risco de elevação da inflação.
De acordo com a economista
Eulina dos Santos, do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento
de preços em janeiro ocorreu
de forma mais generalizada do
que em 2009. Com maior peso
no orçamento das famílias, os
alimentos, que no ano passado
tiveram pouco impacto sobre a
inflação, responderam por um
terço da taxa mensal. "As chuvas prejudicaram tanto a fase
da semeadura, no ano passado,
quanto a da colheita."
Segundo ela, a valorização recente do dólar também já afeta
produtos importados como o
bacalhau (5,41%) e o alho
(3,21%). A elevação dos preços
das commodities no mercado
internacional é outro fator de
preocupação -as carnes, que
em 2009 caíram 5,33%, em janeiro tiveram alta de 1,67%.
Outro produto que impactou
o IPCA foi o açúcar, nas versões
cristal (10,27%) e refinado
(6,25%). Além da chuva, que
prejudicou a colheita da cana,
pesou também a escassez do
produto no mercado global.
Com os usineiros destinando
maior parte da produção de cana para a exportação, o fenômeno levou ao aumento do álcool combustível, que teve alta
de 11,09% e causou reflexos
também sobre a gasolina
(1,33%), ao qual é adicionado.
Para tentar segurar os preços, o
governo anunciou a redução da
mistura de álcool e o corte da
alíquota da Cide (Contribuição
de Intervenção no Domínio
Econômico) na gasolina.
Outro gasto relacionado ao
transporte que teve elevação
foi a tarifa de ônibus urbano,
reajustada em 17,40% em São
Paulo e em 4,18% em Salvador,
o que causou uma variação de
3,90% na média do país. Em fevereiro, novos reajustes de ônibus no Rio de Janeiro e em Belém, de trem e metrô em São
Paulo e de táxi em Belo Horizonte devem voltar a pressionar o índice, ao lado dos reajustes das mensalidades escolares.
Para a economista-chefe da
corretora Icap, Inês Filipa, o resultado de janeiro deixa incertezas à vista, mas "não aumenta
o nível de estresse". Segundo
ela, é necessário aguardar para
ver se a alta dos alimentos é ou
não sazonal, bem como para ter
uma avaliação mais precisa do
efeito da aversão ao risco nos
mercados internacionais, que,
assim como derrubou a Bovespa nos últimos dias, pode mexer com o câmbio e o preço das
commodities.
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