São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2007

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EUA são centro da turbulência, dizem analistas

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
DA ENVIADA ESPECIAL A LONDRES


Os EUA são o centro da turbulência do mercado de valores, a qual deve persistir por mais tempo, com tendência à estabilidade. A avaliação é de analistas, economistas e investidores de Wall Street ouvidos pela Folha.
Hoje, a tensão do mercado é concentrada na revisão do crescimento dos EUA para baixo e na perspectiva de o Fed (Federal Reserve) iniciar um ciclo de redução na taxa de juros já no segundo trimestre. Se há menos crescimento, é possível que o valor das ações seja menor.
"Embora se esperasse que a correção durasse alguns dias, está levando mais tempo que o previsto. A principal razão que leva os investidores a vender ações é o medo do desaquecimento da economia dos EUA. A correção continua porque os emergentes ainda estão absorvendo o efeito psicológico da queda", diz o mexicano José Alfredo Coutino, economista-chefe da Moody's para América Latina.
"Os dois fatores mais importantes são a reavaliação do crescimento americano para baixo, tanto é assim que o preço mais sensível a isso são os juros que estão embutidos na curva do Tesouro americano, e a espera, com alta probabilidade, de um corte de juros pelo Fed. Isso já em algum momento no segundo ou terceiro trimestre deste ano, o que é uma grande mudança", completa Paulo Leme, diretor do banco de investimentos Goldman Sachs para América Latina.
Para a Moody's, a onda de volatilidade pode se refletir nos mercados emergentes por meio do preço das commodities. Com a desaceleração da economia dos EUA, explica a agência de classificação de risco, a demanda pelas commodities (como ferro, cobre, petróleo e derivados siderúrgicos) será menor, e o impacto nos países produtores desses bens primários, maior.
"A América Latina, sobretudo Brasil, Chile, Argentina e México, continua como a maior fornecedora de matérias-primas para o resto do mundo", diz Coutino.

Incógnita
Presidente do quarto maior banco do mundo, o HSBC, Stephen Green afirmou ontem que "ninguém sabe" o que acontecerá no mercado acionário global. "Pode ser uma pequena ou uma grande correção", disse, logo depois do anúncio dos resultados globais do HSBC.
Para Green, mais importante que o movimento das ações é o comportamento da economia real, que dá sinais de estar em boas condições. Em sua opinião, a economia mundial está mais equilibrada, com pequena desaceleração nos Estados Unidos, maior crescimento na Europa e no Japão e aumento da demanda nos mercados emergentes.
A possibilidade de uma recessão nos EUA é considerada remota por Green.


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