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EUA são centro da turbulência, dizem analistas
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
DA ENVIADA ESPECIAL A LONDRES
Os EUA são o centro da
turbulência do mercado de
valores, a qual deve persistir
por mais tempo, com tendência à estabilidade. A avaliação é de analistas, economistas e investidores de Wall
Street ouvidos pela Folha.
Hoje, a tensão do mercado
é concentrada na revisão do
crescimento dos EUA para
baixo e na perspectiva de o
Fed (Federal Reserve) iniciar um ciclo de redução na
taxa de juros já no segundo
trimestre. Se há menos crescimento, é possível que o valor das ações seja menor.
"Embora se esperasse que
a correção durasse alguns
dias, está levando mais tempo que o previsto. A principal razão que leva os investidores a vender ações é o medo do desaquecimento da
economia dos EUA. A correção continua porque os
emergentes ainda estão absorvendo o efeito psicológico
da queda", diz o mexicano
José Alfredo Coutino, economista-chefe da Moody's
para América Latina.
"Os dois fatores mais importantes são a reavaliação
do crescimento americano
para baixo, tanto é assim que
o preço mais sensível a isso
são os juros que estão embutidos na curva do Tesouro
americano, e a espera, com
alta probabilidade, de um
corte de juros pelo Fed. Isso
já em algum momento no segundo ou terceiro trimestre
deste ano, o que é uma grande mudança", completa Paulo Leme, diretor do banco de
investimentos Goldman
Sachs para América Latina.
Para a Moody's, a onda de
volatilidade pode se refletir
nos mercados emergentes
por meio do preço das commodities. Com a desaceleração da economia dos EUA,
explica a agência de classificação de risco, a demanda
pelas commodities (como
ferro, cobre, petróleo e derivados siderúrgicos) será menor, e o impacto nos países
produtores desses bens primários, maior.
"A América Latina, sobretudo Brasil, Chile, Argentina
e México, continua como a
maior fornecedora de matérias-primas para o resto do
mundo", diz Coutino.
Incógnita
Presidente do quarto
maior banco do mundo, o
HSBC, Stephen Green afirmou ontem que "ninguém
sabe" o que acontecerá no
mercado acionário global.
"Pode ser uma pequena ou
uma grande correção", disse,
logo depois do anúncio dos
resultados globais do HSBC.
Para Green, mais importante que o movimento das
ações é o comportamento da
economia real, que dá sinais
de estar em boas condições.
Em sua opinião, a economia
mundial está mais equilibrada, com pequena desaceleração nos Estados Unidos,
maior crescimento na Europa e no Japão e aumento da
demanda nos mercados
emergentes.
A possibilidade de uma recessão nos EUA é considerada remota por Green.
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