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Kirchner manipula inflação, dizem técnicos
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Em meio a protestos de técnicos contra a nova metodologia de cálculo da inflação argentina, o Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos),
órgão que equivale ao IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgou
ontem que a variação do IPC
(Índice de Preços ao Consumidor) em fevereiro foi de 0,3%.
A pesquisa de expectativas
do mercado feita pelo BC da Argentina com analistas, consultorias e universidades mostrou
que os economistas previam alta em torno de 0,7%. Estimativas independentes apontavam
para taxa de até 1,2%.
Técnicos do instituto e profissionais da área de estatística
acusam o governo de Néstor
Kirchner de "fraudar" e "manipular dados" para obter uma taxa de inflação menor do que a
real. Ontem, em protesto em
frente ao Ministério da Economia, eram exibidas faixas com o
texto "Índices retoKados", em
referência a Kirchner.
Os trabalhadores querem
que o Indec seja auditado por
entidades estatísticas internacionais e pela Sociedade Argentina de Estatística. O governo
diz que o protesto é político.
A metodologia do cálculo do
IPC foi alterada a partir de janeiro. Para os produtos e serviços que fazem parte de acordos
setoriais com o governo, o Indec passou a utilizar os preços
"oficiais", definidos nos acordos, e não mais os efetivamente
praticados no mercado.
Agora, na hora de visitar pontos-de-venda para verificar a
variação dos preços, os pesquisadores do instituto têm de levar um computador portátil
para registrar os dados imediatamente. Se o valor registrado
mostra uma variação maior
que a autorizada, a informação
é marcada como "duvidosa" no
banco de dados do Indec.
Em janeiro, quando especialistas previam até 2,1% de inflação, o índice oficial foi de 1,1%.
Os preços de turismo foram
tomados com base em pesquisas da Secretaria de Turismo do
país, desconsiderando os valores da pesquisa do próprio Indec. No caso dos planos de saúde, só foi computado o aumento autorizado de 2%, sendo que
o valor da mensalidade para o
consumidor subiu até 22%.
Em ano eleitoral, Kirchner,
que ainda não anunciou se é
candidato à reeleição ou se lança a candidatura de sua mulher,
Cristina Fernández, tem como
principais desafios conter a inflação e manter elevado o consumo.
Segundo relatório da consultoria Ecolatina, a estratégia governista para conter os preços
corre o risco de naufragar de
vez nos próximos meses se a
oferta de bens e serviços seguir
crescendo em ritmo inferior ao
da demanda.
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