São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2007

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Ministro francês diz que Brasil é "predador"

Para Bussereau, país quer entrar no mercado europeu sem dar contrapartida

Ministro da Agricultura diz que entrada de gado brasileiro sem tarifa aduaneira seria a destruição da pecuária francesa


DA REDAÇÃO

O ministro francês da Agricultura, Dominique Bussereau, acusou o Brasil de agir como "predador" nas negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio). Além do país, ele criticou outras "grandes potências agroindustriais", como Argentina, Austrália e Nova Zelândia.
"São países que gostariam de entrar em nossos mercados, que nós baixássemos as nossas tarifas aduaneiras sem dar a menor contrapartida para que pudéssemos entrar em seus mercados", afirmou o ministro durante entrevista a uma rádio francesa.
Bussereau disse que "caso se permita a entrada em solo europeu de gado brasileiro sem tarifas aduaneiras, seria a destruição da pecuária francesa".
Para o ministro francês, é necessário que "a França e a Europa sejam muito firmes nas negociações na OMC" porque "existe um sistema comunitário" e que "derrubar as fronteiras" significaria "destruir uma parte da agricultura" européia. Ele também afirmou que os americanos defendem mais a agricultura que os europeus.
No final da semana passada, o presidente francês, Jacques Chirac, disse que a União Européia deve se "manter firme como uma rocha" durante as negociações da Rodada Doha, de liberalização do comércio mundial. O mandatário também disse que o comissário do Comércio europeu, Peter Mandelson, deve ser vigiado pois "está disposto a ceder sempre sem que, em contrapartida, os americanos tenham manifestado nenhuma intenção de fazer a menor concessão no setor agrícola". Para ele, Mandelson está disposto demais a fazer concessões nas negociações de comércio mundial.
As críticas dos dirigentes franceses têm se acentuado à medida que se aproxima as eleições presidenciais do país -o primeiro turno está marcado para 22 de abril. Nicolas Sarkozy, o candidato do governo, tem liderado as pesquisas, mas a disputa é parelha com a socialista Ségolène Royal.
No final de janeiro, eles já haviam criticado a postura do próprio Mandelson, durante as negociações para a retomada de Doha, feitas no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). Na ocasião, os franceses disseram que Mandelson usou métodos de trabalho "inaceitáveis" em suas tentativas de retomar as negociações de liberalização do comércio mundial.
Para Bussereau, o comissário "circulou textos" e tornou "públicas ou semi-públicas" informações confidenciais nas negociações.


Com agências internacionais

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