São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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GM cogita entrar em concordata

Empresa de auditoria diz haver "dúvidas substanciais" sobre sustentabilidade da montadora; Dow Jones cai 4,1%

Caso companhia não opte pela concordata, bancos e demais credores poderão começar a requerer de volta recursos emprestados

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Novas notícias negativas sobre a GM e o comércio dos EUA derrubaram mais um vez a Bolsa de de Nova York ontem. O Dow Jones caiu 4,09%.
Os próprios auditores da GM já colocam em dúvida a viabilidade da companhia, e as ações da montadora recuaram 15% no pregão. Oficialmente, a GM já admite entrar em concordata. Também ontem, e pela primeira vez, as ações do Citigroup chegaram a ser negociadas abaixo de US$ 1.
Em seu relatório anual, a empresa de auditoria Deloitte & Touche, que supervisiona as contas da GM, disse haver "dúvidas substanciais" sobre a sustentabilidade da companhia.
A expectativa é que a GM entre em concordata nos próximos dias, recebendo paralelamente ajuda estatal de US$ 30 bilhões para que possa ser reestruturada.
Em 2008, a GM teve prejuízo de quase US$ 31 bilhões. Suas vendas caem desde setembro. No ano passado, foi ultrapassada pela Toyota como a maior montadora do mundo. Em fevereiro, a empresa teve queda de 53% nas vendas nos EUA.
Caso a empresa não opte pela concordata, que a projetaria judicialmente por um período, bancos e demais credores poderão começar a requerer de volta recursos (ou garantias) emprestados à montadora.
A GM tem acordos formais no valor de US$ 6,1 bilhões que permitem a seus credores e ao Tesouro dos EUA requerem o imediato pagamento de empréstimos caso seus auditores independentes (como foi o caso ontem) atestem a possível inviabilidade da companhia.
Em relatório, a GM avisou que não terá condições de honrar US$ 1 bilhão em dívidas com investidores que adquiriram papéis da companhia e que vencem em junho, caso a situação do mercado automobilístico nos EUA não melhore.
Os maiores credores da GM estiveram reunidos ontem com autoridades federais, que tentavam convencê-los a não executar as garantias ou a requerer seu dinheiro de volta imediatamente -enquanto o governo define um possível pacote de ajuda à montadora.
Jen Psaki, um dos porta-vozes da Casa Branca, afirmou que uma equipe do governo federal está "trabalhando contra o relógio" para encontrar uma solução para o grave problema de falta de caixa da GM.
Neste ano, o presidente da GM, Rick Wagoner, já anunciou que vai se manter no cargo mediante remuneração de US$ 1, até que a empresa volte a ser viável. No ano passado, porém, Wagoner recebeu US$ 5,5 milhões (R$ 13 milhões), mas seu salário já havia sido reduzido em 61% em relação a 2007.
Além da GM, os resultados das principais redes varejistas dos EUA em fevereiro contribuíram para derrubar a Bolsa ontem. A exceção foi o Wal-Mart. A rede vem crescendo graças a políticas agressivas de corte de preços e foco nos consumidores de baixa renda.
Com o Wal-Mart, as empresas de varejo nos EUA tiveram um aumento de faturamento de 0,7% no mês passado. Retirando a Wal-Mart das estatísticas, a queda teria sido de 4,1%.


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