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Inflação avança e é a maior em quase 2 anos
Puxado por reajustes de escolas, alimentos e transporte, IPCA sobe 0,78%, maior variação para um mês de fevereiro desde 2003
Para especialistas, índice já reflete impacto da economia mais aquecida; pressão deve continuar principalmente nos preços dos serviços
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Passada a crise, a economia
cresce em ritmo acelerado e já
existem indicações de algum
nível de contágio nos preços.
Um sinal desse cenário é a alta
da inflação em fevereiro: o
IPCA subiu para 0,78%, resultado pouco acima do 0,75% de
janeiro e o maior índice desde
maio de 2008. Na comparação
com os meses de fevereiro, é a
taxa mais alta para tal mês desde 2003, segundo o IBGE.
Segundo economistas e o
próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), já existem evidências de repasses mais intensos de custos
para os preços ao consumidor,
ainda que o quadro esteja distante de uma pressão inflacionária generalizada.
Tal tendência emerge especialmente dos números dos
serviços, itens mais resistentes
à inflação e que acompanham
de perto o nível de atividade e o
poder de compra -inflado pelo
reajuste real do salário mínimo.
Pelos dados consolidados da
LCA, esses itens passaram de
uma alta média de 0,61% em janeiro para 1,81% -em boa medida sob impulso de reajustes
das mensalidades escolares.
Em fevereiro, os colégios subiram 5,38% e puxaram para cima o grupo Educação (4,53%),
que, sozinho, correspondeu a
41% do IPCA de fevereiro.
"Existem sinais de que o
aquecimento da economia está
pressionando alguns preços",
disse Eulina Nunes dos Santos,
coordenadora de Índices de
Preços do IBGE. Isso, diz, explica a alta mais intensa do IPCA neste ano do que em 2009,
quando o índice avançou 0,48%
em fevereiro, mês que concentra os reajustes de mensalidades escolares.
Nunes dos Santos afirmou,
porém, que os alimentos estão
pressionados por causa principalmente do clima. É que o excesso de chuvas fez subir preços de hortaliças, frutas e legumes. O grupo Alimentação teve
alta de 0,96% em fevereiro.
Também pressionaram o
IPCA em fevereiro os custos
com transportes, que avançaram 0,79%, sob impacto dos aumentos dos ônibus (2,5%) e do
álcool (3,21%).
Descompressão
Segundo o economista Fábio
Romão, da LCA, há uma "descompressão" em curso dos preços de alimentos e transportes,
e a inflação está menos pulverizada do que em janeiro. Ainda
assim, diz, há uma nítida influência do nível de atividade
econômica sobre alguns itens
de serviços.
Neste ano, o PIB deve crescer
entre 5% e 6% e só não vai pressionar mais a inflação porque o
Banco Central deve elevar os
juros para conter o consumo e,
consequentemente, os preços.
Diante desse cenário, consultorias já ajustaram suas previsões para cima, e a maior parte
delas estima um IPCA na faixa
de 5%, acima do centro da meta
do governo -de 4,5%, com intervalo de tolerância de dois
pontos percentuais.
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