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Juros vão amenizar pressão inflacionária, dizem especialistas
Alta da Selic de até 2,5 pontos percentuais é
consenso; dúvida é sobre o início da elevação
DA SUCURSAL DO RIO
Não há, entre especialistas,
consenso se o atual cenário de
alta da inflação é apenas um
choque de oferta ou se o consumo mais intenso estimula reajustes maiores de preços de
bens e serviços. A única certeza
é que os juros subirão neste ano
até 2,5 pontos percentuais.
Hoje em 8,75% ao ano, a Selic
deve subir para até 11,25% ao final de 2010, segundo previsão
de especialistas. Desse modo,
não haveria risco de forte pressão inflacionária, e o IPCA tenderia a ficar na casa de 5%
-pouco acima do centro da
meta de 4,5%.
Se há consenso de que os juros vão subir, o mesmo não
ocorre sobre quando e por qual
período a política agirá. Um
grupo de economistas sustenta
que a mudança da Selic só deve
começar em junho; outro, neste mês ou em abril.
Para Fábio Romão, da LCA, a
inflação está sob controle
-apesar da resistência dos serviços e da pressão pontual de
alimentos e transporte- e uma
elevação da Selic só deve vir em
junho. O aumento será, prevê,
em suaves doses, perdurando
até o final deste ano.
Já Bernardo Wjuniski, da
Tendências, diz que o BC vai
elevar a Selic já em abril e chegar ao fim do ano com uma alta
de 2,5 pontos percentuais.
"O BC sabe que a inflação
atual é provocada mais por um
choque de oferta principalmente por fatores sazonais, como a chuva. Ao sinalizar sua
preocupação com a inflação, ele
está mais de olho na deterioração das expectativas quanto aos
índices futuros, o que pode realimentar a inflação."
Ou seja, o BC está mais preocupado com a inflação de 2011
ao apertar a política monetária
agora do que com a de 2010. Romão tem a mesma opinião.
Já para Felipe Bueno, da Rosenberg e Associados, sem a alta dos juros agora, o aquecimento da economia levaria a
inflação a estourar o teto da
meta deste ano -de 6,5%. A
ação do BC, diz, deve ter início
em abril e aumentar em até
dois pontos percentuais a Selic.
"Isso vai representar, mesmo
que com uma defasagem de
dois ou três meses, um efeito
forte para conter o IPCA neste
ano", diz o economista.
Na visão dele, a maior fonte
de preocupação vem dos preços
"indexados" dos serviços. As altas de alimentos e combustíveis, prevê, serão passageiras.
Para Romão, o BC foca, de fato, mais a pressão inflacionária
de 2011 e está atento principalmente ao comportamento dos
serviços.
Os preços administrados, diz,
e os alimentos não preocupam
tanto. O primeiro grupo, pondera, beneficia-se da inflação
mais baixa em 2009, que corrige os contratos deste ano. Já o
segundo não encontra espaço
para subir em razão da ainda
combalida economia global,
que não permite altas expressivas de commodities.
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