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Coleção de inverno é maior e tem mais importados
Com o fim da crise, lojistas aumentam pedidos em 10%, em média, em relação a 2009
Câmbio favorável beneficia importação, principalmente da China; preços devem subir entre 5% e 10% com a alta do custo dos insumos
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A coleção outono-inverno
que começa a chegar às lojas
neste mês está maior, mais cara
e com mais oferta de artigos
importados do que a de 2009.
Passado o susto da crise, lojistas aumentaram em 10%, em
média, as encomendas de roupas para o frio. Há casos de
crescimento de até 40% na
comparação com 2009.
Com a taxa de câmbio mais
favorável à importação, o comércio optou também por trazer mais peças do exterior,
principalmente da China, segundo confecções e lojas consultadas pela Folha.
As confecções e as lojas esperam, com esse mercado mais
favorável, recuperar margens
de lucro. Os preços das roupas
de inverno devem ser entre 5%
e 10% maiores do que no ano
passado, como consequência
da alta de custos dos insumos,
segundo as confecções. Há
anos os preços das roupas sobem menos do que a inflação,
segundo levantamento da Fipe.
As confecções brasileiras
produzem cerca de 6,5 bilhões
de peças por ano. A coleção outono-inverno representa cerca
de 30% a 35% desse volume. Se
o mercado continuar no ritmo
em que está, segundo confecções, a produção pode passar
de 7 bilhões de peças neste ano.
"Não podemos dizer que o
setor têxtil saiu da crise que enfrenta há anos por conta da
concorrência desleal com importados e da alta carga tributária, mas este ano parece que
vai ser bem mais favorável", diz
Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit -associação que reúne as tecelagens e as confecções.
"A previsão de que a economia brasileira cresça 5% neste
ano estimula o consumidor e,
em consequência, o lojista, segundo Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário -sindicato que representa cerca de
10 mil confecções paulistas.
Sem mercadoria
"Em 2008, faltou mercadoria
para o inverno. Em 2009, as
vendas caíram por conta da crise. Neste ano, o consumidor está ávido para comprar. É o que
sentimos neste momento."
A TVZ, confecção de roupas
femininas com 15 lojas próprias
e 25 franqueadas, elevou em
40%, para 200 mil peças, a produção da coleção outono-inverno neste ano na comparação
com a do ano passado.
"O mercado está bem mais
aquecido depois que passou o
susto da crise. Já sentimos isso
no final do ano passado, quando a procura pela coleção de verão aumentou 35%", afirma
Alexandre Zolko, sócio-proprietário da TVZ. O consumidor mais confiante levou a empresa a lançar uma marca de sapatos -a My Shoes- para também ser franqueada.
A TVZ importa da China
100% dos tecidos para produção de suas roupas. Com o dólar
mais favorável, pretende também trazer peças prontas do
exterior. "Estou indo para a
China para fechar negócio com
fábricas chinesas", afirma Zolko, que pretende subir para
30% a participação dos importados nas próximas coleções.
A confecção Controvento, especializada em roupas femininas, vai elevar entre 10% e 12%
a produção da coleção outono-inverno deste ano.
"O primeiro semestre do ano
passado foi desastroso. Os lojistas estavam apavorados e sem
dinheiro. Neste ano, o espírito
do varejista é outro, e o crédito
voltou para ele", diz Stefanos
Anastassiadis, sócio-proprietário da Controvento.
Eliana Penna Moreira, sócia-proprietária da Lita Mortari,
confecção com seis lojas, optou
por expandir em 10% a produção de peças de inverno neste
ano. "Também decidi antecipar
o lançamento da coleção outono-inverno porque havia demanda", afirma Moreira.
As confecções informam que
poderiam estar produzindo
mais se não fosse a concorrência desleal com os importados.
"O produto brasileiro é melhor e pode ser entregue rapidamente para os lojistas. O setor de vestuário atravessa um
momento de transição por conta da concorrência cada vez
maior com os importados", diz
Anastassiadis.
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