São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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EXUBERÂNCIA
Mercado reagiu com alívio à divulgação do aumento do índice de desemprego, o que reduziu a taxa de juros
Desemprego sobe e Bolsa de NY bate recorde

MARCELO DIEGO
de Nova York

A Bolsa de Nova York bateu ontem o recorde histórico de pontos, fechando o dia a 9.736,08 e ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 9.700 pontos.
O mercado reagiu com alívio ao relatório divulgado pelo Departamento de Trabalho, ontem, dizendo que a taxa de desemprego no país teve um pequeno aumento em fevereiro. Se a taxa fosse negativa, os juros internos poderiam ser aumentados.
O índice Dow Jones, que reúne as 30 ações mais negociadas no pregão, fechou com alta de 268,68 pontos, ou 2,84%. Anteontem, a Bolsa já havia fechado em alta de 191 pontos.
Apesar do recorde, a maior alta percentual ainda pertence ao dia 9 de setembro de 1997 (4%).
Das 30 ações do Dow Jones, 29 fecharam o dia valorizadas, ontem.
Limitador
O mercado apresentou tendência de alta durante todo o dia de ontem-o que forçou o acionamento do limitador, um mecanismo que paralisa os negócios quando a Bolsa está em alta ou queda muito acentuada. O limitador foi acionado quando o índice atingiu 180 pontos.
Foi a reação esperada ao relatório divulgado durante a manhã de ontem, pelo Departamento de Trabalho, dizendo que a taxa de desemprego no país cresceu 0,1 ponto percentual de janeiro para fevereiro, passando de 4,3% para 4,4% da PEA (População Economicamente Ativa).
Isso significa que 6,1 milhão de norte-americanos estão desempregados atualmente.
Especialistas esperavam uma manutenção ou queda da taxa. Além disso, o relatório mostrou que o valor médio da hora trabalhada nos EUA teve aumento de apenas 0,1%, passando a US$ 13,04.
Em janeiro, o aumento havia sido de 0,3%.
"Os dados são favoráveis, pois mostram que a economia norte-americana está crescendo dentro de um patamar constante, mas respeitando suas limitações", afirmou o estrategista Peter Coolidge, da Brian, Murray e Co.
Havia medo no mercado de que a economia estivesse crescendo desordenadamente e que a baixa taxa de desemprego colocasse muito dinheiro em circulação, pressionando alta de preços e a inflação.
Na semana passada, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Alan Greenspan, anunciou que poderia subir as taxas de juros para frear o crescimento e evitar pressão inflacionária. Os juros anuais no país são de 4,75%.
"A hipótese fica muito remota agora. Se o crescimento é sustentado, não precisa haver alteração de rumo", disse Coolidge.
A alta na taxa de desemprego foi a primeira detectada desde junho do ano passado. A média anual de 1998 foi de 4,5%, a menor desde 1969.
Mesmo assim, mostrando sinais da força da economia norte-americana, 275 mil postos de trabalho foram criados no último mês (a indústria foi responsável por 123 mil deles). Cerca de 337 mil foram fechados (50 mil no setor manufatureiro).
A média mensal de hora extra caiu de 4,6 horas para 4,5 horas. Embora o desemprego tenha aumentado, em parte ele foi voluntário: o número de pessoas que pediram demissão no mês subiu de 11,8% em janeiro para 12,3% em fevereiro.
Entre os desempregados, a maior fatia concentra os adolescentes (14,1%) e os negros (8,3%). Mulheres e homens brancos representam a menor fatia de desempregados (3,8%).


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