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País tem de focar álcool de resíduos, diz BNDES
Produção a partir do bagaço da cana abriria espaço para a indústria alcoolquímica
Investimentos no setor permitiriam no longo prazo minimizar ou até reverter o déficit da indústria química na balança comercial do país
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O país precisa investir na
produção de álcool a partir de
resíduos, como o bagaço da cana e a palha de milho, para não
perder sua posição de liderança
na produção do combustível,
revela estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo Valéria Delgado
Bastos, economista do banco e
autora do estudo, o país precisa
ampliar o leque de aplicações
do álcool, atualmente concentrado no mercado interno e no
uso como combustível.
Com a produção a partir dos
resíduos agrícolas, o Brasil poderia reativar a indústria alcoolquímica, deixada de lado
com o crescimento da indústria
petroquímica. Dessa forma, seria possível no longo prazo minimizar ou até mesmo reverter
o déficit da indústria química
na balança comercial, da ordem
de US$ 8,6 bilhões.
"O país esbarra no limite de
expansão da oferta de nafta para ampliar a produção de produtos químicos. Já importamos de 30% a 40% da nafta usada aqui", afirmou.
A necessidade de matéria-prima ganha ainda mais destaque com a perspectiva de crescimento mais acelerado da economia nos próximos anos. A indústria petroquímica produz
plásticos usados em uma grande gama de produtos, como copos e sacos plásticos.
O papel da produção a partir
de resíduos seria complementar, já que o país ainda tem
grande vantagem competitiva
com a produção a partir da cana-de-açúcar. O custo de produção é de 30% a 50% inferior
ao do etanol do milho, usado
nos EUA e inferior ao do álcool
de beterraba (europeu).
Os custos de produção a partir de resíduos são proibitivos,
mas os países desenvolvidos
têm feito investimentos nessa
área. Brasil e EUA são responsáveis pela produção de cerca
de 70% do álcool no mundo.
O investimento nessa forma
de produção de álcool está relacionado à necessidade de ampliar a oferta de matérias-primas sem pressionar a área
plantada para produção de alimentos. Isso é feito com materiais lignocelulósicos, como resíduos agrícolas, agroindustriais e florestais, que incluem o
sabugo e a palha do milho, o bagaço e a palha da cana.
"A intensa mobilização de
empresas, da academia e o
enorme apoio público nos países desenvolvidos, com concessão de diversos incentivos, prometem resultados auspiciosos
num horizonte não muito distante", afirma o estudo.
Para o banco, são necessárias
medidas de apoio que incluam
estímulo ao consumo, à produção, incentivos fiscais, creditícios e de preços para unidades
industriais que usem o álcool
como matéria-prima.
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