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Crise torna dividendos mais atraentes para o investidor
Remuneração não varia com o preço das ações e compensa momentos de queda na Bolsa
Normalmente, as empresas
que mais pagam dividendo
são as que demandam menor
investimento e têm menor
risco de queda de receita
DA REPORTAGEM LOCAL
Livre de impostos, o retorno
da aplicação em ações via dividendos sempre foi relegado a
segundo plano pelo mercado
acionário brasileiro. Isso porque os ganhos potenciais com a
valorização das ações na Bolsa
sempre foram proporcionalmente superiores aos dividendos pagos pelas empresas.
Enquanto as companhias
mais agressivas na remuneração ao acionista chegaram no
máximo a dar um retorno de
12% no ano passado, papéis de
baixo risco como os PN da Vale
e da Petrobras tiveram ganhos
de 91,4% e de 79,71% apenas
com a valorização em Bolsa. Na
média, o retorno repassado ao
acionista vai de 3% a 4%.
Com o amadurecimento do
mercado brasileiro, fica cada
vez mais difícil encontrar ações
baratas -e de alto potencial de
valorização-, tornando o retorno via dividendo mais interessante. A crise americana e o
aumento das oscilações nos
mercados tornaram ainda mais
atraentes os dividendos.
Normalmente, as empresas
que mais pagam dividendo são
as que demandam menor investimento e têm menor risco
de queda de receita em seu negócio, como as concessionárias
de água e esgoto e distribuidoras de energia. Por outro lado, o
preço das ações desses setores
já embute a expectativa total de
ganhos e costuma ter pouco potencial de valorização.
"Os dividendos são defensivos em momentos de crise. Não
variam com o preço das ações e
compensam os momentos de
queda na Bolsa", disse Roseli
Machado, diretora de fundos
do banco Fator.
Normalmente, os dividendos
são depositados diretamente
na conta corrente do detentor
de uma ação. O mesmo não costuma acontecer com os cotistas
de fundos de investimento. Na
maioria dos casos, os dividendos acabam indo para o patrimônio do fundo, aumentando a
cota do investidor.
O problema é que o dividendo é isento de IR (a empresa já
pagou o tributo em sua operação). Quando vira cota de um
fundo, o investidor perde essa
vantagem fiscal, pois o ganho
aferido está sujeito ao IR por
ganho de capital.
O banco Fator lançou em dezembro do ano passado um
fundo focado em dividendos.
Antes do lançamento, o banco
estudou pagar os dividendos diretamente na conta do cotista,
como acontece com o dono de
ações, mas acabou desistindo
por uma limitação operacional
de seu agente custodiante.
Uma das poucas gestoras
brasileiras a efetuar o pagamento dos dividendos direto na
conta do cotista, a GAS Investimentos tem o fundo GAS Dividendos, focado em ações do setor elétrico. Segundo Luiz Liuzzi, analista da GAS, o fundo deu
retorno de 38,7% aos cotistas
em 2007, sendo 8,02 pontos em
dinheiro na conta. "É dinheiro
na veia. A vantagem é que é livre de imposto", disse.
Para André Oda, especialista
em fundos do LabFin-USP (Laboratório de Finanças), o pagamento de dividendo direto na
conta do cotista não decola
porque não interessa aos gestores. "O administrador do fundo
ganha mais com a taxa de administração se o dividendo entrar
no fundo. E a Receita Federal
também recolhe mais. Se não
fazem dar certo, é porque não
ganham nada com isso", disse.
Campeãs do dividendo
Entre as campeãs de distribuição de dividendos no ano
passado, estavam a AES Tietê e
a Eletropaulo Metropolitana,
que deram, ambas, retorno de
12% sobre o capital investido.
Na Bolsa, as ações PN da Tietê e
da Eletropaulo subiram 18,45%
e 42,77%, respectivamente.
"Temos uma posição confortável de caixa, que permite uma
política agressiva de distribuição de dividendos. Nosso endividamento está baixo e não há
necessidade de grandes investimentos", disse Clarice Silva Assis, diretora de relações com investidores da Eletropaulo e da
AES Tietê.
A Eletropaulo destinou
100,3% de seu lucro líquido aos
acionistas, na forma de dividendos e de juros sobre o capital. No caso da Tietê, o pagamento foi de 101% do lucro.
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