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Importante é inflação na meta, diz BC
Meirelles diz que prioridade é conter escalada de preços e, "em última análise, melhora no bem-estar da população"
Presidente do BC afirma que Fazenda e autoridade monetária têm suas prerrogativas e vê país mais forte diante da crise externa
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
Com a expectativa do mercado de aumento da taxa Selic já
neste mês, o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem nos EUA
que "o importante [para o país]
não é o movimento das taxas de
juros", mas a inflação dentro da
meta.
Em Miami Beach para encontros com investidores durante a Reunião Anual do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), Meirelles disse que "o importante é nós termos a inflação na meta, o país
crescendo, a economia estabilizada, os empregos sendo criados e, em última análise, a melhora do bem-estar da população". Ele não comentou a tendência para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nos dias 15 e 16 de abril.
Desde que a ata da última
reunião do Copom deu forte sinalização de que o BC pode elevar os juros, setores do governo
e da indústria atuam contra nova alta da Selic, hoje em 11,25%.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) chegou a propor limitações ao crédito (e depois
recuou) e cortes maiores no Orçamento para conter a demanda. Mantega, Meirelles e Lula
se reuniram na semana passada para tratar do assunto.
"São coisas diferentes. São
diversos órgãos do governo que
tomam as decisões em sua área
de atuação. A Fazenda toma
uma série de decisões dentro
das suas prerrogativas. Quando
chega na reunião do Copom, o
Copom analisa o quadro geral
da economia, da conjuntura, e
toma a sua decisão, levando em
conta uma série de fatores. O
Copom não leva em conta apenas um fator", disse Meirelles.
O governo estuda três valores
de cortes (R$ 14,5 bilhões, R$
16,5 bilhões ou R$ 19,5 bilhões)
para acrescentar ao corte de R$
12,5 bilhões aprovado pelo
Congresso. A contenção, diz a
Fazenda, seria capaz por si só
de esfriar a alta do consumo observada desde o final de 2007,
que pressiona a inflação.
Meirelles insiste que sua
prioridade é enquadrar o país
dentro de sua meta inflacionária. "A história mostra que o
melhor para um país é uma inflação na meta (...), que dá condições para as famílias e as empresas planejarem, fazerem
seus investimentos com tranqüilidade."
A meta de inflação (IPCA) é
de 4,5%, com intervalo de tolerância dois pontos para cima ou
para baixo. Meirelles confirma
a atenção com a expansão do
mercado interno.
"O BC está o tempo todo analisando com muito cuidado esse equilíbrio entre oferta e demanda e possíveis preocupações inflacionárias e isso está
suficientemente bem analisado
no âmbito do Copom e no relatório de inflação do Banco Central. A análise ali já é exaustiva a
esse respeito", declarou.
Crise dos EUA
Meirelles voltou a defender
que o Brasil está em posição favorável diante da crise financeira atual, puxada pelo mercado imobiliário dos EUA.
"É uma situação que exige a
atenção de todos mas, em relação ao Brasil, persiste uma visão geral de relativo conforto,
apesar de que é evidente que
uma recessão americana não é
boa para ninguém", disse, sobre
seu diálogo com os investidores.
Perguntado se, estando no
país onde Hillary Clinton e Barack Obama protagonizam a
disputa democrata pela Presidência, ele se entusiasma a concorrer a cargos políticos no
Brasil, Meirelles não respondeu. Deu um sorriso e levantou-se da mesa, encerrando a
entrevista coletiva.
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