São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Importante é inflação na meta, diz BC

Meirelles diz que prioridade é conter escalada de preços e, "em última análise, melhora no bem-estar da população"

Presidente do BC afirma que Fazenda e autoridade monetária têm suas prerrogativas e vê país mais forte diante da crise externa

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

Com a expectativa do mercado de aumento da taxa Selic já neste mês, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem nos EUA que "o importante [para o país] não é o movimento das taxas de juros", mas a inflação dentro da meta.
Em Miami Beach para encontros com investidores durante a Reunião Anual do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Meirelles disse que "o importante é nós termos a inflação na meta, o país crescendo, a economia estabilizada, os empregos sendo criados e, em última análise, a melhora do bem-estar da população". Ele não comentou a tendência para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nos dias 15 e 16 de abril.
Desde que a ata da última reunião do Copom deu forte sinalização de que o BC pode elevar os juros, setores do governo e da indústria atuam contra nova alta da Selic, hoje em 11,25%. O ministro Guido Mantega (Fazenda) chegou a propor limitações ao crédito (e depois recuou) e cortes maiores no Orçamento para conter a demanda. Mantega, Meirelles e Lula se reuniram na semana passada para tratar do assunto.
"São coisas diferentes. São diversos órgãos do governo que tomam as decisões em sua área de atuação. A Fazenda toma uma série de decisões dentro das suas prerrogativas. Quando chega na reunião do Copom, o Copom analisa o quadro geral da economia, da conjuntura, e toma a sua decisão, levando em conta uma série de fatores. O Copom não leva em conta apenas um fator", disse Meirelles.
O governo estuda três valores de cortes (R$ 14,5 bilhões, R$ 16,5 bilhões ou R$ 19,5 bilhões) para acrescentar ao corte de R$ 12,5 bilhões aprovado pelo Congresso. A contenção, diz a Fazenda, seria capaz por si só de esfriar a alta do consumo observada desde o final de 2007, que pressiona a inflação.
Meirelles insiste que sua prioridade é enquadrar o país dentro de sua meta inflacionária. "A história mostra que o melhor para um país é uma inflação na meta (...), que dá condições para as famílias e as empresas planejarem, fazerem seus investimentos com tranqüilidade."
A meta de inflação (IPCA) é de 4,5%, com intervalo de tolerância dois pontos para cima ou para baixo. Meirelles confirma a atenção com a expansão do mercado interno.
"O BC está o tempo todo analisando com muito cuidado esse equilíbrio entre oferta e demanda e possíveis preocupações inflacionárias e isso está suficientemente bem analisado no âmbito do Copom e no relatório de inflação do Banco Central. A análise ali já é exaustiva a esse respeito", declarou.

Crise dos EUA
Meirelles voltou a defender que o Brasil está em posição favorável diante da crise financeira atual, puxada pelo mercado imobiliário dos EUA.
"É uma situação que exige a atenção de todos mas, em relação ao Brasil, persiste uma visão geral de relativo conforto, apesar de que é evidente que uma recessão americana não é boa para ninguém", disse, sobre seu diálogo com os investidores.
Perguntado se, estando no país onde Hillary Clinton e Barack Obama protagonizam a disputa democrata pela Presidência, ele se entusiasma a concorrer a cargos políticos no Brasil, Meirelles não respondeu. Deu um sorriso e levantou-se da mesa, encerrando a entrevista coletiva.


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