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Folhainvest
Analistas recomendam cautela na Bolsa
Apesar da alta de 9,2% da Bovespa nos últimos 4 pregões, especialistas alertam para incertezas na economia global nos próximos meses
Analistas afirmam que
investidor deve entrar
aos poucos no mercado
acionário; Bolsa precisa
subir 65% para voltar ao pico
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A escalada da Bolsa de Valores de São Paulo na semana
passada fez muita gente começar a se questionar se o momento mais crítico do mercado
ficou para trás. Apenas nos últimos quatro pregões, a Bovespa
deu um salto de 9,2% e alcançou seu mais elevado nível em
seis meses. No ano, os ganhos
acumulados chegam a 18,22%.
Todavia, mesmo que o desempenho recente do mercado
de ações possa gerar certa euforia, analistas advertem que ainda há muitas incertezas em relação ao desempenho da economia mundial pelos próximos
meses. E, consequentemente,
não há garantias de que a Bolsa
seguirá em rota de alta.
"Começamos a entrar em um
processo de recuperação, mas
não é hora de ficar ansioso para
investir em ações. Nesse momento, é bom entrar na Bolsa
aos poucos. Vai demorar para
que a Bovespa consiga retomar
seus picos", diz Ricardo Almeida, professor de finanças do Ibmec-SP. "Realizações de lucros
vão ocorrer pelo caminho."
Aos 44.390 pontos, a Bovespa encerrou a sexta em sua
mais alta pontuação desde o dia
3 de outubro. Mas ainda está
distante de sua máxima histórica, os 73.516 pontos marcados
no dia 20 de maio de 2008.
A pontuação da Bolsa oscila
com o sobe e desce do valor das
ações. Assim, quando a pontuação atinge um recorde, significa
que nunca as ações estiveram
tão valorizadas.
Para retomar seu recorde, a
Bolsa de Valores terá de se
apreciar em mais de 65%.
"Até o começo da semana
[passada], falava-se em Bolsa a
50 mil pontos no fim do ano. E
não acho que o cenário tenha se
alterado drasticamente. Não
adianta começar a pensar que a
Bolsa retornará aos 70 mil pontos", diz Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos
da corretora Souza Barros.
Monteiro lembra que, apesar
de o mercado ter se animado na
semana passada com os anúncios feitos na reunião do G20, a
economia mundial ainda está
muito comprometida. "Tem de
esperar para ver como a economia vai se comportar daqui para a frente. Devemos ter dados
econômicos mais claros no fim
do segundo trimestre", diz.
A oscilação das ações reflete
as perspectivas para os resultados das companhias. E, com o
atual cenário debilitado, não se
espera que as empresas com
ações em Bolsa consigam ser
muito mais lucrativas do que
foram no ano passado. Ao menos este primeiro semestre
promete ser bastante difícil.
Um bom exemplo é o setor
bancário. Em 2008, segundo levantamento da Economática,
os bancos registraram lucro
2,8% menor que em 2007
-considerando 28 instituições
financeiras de capital aberto.
Para este ano, com juros em
queda e demanda menor por
crédito, as projeções indicam
que os lucros dos bancos serão
ainda menores.
De qualquer forma, os investidores brasileiros têm demonstrado interesse em aplicar em ações, talvez por acreditarem que os preços dos papéis
já tenham caído muito. No ano,
a captação dos fundos de ações
está positiva em R$ 1,97 bilhão.
Humor internacional
A história recente mostra
que, para a recuperação da Bovespa, é fundamental o apetite
do investidor estrangeiro. Sendo a categoria que mais negocia
no pregão, com 34,5% do total
movimentado, os estrangeiros
desempenham grande influência nas oscilações do mercado
acionário doméstico.
Em março, quando o índice
Ibovespa (principal referência
do mercado local) registrou valorização de 7,1%, em seu melhor mês desde abril de 2008,
os estrangeiros mais compraram que venderam ações no
pregão. O saldo das operações
da categoria no mês ficou positivo em R$ 1,44 bilhão -também o melhor resultado desde
abril passado.
Se o humor internacional
voltar a piorar e espantar novamente o capital externo daqui
-entre junho e janeiro, o saldo
das operações dos estrangeiros
ficou negativo-, a Bolsa brasileira terá dificuldades para
manter a recente recuperação.
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