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Setor que compete com importado cria vaga
Alguns segmentos aumentaram compras no exterior e, mesmo assim, contrataram mais, caso do ramo automobilístico
Por outro lado, há áreas em que importação de insumos melhora a produção, mas reduz empregos, como no setor de material eletrônico
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário do discurso de
que o aumento das importações provoca desemprego na
indústria nacional, o cruzamento de dados entre a participação das importações e a geração de empregos mostra que
nem sempre isso acontece.
Alguns setores aumentaram
suas compras externas e, mesmo assim, abriram mais vagas
nos dois últimos anos. O segmento de veículos automotores
é um deles. Entre 2005 e 2006,
abriu 21.058 novos postos de
trabalho. No período, a encomenda de produtos internacionais na área também subiu.
A participação das importações no consumo do segmento
de veículos automotores passou de 11% em 2004 para 13%
em 2005, segundo indicador
calculado pelo BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), o chamado coeficiente de penetração
das importações.
Nesse caso, montadoras e outras empresas do setor importaram peças aproveitando o dólar barato, reduziram custos e,
beneficiados pelo aumento da
renda e pela expansão do crédito, aumentaram a sua produção
e contrataram mais.
Outros setores não só importaram insumos mais baratos
como também conseguiram
crescer mesmo com a concorrência de importados. É o caso
do setor de alimentos, campeão
na geração de empregos. De
2004 para cá, o setor também
elevou suas compras internacionais. O coeficiente de penetração das importações passou
de 3% para 4%.
O indicador mede a participação das importações no consumo doméstico, o que contribui para identificar movimentos de substituição de produtos
nacionais por importados.
No setor de vestuário, responsável pela criação de 49.647
vagas entre 2005-2006, o coeficiente também apresentou variação. Em 2004, a participação
das importações situava-se em
3%. Subiu para 4% em 2005,
passando para 6% no ano passado. A indústria têxtil, porém,
sofreu no período, cortando
mais vagas do que abrindo.
Os outros três setores em que
o aumento das importações
não impediu a forte expansão
do emprego são: produtos de
metal; borracha e plástico; e
minerais não-metálicos (veja
quadro na pág. B4).
Na análise de especialistas, o
aumento das importações permite um incremento na produção de alguns setores, gerando
maior necessidade por mão-de-obra. Em outros, porém, esse aumento de compras de insumos no exterior aumenta a
produção, mas reduz vagas.
Um exemplo é o setor de material eletrônico e de comunicações. Em 2006, o segmento
cortou 1.560 postos de trabalho. Já o seu coeficiente de penetração de importações pulou
de 45% para 51% entre 2005 e o
ano passado.
No setor de eletrodomésticos
esse fenômeno também acontece. O professor Fábio Dória
Scatolin, da Universidade Federal do Paraná, lembra que
uma indústria do Estado importa peças da China e basicamente acrescenta sua marca
para vender o produto no país.
Emergentes
Estudo do BNDES indica que
a participação das importações
no Brasil ainda é baixa, situando-se em 5,5% na média de todos os setores econômicos. Outros países emergentes, como a
Coréia do Sul e o México, têm
coeficientes de penetração superiores a 20%. No caso do país
asiático, o percentual é de
25,3%. No México, de 21,6%.
O dado é usado para mostrar
que a economia brasileira ainda
é relativamente fechada em
comparação com outras. Quando se analisa somente o coeficiente da indústria brasileira,
no entanto, o indicador sobe
para 19%, aproximando-se de
países com a Coréia.
(VALDO CRUZ e JULIANNA SOFIA)
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