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Meirelles minimiza risco de especulação
Presidente do BC diz que grau de investimento deve elevar entrada de capital de longo prazo e reduzir o especulativo
Brasil é citado como exemplo da força dos emergentes em meio à crise financeira em reunião de chefes de BCs na Basiléia
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BASILÉIA
A entrada de capitais no Brasil motivada pela concessão do
grau de investimento ao país
não ocorrerá "do dia para a noite", disse o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
que espera um aumento dos investimentos de longo prazo.
Meirelles fez o comentário
após reunião de autoridades
monetárias no BIS (Banco de
Compensações Financeiras),
em Basiléia, na qual o Brasil foi
citado como exemplo da saúde
das economias emergentes.
"A história mostra que, num
país que atinge "investment
grade", a presença do capital especulativo tende a diminuir. E
aumentam os investimentos de
longo prazo", disse Meirelles.
"O chamado "smart money",
aquele que busca um lucro rápido, tende a diminuir, e aqueles fundos de longo prazo, o
"real money", tendem a aumentar gradualmente."
Não deve ocorrer, afirmou,
uma súbita enxurrada de capitais no país, seja de curto ou
longo prazo. "É um movimento
paulatino, não ocorre necessariamente do dia para a noite",
disse o presidente do BC, explicando que alguns fundos de
pensão, por exemplo, precisarão esperar pelo aval de uma segunda agência de rating, além
da Standard & Poor's.
Meirelles disse que não cabe
a ele, como autoridade monetária, pensar em restrições à entrada de certos tipos de capitais. Mas considera "normal" o
debate em torno dos capitais
que o Brasil vai atrair. "Compete a cada analista fazer sua
aposta, acertar ou errar. E pagar o preço por isso", disse.
Na entrevista coletiva em
que resumiu as preocupações
dos banqueiros sobre a economia mundial, o presidente do
BCE (Banco Central Europeu),
Jean-Claude Trichet, fez um
elogio indireto ao Brasil. Indagado sobre o grau de investimento brasileiro, Trichet disse
que é uma "ilustração" da resistência dos mercados emergentes em meio às turbulências
que atingiram os países ricos.
Meirelles afirmou que a economia brasileira "está saudável
e com dinâmica forte", mas que
não convém facilitar. Disse que
o BC "está atento" às pressões
inflacionárias e que os riscos
ainda estão presentes na economia mundial. Por isso, é preciso ter cuidado para não confundir o "desejo" de ficar imune à crise e a "realidade".
Diante dos indícios de que a
recessão nos EUA será "moderada", o BC mantém a meta de
crescimento em 4,8% para
2008, disse Meirelles.
Sobre a crise dos alimentos,
Meirelles disse que o principal
motivo é o aumento da demanda provocada pelo avanço dos
países emergentes, como o Brasil. Trichet repetiu o diagnóstico, mas lembrou que a especulação também influi, embora
não seja o fator principal.
Trichet deu ainda um conselho aos países que acumularam
superávit, como o Brasil e principalmente países asiáticos e
petroleiros. "Para o bem da
economia global, seria apropriado que as economias com
grande superávit pudessem, de
forma simétrica, diminuir um
pouco seu superávit em conta
corrente, o que permitiria que a
economia global absorva essa
correção de trajetória da melhor forma possível."
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