São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Queda da Selic deve baixar juro do BNDES

A queda da Selic deve fazer com que caiam os juros dos empréstimos do BNDES. O governo estuda uma redução nas taxas cobradas ao BNDES pelos R$ 100 bilhões repassados pelo Tesouro para o período 2009/ 2010. A queda no custo de captação desses recursos fará com que caiam as taxas dos financiamentos do banco.
Hoje, o Tesouro cobra TJLP mais 2,5% ao ano pelos recursos que são repassados ao banco. Como a TJLP está em 6,25%, isso significa que a taxa cobrada pela União por esse repasse custa 8,75% ao BNDES. A outra grande fonte de recurso do banco, o dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), custa apenas a TJLP.
A ideia de baixar o custo do repasse da União foi defendida no governo pelo próprio presidente do banco, Luciano Coutinho. Em conversa recente com empresários, Coutinho disse que não fazia sentido o custo do dinheiro da União não baixar em um momento em que a Selic está em queda.
Os empresários também devem fazer o mesmo junto ao governo. O presidente da Abdib (da indústria de bens de capital), Paulo Godoy, ia defender essa ideia hoje, na reunião do grupo de acompanhamento da crise no Ministério da Fazenda, mas o encontro foi adiado para o próximo dia 13.
O fato é que, caso se confirme essa alteração no custo de captação, o BNDES está disposto a imediatamente baixar os juros dos empréstimos. A avaliação dentro do banco é que os juros mais baixos servirão até de estímulo para aumentar a consulta para novos investimentos. A crise baixou a procura por financiamentos para investimentos.
Os juros cobrados pelo BNDES em seus financiamentos variam bastante dependendo da linha. Um empréstimo, por exemplo, para um projeto de geração de energia elétrica, que está dentro das prioridades do banco, pode variar de 10% a 14% ao ano. Já um empréstimo de capital de giro pode chegar a 15% ao ano. São taxas ainda mais baixas do que as cobradas pelos bancos privados, mas muito mais altas do que as do mercado internacional. O problema é que as linhas externas ainda estão praticamente fechadas.
De qualquer forma, o BNDES sempre usou como parâmetro de comparação a Selic. E, com a taxa básica a 10,25%, os juros do banco se aproximaram bastante, mesmo com a TJLP a 6,25%.
Para os membros da equipe econômica, essa decisão, no entanto, será muito mais fácil de ser tomada do que a que trata da mudança da poupança.

MARTELO

A temporada de maio de leilões de arte que começou nesta semana em Nova York, maior evento do calendário de arte mundial, não promete os altos valores de costume. As previsões de vendas foram todas revistas para baixo. As duas semanas de negócios, que trazem arte moderna, impressionista e contemporânea, ocorrem após queda de 35% nos preços no primeiro trimestre, segundo o "Financial Times". Já há previsões de quedas de até 50%. Segundo a Artprice, a Christie's abre hoje 50 lotes de obras impressionistas e modernas esperando alcançar US$ 95 milhões, ante os mais de US$ 147 milhões de 2008. Na última temporada de maio, as vendas totais de arte contemporânea ficaram em US$ 530 milhões. Neste maio, a expectativa é que movimentem US$ 123 milhões. O mercado de arte não escapou das demissões. A Sotheby's disse na última semana que ainda cortaria 5% de sua equipe. A Christie's reduziu 300 vagas em 2008.

PRIMEIRO PASSO
O Banco do Brasil firmou com a incorporadora Brascan sua primeira parceria para financiamento de imóveis pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação). O banco liberou R$ 11 milhões para construção de um condomínio residencial no bairro Tatuapé, em São Paulo. O BB também pretende financiar aos clientes até 80% do valor dos apartamentos, avaliados em R$ 240 mil.

GÁS
Abividro, Abiquim, Abrace e outras quatro entidades solicitaram uma audiência com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Edison Lobão (Minas e Energia) para discutir mudanças na atual política nacional de gás natural, em carta enviada aos ministros no dia 24 de abril.

PLEITO
Segundo Lucien Belmonte, superintendente da Abividro, as entidades querem maior transparência na fixação dos preços do gás pela Petrobras. "As empresas brasileiras estão pagando US$ 11,50 por milhão de BTU de gás, enquanto o mercado internacional cobra US$ 6", afirma.

DE SAÍDA
Luiz Fazzio deixou a presidência da C&A. Seu substituto ainda não foi definido pela empresa.

PARTIDA
A Gillette, da Procter & Gamble, anuncia amanhã, em evento em SP, uma parceria com a seleção brasileira de futebol. Estarão presentes Ricardo Teixeira, da CBF, e o técnico Dunga.

OPINIÃO

O americano Robert Parker, o maior crítico de vinhos do mundo, cujas avaliações são capazes influenciar fortemente os preços da bebida, agradou a produtores de Bordeaux nesta semana. Parker considerou "excelente" a safra de 2008 de Bordeaux, que já era considerada um dos maiores fracassos da década, depois de um verão chuvoso com pouco sol. A caixa do Château Latour subiu de 2.100 para 2.500 libras esterlinas.

COMPETITIVIDADE
Miguel Jorge (Desenvolvimento) se reunirá na sexta, em SP, com representantes do setor automotivo para discutir um programa de competitividade para o setor.

RASTREADO
A Tracker do Brasil fechou com a Stock Car para ser o rastreador oficial do evento.

MÁSCARA
A Wizard Idiomas, que expandiu neste ano sua atuação para o México, cancelou um treinamento com franqueados previsto para o último sábado no país por conta da gripe A (H1N1). O treinamento foi feito por videoconferência. A Wizard tem hoje sete unidades no México e está em processo de abertura de outras três .

ASCENDENTE

O valor de mercado da Petrobras atingiu US$ 137,4 bilhões no início de abril, segundo dados da Bloomberg levantados pelo consultor Adriano Pires (Cbie). Com o resultado, a empresa ficou atrás apenas da ExxonMobil em ranking de valor das petrolíferas de capital aberto. Sem considerar o pré-sal, a Petrobras está em terceiro lugar no ranking de reservas de óleo. "O aumento das reservas da Petrobras refletirá nos preços das ações, permitindo que ela supere, em valor de mercado, a ExxonMobil", diz.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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