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Custa menos dever para o governo do que para o banco
DA REPORTAGEM LOCAL
Dever para o governo sai
mais barato do que para os bancos. E menos oneroso para o futuro operacional de uma empresa do que faltar com o pagamento a fornecedores, que podem cortar o suprimento de insumos, e até para os próprios
funcionários, que podem parar
uma companhia.
Atrasar o pagamento de tributos à Receita custa 0,33% ao
dia sob a forma de multa -limitada ao máximo de 20%, após
61 dias- e mais juros pela taxa
Selic, hoje em 10,25% ao ano.
Uma empresa com débito de
R$ 1 milhão com a Receita em
janeiro do ano passado teria de
pagar R$ 1,356 milhão no final
de abril para regularizar a situação, incluindo a Selic de
15,61% e mais multa de 20%
-custo total de 2,57% ao mês.
Dificilmente uma empresa
com risco de quebrar conseguiria juros em banco de menos de
4,2%, a média da conta garantida à época, segundo o BC.
Para o tributarista Clóvis
Panzarini, além de o sistema de
arrecadação estimular a inadimplência por conta do custo
menor, também incentiva arrastar o débito por prazos longos. Isso porque, em prazos
curtos, a multa pesa mais.
"Sem contar que sempre pode vir uma anistia para dívidas
em atraso. Além de custar menos, ainda "corre" o risco ter um
perdão", disse Panzarini.
Para Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa,
diante de dificuldades pontuais
de caixa, as empresas costumam preservar os pagamentos
a fornecedores, a bancos e a
funcionários, sendo o governo
uma das últimas prioridades.
Tanto que a inadimplência
no sistema financeiro e na Serasa, que inclui também os fornecedores, cresce em ritmo inferior ao dos atrasos com a Receita. Na Serasa, a inadimplência saltou 24% de fevereiro para março, último dado disponível. Nos dados do BC, a alta foi
de 15,7% no capital de giro e de
14,7% na conta garantida.
"A lógica da empresa é vender. Se não vende, não tem receita e deixa de pagar. O que
mexe com o cotidiano operacional é o que ela vai deixar [de
pagar] por último. O governo,
ela pode pagar depois, mesmo
com multa, e a vida continua."
(TONI SCIARRETTA)
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