São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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Custa menos dever para o governo do que para o banco

DA REPORTAGEM LOCAL

Dever para o governo sai mais barato do que para os bancos. E menos oneroso para o futuro operacional de uma empresa do que faltar com o pagamento a fornecedores, que podem cortar o suprimento de insumos, e até para os próprios funcionários, que podem parar uma companhia.
Atrasar o pagamento de tributos à Receita custa 0,33% ao dia sob a forma de multa -limitada ao máximo de 20%, após 61 dias- e mais juros pela taxa Selic, hoje em 10,25% ao ano.
Uma empresa com débito de R$ 1 milhão com a Receita em janeiro do ano passado teria de pagar R$ 1,356 milhão no final de abril para regularizar a situação, incluindo a Selic de 15,61% e mais multa de 20% -custo total de 2,57% ao mês.
Dificilmente uma empresa com risco de quebrar conseguiria juros em banco de menos de 4,2%, a média da conta garantida à época, segundo o BC.
Para o tributarista Clóvis Panzarini, além de o sistema de arrecadação estimular a inadimplência por conta do custo menor, também incentiva arrastar o débito por prazos longos. Isso porque, em prazos curtos, a multa pesa mais.
"Sem contar que sempre pode vir uma anistia para dívidas em atraso. Além de custar menos, ainda "corre" o risco ter um perdão", disse Panzarini.
Para Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa, diante de dificuldades pontuais de caixa, as empresas costumam preservar os pagamentos a fornecedores, a bancos e a funcionários, sendo o governo uma das últimas prioridades.
Tanto que a inadimplência no sistema financeiro e na Serasa, que inclui também os fornecedores, cresce em ritmo inferior ao dos atrasos com a Receita. Na Serasa, a inadimplência saltou 24% de fevereiro para março, último dado disponível. Nos dados do BC, a alta foi de 15,7% no capital de giro e de 14,7% na conta garantida.
"A lógica da empresa é vender. Se não vende, não tem receita e deixa de pagar. O que mexe com o cotidiano operacional é o que ela vai deixar [de pagar] por último. O governo, ela pode pagar depois, mesmo com multa, e a vida continua."
(TONI SCIARRETTA)


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