São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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Itaú reduz lucro com aperto no crédito

Com a crise econômica, financiamentos contribuíram menos para o resultado do banco no primeiro trimestre de 2009

Mais seletivo, banco prevê que inadimplência chegue ao recorde de 6,9% até meados do ano e que só em setembro quadro mude


DA REPORTAGEM LOCAL

Maior banco brasileiro, o Itaú Unibanco reportou ontem queda no lucro no primeiro trimestre do ano, resultado da desaceleração das operações de crédito, do aumento da inadimplência, da redução na atividade econômica e da atuação mais difícil em meio às turbulências nos mercados.
O banco teve lucro líquido de R$ 2,562 bilhões, uma queda de quase 6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando Itaú e Unibanco ainda operavam separadamente e teriam lucrado R$ 2,719 bilhões juntos. O resultado exclui efeitos não recorrentes como a compra de ações da Redecard, efeitos tributários e aumento de provisões para correção de planos econômicos. Com eles, a queda seria maior, de 27,62%.
O balanço vai em linha com o divulgado pelo Bradesco, que teve lucro de R$ 1,723 bilhão -9,6% menos do que no primeiro trimestre de 2008.
Como efeito da crise, o Itaú afirma que diminuiu a demanda dos clientes por novos empréstimos. O banco também admite que foi "mais seletivo" na hora de conceder crédito.
O resultado foi um crescimento de apenas 0,3% da carteira total de crédito, em relação ao quarto trimestre de 2008, que somou R$ 272,7 bilhões. No caso do Bradesco, houve queda de 0,5% na carteira, que ficou em R$ 214,29 bilhões, cifra 0,5%.
A crise também diminuiu a importância do crédito no resultado dos bancos. Segundo Silvio de Carvalho, diretor financeiro do Itaú Unibanco, as operações de crédito costumavam responder por 45% do lucro do banco no ano passado; no primeiro trimestre de 2009, os financiamentos contribuíram com 35% do resultado. No Bradesco, o crédito respondia por 25% do lucro no ano passado; agora, contribuiu com 15%.
"O crescimento do crédito foi relativamente baixo. A atividade econômica implicou menor demanda e também fomos mais seletivos na concessão", disse Silvio de Carvalho, diretor financeiro do banco.

Inadimplência
Maior preocupação dos bancos, a inadimplência subiu de 4,8% para 5,6% da carteira de crédito de dezembro para março. O maior aumento foi das pequenas e médias empresas, que saltou de 1,7% para 2,5%. No segmento de pessoa física, saltou de 8,1% para 9,8%.
A expectativa do banco é que a inadimplência continue subindo e chegue o recorde de 6,9% no início do segundo semestre. O Itaú só vê o recuo na inadimplência a partir de setembro, com o reaquecimento da economia. Para o ano, o banco trabalha com crescimento zero para o PIB.
O lucro do Itaú Unibanco também foi afetado pelo aumento das provisões para devedores duvidosos. A despesa com provisões totalizou R$ 4,373 bilhões no primeiro trimestre, aumento de 27,5% acima da feita até dezembro. O impacto só não foi maior porque o banco consumiu R$ 539 milhões em provisões adicionais, que já tinham sido feitas no fim do ano passado.
O resultado do Itaú Unibanco também foi reforçado pelos ganhos da tesouraria, uma das melhores posicionadas para trabalhar em períodos de turbulência nos mercados. Nas operações com o mercado, o Itaú teve ganho de R$ 1,207 bilhão, 143% mais do que no mesmo período de 2008.
"Tivemos uma presença importante nas poucas operações do mercado nesse primeiro trimestre. Até por conta da nossa posição de liquidez, acabamos tendo ganhos nesse mercado", disse Carvalho.
Para 2009, o Itaú manteve a previsão de crescimento de 10% a 15% nas operações de crédito, sendo de pouco mais de 17% para os financiamentos a médias e pequenas empresas.
(TONI SCIARRETTA)


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