Juro cobrado entre bancos fica abaixo de 1% pela 1ª vez, mostrando volta da confiança

Fixada em Londres, a Libor serve como referência para empréstimos no setor imobiliário e remuneração de títulos em todo o mundo

DA REDAÇÃO

A taxa de juros interbancária -cobrada pelos bancos nos empréstimos para outras instituições financeiras- caiu para níveis recordes ontem em Londres, em um sinal de que o mercado de crédito está ganhando fluidez.
No mercado interbancário londrino, a taxa básica para empréstimos de três meses em dólar ficou abaixo de 1% pela primeira vez na história -o último recorde foi registrado em junho de 2003, quando chegou ao patamar de 1%.
A queda na chamada Libor, cobrada pelos bancos londrinos, indica maior vigor nos mercados financeiros e sugere uma retomada na confiança por parte dos investidores. A Libor serve de base para a maior parte dos empréstimos internacionais.
Essa confiança também se reflete na alta do mercado de capitais, que opera a um nível cerca de 20% acima do que operava em março, em um sinal de que o pior da crise pode ter ficado para trás.
Don Smith, economista da corretora britânica Icap, vê indícios de melhora. "As condições estão melhorando, com sinais de confiança voltando ao mercado." Mas, em sua avaliação, ainda é grande a distância em relação aos tempos pré-crise. "Temos que lembrar que não estamos de nenhum modo perto de alcançar os níveis de atividade que tínhamos antes de estourar a crise de crédito [em setembro]. Estamos ainda em um deserto", afirmou.

Queda constante
A taxa Libor para empréstimos de três meses, que saltou para 4,82% após a concordata do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em setembro passado, vem caindo de forma regular neste ano. A queda é impulsionada pela redução para quase zero dos juros nos Estados Unidos e pelos programas de estímulo econômico e de salvamento dos bancos que apresentam maior dificuldade diante da crise financeira.
A queda no custo da Libor -fixada pela associação dos bancos britânica- é importante, uma vez que baliza as taxas para bilhões em empréstimos para o setor imobiliário e títulos corporativos. De acordo com a Bloomberg, a taxa determina o custo de empréstimos no valor de cerca de US$ 360 bilhões.
A taxa Libor para empréstimos em dólar por três meses foi fixada ontem em 0,98%; já para os empréstimos em euro, ficou em 1,34% e, para a libra esterlina, em 1,43%.