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Montadora chinesa busca engenheiro no Japão
Objetivo é produzir veículos menos poluentes para ganhar mercado na Europa e nos Estados Unidos
MAKIKO KITAMURA
YUKI HAGIWARA
DA BLOOMBERG
Em um esforço para aumentar suas exportações, as montadoras chinesas estão importando engenheiros do Japão.
Fabricar carros menos poluentes é essencial para cumprir a meta governamental de
ampliar as exportações de veículos e autopeças a US$ 85 bilhões anuais até 2015, ante os
pelo menos US$ 19 bilhões do
ano passado.
"A regulamentação das emissões é especialmente severa na
Europa", disse Wang Wenjun,
que comanda um centro de recrutamento de pessoal e pesquisa na Jianghui Auto, a maior
exportadora chinesa de veículos comerciais leves. "O que
realmente precisamos é de pessoas que nos ajudem com tecnologias ambientais."
Hiromasa Tori, 65, é uma
dessas pessoas. Engenheiro automobilístico japonês aposentado, ele ajudava engenheiros
chineses a selecionar materiais
e a experimentar diferentes
técnicas de construção a fim de
reduzir o peso dos veículos, e
recebia até US$ 10,7 mil ao mês.
"Até há quatro ou cinco anos,
as montadoras chinesas eram
conhecidas apenas por sua capacidade de copiar o design de
marcas estrangeiras, mas as
coisas mudaram", disse Tori.
"Hoje em dia, elas desejam a
mais avançada tecnologia."
Desde que a montadora Jianghui Auto começou a cortejar
engenheiros japoneses, em
2006, algumas dezenas deles se
transferiram à China. De seus
engenheiros estrangeiros, cerca de 80% são japoneses.
A concorrente Changan tem
um centro de pesquisa em Yokohama e realizou duas rodadas de recrutamento no Japão,
em 2009. A montadora tem sete engenheiros japoneses trabalhando na China.
Emissões
A União Europeia tem uma
meta de redução de 20% nas
emissões de gases causadores
do efeito estufa até o final da
década, ante os níveis de 1990, e
começará a introduzir limites à
emissão de dióxido de carbono
por automóveis a partir de
2012. A Califórnia vai exigir que
3% dos veículos vendidos durante o período de três anos
que começa em 2012 sejam carros de emissão zero.
"Muita gente me pergunta se
conheço algum especialista em
metais raros", diz Kiyoshi Kondo, 73, engenheiro aposentado
da Isuzu Motor, uma fabricante
japonesa de caminhões. Os metais raros são usados para ajudar a transformar os gases de
escapamento em compostos
menos poluentes.
A BYD, montadora chinesa
na qual Warren Buffett tem
participação acionária, começou a vender seu modelo
F3DM, um híbrido que pode
ser reabastecido na tomada, a
consumidores individuais e informou que lançará carros elétricos nos Estados Unidos neste ano e na Europa em 2011.
Mais qualidade
"A qualidade dos carros produzidos pelas montadoras chinesas melhorou imensamente", disse Takeshi Uchimayada,
vice-presidente executivo da
Toyota. "A velocidade desse
progresso é alta."
A concorrência pelas vendas
nacionais de híbridos e veículos
elétricos também pode se
aquecer depois que o governo
da China anunciar os esperados subsídios a carros menos
poluentes, neste ano.
A GM já anunciou que planeja vender seu modelo elétrico
Chevrolet Volt na China a partir de 2011, e a Toyota informou
que havia começado a vender
no mercado chinês uma versão
híbrida do sedan Camry.
Os esforços das montadoras
de automóveis chinesas para
aprender com os engenheiros
japoneses levaram Tóquio a expressar preocupação com vazamentos de conhecimento, disse
Akira Watanabe, da Associação
Automotiva China-Japão.
Segundo ele, os engenheiros
são muitas vezes instruídos a
ajudar na cópia do design dos
carros japoneses. Outros foram
solicitados a revelar segredos
de tecnologia.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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