São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2010

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Montadora chinesa busca engenheiro no Japão

Objetivo é produzir veículos menos poluentes para ganhar mercado na Europa e nos Estados Unidos

MAKIKO KITAMURA
YUKI HAGIWARA
DA BLOOMBERG

Em um esforço para aumentar suas exportações, as montadoras chinesas estão importando engenheiros do Japão.
Fabricar carros menos poluentes é essencial para cumprir a meta governamental de ampliar as exportações de veículos e autopeças a US$ 85 bilhões anuais até 2015, ante os pelo menos US$ 19 bilhões do ano passado.
"A regulamentação das emissões é especialmente severa na Europa", disse Wang Wenjun, que comanda um centro de recrutamento de pessoal e pesquisa na Jianghui Auto, a maior exportadora chinesa de veículos comerciais leves. "O que realmente precisamos é de pessoas que nos ajudem com tecnologias ambientais."
Hiromasa Tori, 65, é uma dessas pessoas. Engenheiro automobilístico japonês aposentado, ele ajudava engenheiros chineses a selecionar materiais e a experimentar diferentes técnicas de construção a fim de reduzir o peso dos veículos, e recebia até US$ 10,7 mil ao mês.
"Até há quatro ou cinco anos, as montadoras chinesas eram conhecidas apenas por sua capacidade de copiar o design de marcas estrangeiras, mas as coisas mudaram", disse Tori. "Hoje em dia, elas desejam a mais avançada tecnologia."
Desde que a montadora Jianghui Auto começou a cortejar engenheiros japoneses, em 2006, algumas dezenas deles se transferiram à China. De seus engenheiros estrangeiros, cerca de 80% são japoneses.
A concorrente Changan tem um centro de pesquisa em Yokohama e realizou duas rodadas de recrutamento no Japão, em 2009. A montadora tem sete engenheiros japoneses trabalhando na China.

Emissões
A União Europeia tem uma meta de redução de 20% nas emissões de gases causadores do efeito estufa até o final da década, ante os níveis de 1990, e começará a introduzir limites à emissão de dióxido de carbono por automóveis a partir de 2012. A Califórnia vai exigir que 3% dos veículos vendidos durante o período de três anos que começa em 2012 sejam carros de emissão zero.
"Muita gente me pergunta se conheço algum especialista em metais raros", diz Kiyoshi Kondo, 73, engenheiro aposentado da Isuzu Motor, uma fabricante japonesa de caminhões. Os metais raros são usados para ajudar a transformar os gases de escapamento em compostos menos poluentes.
A BYD, montadora chinesa na qual Warren Buffett tem participação acionária, começou a vender seu modelo F3DM, um híbrido que pode ser reabastecido na tomada, a consumidores individuais e informou que lançará carros elétricos nos Estados Unidos neste ano e na Europa em 2011.

Mais qualidade
"A qualidade dos carros produzidos pelas montadoras chinesas melhorou imensamente", disse Takeshi Uchimayada, vice-presidente executivo da Toyota. "A velocidade desse progresso é alta."
A concorrência pelas vendas nacionais de híbridos e veículos elétricos também pode se aquecer depois que o governo da China anunciar os esperados subsídios a carros menos poluentes, neste ano.
A GM já anunciou que planeja vender seu modelo elétrico Chevrolet Volt na China a partir de 2011, e a Toyota informou que havia começado a vender no mercado chinês uma versão híbrida do sedan Camry.
Os esforços das montadoras de automóveis chinesas para aprender com os engenheiros japoneses levaram Tóquio a expressar preocupação com vazamentos de conhecimento, disse Akira Watanabe, da Associação Automotiva China-Japão.
Segundo ele, os engenheiros são muitas vezes instruídos a ajudar na cópia do design dos carros japoneses. Outros foram solicitados a revelar segredos de tecnologia.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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