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ESTAGNAÇÃO
Instituto baixa de 1,8% para 1,6% estimativa de avanço do PIB; emprego, renda e investimentos devem piorar
Ipea reduz previsão de crescimento no ano
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão do
Ministério do Planejamento, reviu sua previsão de crescimento
da economia brasileira neste ano
de 1,8% em março para 1,6%, de
acordo com seu "Boletim de Conjuntura", divulgado ontem. Os
comportamentos do emprego e
da renda e dos investimentos foram ajustados para pior.
Segundo o economista Paulo
Levy, coordenador do Grupo de
Acompanhamento Conjuntural
do órgão, a revisão da projeção do
PIB (Produto Interno Bruto) foi
determinada pelo desempenho
do trimestre em curso (abril a junho), que deverá ser inferior ao
esperado, especialmente por causa do comportamento da indústria. Para 2004, o Ipea reviu o crescimento econômico para cima
-de 2,8% na previsão de março
para 3% agora.
No trimestre de abril a junho, o
Ipea prevê que a economia crescerá apenas 0,7% (previa 1,3% em
março) em relação ao mesmo trimestre do ano passado e que encolherá 0,8% em relação ao trimestre anterior (mais 0,1% em
março), a segunda queda seguida
nessa forma de comparação.
Recessão, não
Levy disse que não dá para dizer
que duas quedas seguidas irão
configurar recessão, como é classicamente considerado, porque a
queda do primeiro trimestre de
2003 em relação ao último de
2002, já constatada (0,1%), é muito pequena e poderá ser corrigida
posteriormente.
"Se você disser qual é a diferença de menos 0,1% para zero ou para mais 0,1%", ponderou.
O Ipea prevê que no segundo semestre deste ano haverá redução
gradual da taxa de juros e um relaxamento do crédito na economia,
estimulando o consumo das famílias que, ainda assim, crescerá
apenas 0,2% no ano.
Mesmo com esse baixo incremento, segundo Levy, o consumo
será o principal suporte do crescimento econômico na segunda
metade do ano (crescerá 1,4% no
terceiro trimestre e 3,3% no quarto sobre o mesmo período do ano
anterior), embora no conjunto de
2003 as exportações ainda devam
ser o principal fator de crescimento do PIB.
Maior consumo
"Programas como o Fome Zero
[renda mínima] vão ter alguma
influência no segundo semestre,
aumentando as transferências governamentais, mas o crescimento
do consumo virá mais do relaxamento das condições de crédito e
da redução da taxa de juros", afirmou Levy.
Mesmo apontando para uma
melhoria no consumo, o Ipea está
prevendo mais desemprego e menos renda neste ano. Os números
usados no boletim ainda são baseados na metodologia de cálculo
antiga do IBGE, modificada em
dezembro do ano passado. Segundo Levy, o uso da metodologia antiga é para permitir comparabilidade com o passado.
Pelo método antigo, o IBGE
prevê que o desemprego fechará
2003 em 7,5% (7,2% em março) e
que a renda cairá 2,2% (em março
a previsão era de aumento de
1,2%). Pelo método atual do IBGE, o desemprego mensal está em
12,4% (dado de abril).
Inflação e juros
Embora considere que os indicadores de tendência de inflação
permanecem "relativamente elevados", o Ipea informa que a valorização do real em relação ao dólar norte-americano ocorrida nos
últimos meses tende a favorecer a
queda mais rápida da inflação.
O órgão reviu sua previsão do
IPCA (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo) para este
ano de 12,6% para 11,5%. Com a
inflação caindo mais depressa, o
Ipea avalia que a taxa de juros básica (Selic) poderá também ser reduzida mais rapidamente.
No boletim deste mês, a estimativa da taxa de juros média para
este ano é de 24,6% -em março,
era de 25,2%. O Ipea prevê também que na média dos últimos
três meses deste ano os juros básicos estarão em 22,5% -em março, a previsão era de 23,5%.
A expectativa de desempenho
dos investimentos feita pelo Ipea
é que piorou sensivelmente. Em
março, o órgão previa que os investimentos cresceriam 1,5% neste ano em relação a 2002. Agora, a
estimativa é que cresçam apenas
0,7%. Para 2004, a estimativa de
crescimento foi revista para menos -de 5,1% para 3,6%.
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